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Lutar contra os monopólios e capital financeiro que controlam a agricultura brasileira

A Reforma Agrária é uma necessidade para os que pensam o desenvolvimento brasileiro. As razões são muitas. É impossível propiciar condições dignas de vida à maioria de nossa população sem acabar com o latifúndio. A concentração da terra e a exclusão camponesa – sendo o êxodo rural desordenado uma de suas mais perversas consequências – estão na raiz, na causa estrutural da situação de miséria que desgraça milhões de lares brasileiros.

E pensar a Reforma Agrária implica em analisar que é preciso dar um basta à dominação de grandes monopólios que obtêm enorme lucratividade, tal como acontece com os seguintes setores da agricultura: colheitadeiras, tratores, equipamentos agrícolas, genética (de aves, suínos e bovinos), sementes, fertilizantes, suprimentos para nutrição animal, agrotóxicos etc., além do processamento, exportação, financiamento e o varejo alimentar. Estes setores são controlados por poucas empresas estrangeiras, que possuem sede nos seguintes países imperialistas: Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, além de Holanda, China e Noruega.

O agronegócio latifundiário vive um círculo vicioso combinado de esgotamento tecnológico, multiplicação de pragas (fruto das monoculturas), destruição ambiental, desequilíbrio hídrico, aumento de custos, controle monopolístico dos insumos e das tecnologias, insumos externos dependentes do petróleo e sistemas tecnológicos rígidos ou de baixa flexibilidade.

Já os sistemas camponeses de produção, por outro lado, são mais aptos e mais flexíveis para incorporar tecnologias ambientalmente sustentáveis, através das múltiplas possibilidades de rotação de culturas, sistemas integrados de policultivos, combinação de produção vegetal com produção animal, sistemas agroflorestais, redução da dependência de insumos externos, utilização de mecanização leve e multifuncional, com as devidas multiplicações de benefícios advindos do aumento da biodiversidade que este modelo de produção agrícola e pecuário propicia.

 


Lutar contra o monopólio privado da terra

 


O que temos visto no campo são os processos de aquisições e fusões de empresas estrangeiras, como foi o caso da aquisição da gigante Monsanto pela alemã Bayer, e da Reynolds pela inglesa British American Tobacco (BAT). No Brasil, a BAT é proprietária da, anteriormente brasileira, Souza Cruz.

Precisamos ampliar a consciência ambiental da sociedade de modo a substituir o agronegócio latifundiário por sistemas de produção camponesa agroecológicos, o que implica, necessariamente, na realização de uma ampla Reforma Agrária no Brasil.

Travar esta luta significa lutar contra a indústria de colheitadeiras, por exemplo, que é 100% controlada por apenas três empresas (AGCO Corporation, John Deere e CNH – Case New Holland), que por sua vez controlam 94% do mercado de tratores, parte significativa da indústria de equipamentos para a agricultura, além de atuarem no financiamento agrícola. Embora produzam a maior parte das máquinas e equipamentos em território brasileiro, através da exploração da força de trabalho de brasileiros, que é mais barata, a pesquisa e a tecnologia são desenvolvidas nos países onde estas empresas possuem sede para, posteriormente, serem vendidas a alto custo para suas filiais localizadas no Brasil.

Num país com tanta terra disponível, não se encontrará meio melhor de geração de postos de trabalho, inclusive urbanos, com a dinamização do consumo, do que através da Reforma Agrária, organizada e planejada, que servirá também para a reorganização urbana que o País precisa, eliminando a pressão do êxodo rural sobre os grandes centros urbanos e criando novas cidades onde hoje existem vazios demográficos por imposição da concentração da propriedade da terra.

Pensar a reforma agrária, todavia, é pensar em combater a genética de aves que é 100% controlada por apenas duas empresas, com sede nos Estados Unidos (a Cobb-Vantress e a Aviagen/Ross) que submetem todas as cooperativas e empresas nacionais através da tecnologia; em combater o setor de agrotóxicos e sementes e biotecnologia, sob o controle de empresas como Bayer, Basf, Dow/Dupont, Nidera, ChemChina e Limagrain. Lamentavelmente, diversas empresas nacionais, que atuam no ramo de sementes, reproduzem ou compram a tecnologia das estrangeiras e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que já foi a principal no desenvolvimento de cultivo de soja para o país todo, atualmente tem pouca relevância.

É importante ressaltar que o custo com sementes, considerando-se a lógica imperialista de dominação através da demanda do uso de agrotóxicos exclusivos das próprias fabricantes – por meio da transgenia, também chamadas de biotecnologias - chega a responder por 50% do valor de uma lavoura de milho safrinha no Centro-Oeste brasileiro. Afinal, a plantação por vezes se dá à meia, ou seja, metade dos hectares para o dono da terra e outra metade para a Monsanto (atualmente Bayer), por exemplo. Isto também ocorre com outras sementes.

 


Contra a violência rural revolução agrária

 


A violência rural precisa ser enfrentada pelo conjunto dos trabalhadores (cidade e do campo), pois massacra dezenas de trabalhadores ano após ano, enquanto os latifundiários (autores dos massacres) permanecem livres para exercer a opressão e o extermínio, acobertados por seus comparsas no legislativo, executivo e judiciário.

Os capitalistas internacionais que exercem seu domínio no campo e na cidade, para manterem seus lucros, não têm limites e exigem do governo Temer que amplie a exploração ao menor custo possível. Neste sentido, foi aprovada a Reforma Trabalhista e outras tantas leis, que dia após dia retiram mais e mais direitos dos trabalhadores brasileiros.  

Colocar em pauta a distribuição de terra no Brasil é mexer em vespeiro, porque as estruturas sociais no campo são de extrema concentração de riqueza nas mãos de poucos, o que, por si só, já é uma violência. Quem exerce a dominação e tem como plano escravizar os trabalhadores brasileiros não abrirá mão deste privilégio, ainda mais que são sustentados pelos sistemas judiciário, legislativo e administrativo.

Reforma Agrária acompanhada de desenvolvimento cooperativo e das mais variadas formas de produção camponesa familiar são alicerces para um futuro. Mais que manter-se atual, a Reforma Agrária é uma necessidade. A bem verdade, é preciso fazer-se uma urgente revolução agrária, expropriando o latifúndio e a terra trabalhada sob o controle dos pobres do campo com garantias e incentivos do Estado. Mas, para isto, é preciso urgentemente unir os trabalhadores da cidade e do campo pela tomada do poder político.


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