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Precarização da educação: Bolsonaro vai ampliar o ensino à distância

O candidato a presidência, Jair Bolsonaro, defende em seu plano de governo várias atrocidades contra a classe trabalhadora. Projetos que vão desde a total privatização de empresas estatais vitais para o funcionamento do país até a questão da criação de uma nova carteira de trabalho, que não dará ao contratado nenhum dos direitos da CLT. Uma outra dessas atrocidades que encontra-se pautada no plano de governo do candidato é a introdução do Ensino à distância para todos os níveis escolares, do fundamental até o superior.

O ensino à distância é utilizado hoje para alunos do ensino superior que tem dificuldades em adequar os horários dos cursos presenciais à sua agenda, tornando-os mais flexíveis. Porém, a falta de um professor presente é comumente considerada um problema. Sem dar detalhes de como o faria e sem apresentar nada concreto, Bolsonaro deixa em aberto o projeto, podendo manipulá-lo de qualquer forma que queira. Cabe ressaltar que a Educação à Distância é uma área majoritariamente controlada pela iniciativa privada, estando o aumento dessa modalidade de ensino em consonância com a perspectiva privatista que Bolsonaro tem para a educação brasileira.

Precarização e combate ao ensino

Em entrevista ao jornal O Globo, Bolsonaro defendeu o ensino à distância desde o ensino fundamental e, através disso, baratear os custos do ensino. Sem as estruturas físicas das escolas e todos os custos envolvidos (materiais, cadeiras, mesas, merenda), os gastos seriam menores e não seriam um ônus ao estado. Bolsonaro não leva em consideração o fato de milhões de crianças encontrarem na escola seu espaço de socialização, processo extremamente importante para o desenvolvimento e aprendizagem. É nesse processo que as crianças e adolescentes aprendem a negociação com os pares, a convivência com pessoas e ideias diferentes, respeitarem as diferenças, etc. Além disso, é no ensino fundamental que se inicia o processo de alfabetização, o qual não teria um acompanhamento adequado se realizado na modalidade à distância. A falta de acompanhamento é, inclusive, a principal crítica à educação, sendo a interação entre professor e aluno extremamente limitada.

Além dos processos de socialização e convivência aprendidos na escola, o projeto não leva em consideração a questão da alimentação. Muitas crianças de famílias carentes vão à escola contando com a merenda, que algumas vezes é a única refeição que elas farão no dia. Alguns casos são tão críticos, que em novembro do ano passado, uma criança de 8 anos desmaiou de fome em uma escola do Distrito Federal. Além das questões voltadas para as crianças e adolescentes, ainda encontramos os problemas dos profissionais que atuam nas escolas. Sem a presença de professores e com o fechamento de várias escolas, os níveis de desemprego professoral atingiriam níveis alarmantes.

Durante a entrevista, Bolsonaro afirma: "Conversei muito sobre ensino à distância. Me disseram que ajuda a combater o marxismo", exibindo o verdadeiro caráter da proposta. O fechamento das escolas e introdução do Ensino à Distância é, na verdade, uma tentativa de combater a “doutrinação marxista” que o candidato afirma ocorrer nas escolas públicas do país. Porém, a escola reproduz as ideias das classes dominantes e no EAD não seria diferente. Mais que isso, a educação a distância está majoritariamente nas mãos da iniciativa privada. O verdadeiro objetivo de Bolsonaro, ao propor a ampliação do EAD é enriquecer um punhado de parasitas que controlam este segmento, os chamados "tubarões da educação", tais como o grupo Kroton.


Em defesa da escola pública de qualidade

O plano para a educação proposto por Jair Bolsonaro não apresenta mudanças positivas e sim um retrocesso. Muitas famílias teriam que ter um dos pais presentes diariamente no ambiente doméstico para acompanhar os filhos durante as aulas. As mulheres, que já enfrentam uma jornada dupla de trabalho, dentro e fora de casa, seriam levadas a abandonarem os empregos para desempenharem mais esta função, retirando delas a independência financeira. E nos casos onde as mulheres são responsáveis pelo lar houve um aumento de 23% para 40% nos anos de 1995 para 2015, de acordo com informações da pesquisa “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”. As mulheres, portanto, serão forçadas a escolher entre acompanhar o ensino de seus filhos ou prover o sustento para os mesmos.

A população deve se unir contra um plano tão retrógrado e lutar pelo aumento no número de vagas e escolas, além de melhorias estruturais na qualidade do ensino público brasileiro, já defasado e precarizado por anos de investimentos pífios. A educação pública, gratuita e de qualidade é um direito histórico da classe trabalhadora e deve ser defendida com unhas e dentes.

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