• Entrar
logo

Ataque imperialista contra a Síria

No dia 13 de abril de 2018, os Estados Unidos, em coalização com a França e Inglaterra, lançaram um pesado bombardeio à Síria, região que está em guerra civil já há sete anos. Em pronunciamento, o presidente estadunidense, Donald Trump, afirmou que o bombardeio foi uma resposta a um hipotético ataque comandado pelo governo sírio de Bashar al-Assad.

No dia 13 de abril de 2018, os Estados Unidos, em coalização com a França e Inglaterra, lançaram um pesado bombardeio à Síria, região que está em guerra civil já há sete anos. Em pronunciamento, o presidente estadunidense, Donald Trump, afirmou que o bombardeio foi uma resposta a um hipotético ataque comandado pelo governo sírio de Bashar al-Assad, no último dia 07, que supostamente teria feito uso de armas químicas contra a própria população civil síria. O regime sírio nega tal acusação. O uso de armas químicas é proibido por convenções da ONU, o que é no mínimo irônico, uma vez que no Vietnam, os Estados Unidos não se furtaram em momento algum de utilizar este tipo de armamento.

Segundo a emissora televisiva estatal Síria, o sistema antimísseis do seu país foi capaz de derrubar 13 dos pelo menos 59 mísseis lançados pelos EUA, França e Inglaterra. Não foi o suficiente. O cenário de destruição em Damasco é prova disso, a exemplo das inúmeras explosões e grandes colunas de fumaça que foram ouvidas e vistas na capital síria, na noite do dia 13. Entre os alvos estão a Guarda Republicana e a 4ª Divisão, unidades de elite do Exército sírio. Porém, como sempre ocorre nos ataques imperialistas, a sociedade civil também tem sofrido baixas.

Na verdade, esse tipo de ataque não carrega consigo nenhum “cuidado humanitário” – não se trata de nenhum combate ao terrorismo, tampouco às armas químicas. Não é coincidência o gigantesco número de guerras no Oriente Médio que ocorreram no último e no atual século. Os imperialistas dos Estados Unidos e sua avidez por lucros moveram ataques à Palestina (através de Israel), ao Iraque, Afeganistão, dentre outros. A bola da vez é a Síria.

Dentre os reais motivos para o ataque, destaca-se a disputa pelo transporte e a exploração de gás e petróleo na região, barragem de uma aliança econômica que envolve o Oriente Médio, Rússia, China e Europa, a chamada “Nova Rota da Seda” e o aumento do controle de Israel, aliado do imperialismo, no Oriente Médio. Logo, as desculpas recorrentes de infração aos direitos humanos não passam de fraseologia dos imperialistas para perpetrar os terrores da guerra onde tenham interesses econômicos. Como sempre, o que move a destruição imperialista é a busca por lucros. Dessa vez trata-se de mais uma desesperada tentativa de conter a queda da taxa de lucros, que está em ascendente desde a deflagração da crise econômica mundial, iniciada em 2008.


Repercussão internacional aos ataques à Síria


Se, por um lado, o ataque à Síria é positivo economicamente aos imperialistas, por outro, ele afeta os interesses econômicos de outras nações, principalmente as envolvidas na Nova Rota da Seda.

A ministra das Relações Exteriores chinesa, Hua Chunying, afirmou que “qualquer ação militar unilateral que passa por cima do Conselho de Segurança é contrária ao propósito e aos princípios das Nações Unidas, viola os princípios do direito internacional e as regras básicas de relações internacionais, e vai piorar o conflito sírio”. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que “com as suas ações, os EUA pioram ainda mais a catástrofe humanitária na Síria. Eles levam sofrimento para a população civil, e de fato, toleram os terroristas que torturam há sete anos o povo sírio”.

Aliados regionais do governo sírio também manifestaram sua indignação. O porta-voz da chancelaria do Irã afirmou que “os EUA e seus aliados, sem qualquer aviso e antes de uma posição da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), realizou esta ação militar e será responsável pelas consequências regionais desta aventura”. O grupo Hezbollah declarou que houve uma traiçoeira agressão tripartite americana-britânica-francesa contra a irmã Síria.

Por outro lado, os aliados dos Estados Unidos assumiram apoio à ação. A primeira-ministra britânica, Theresa May,  afirmou que todos os canais diplomáticos haviam se esgotado antes da Inglaterra participar dos ataques. Disse também que o ataque foi limitado, direcionado e eficaz para garantir que o governo de Assad pare de fabricar armas químicas. Julie Bishop, ministra das relações exteriores da Austrália, afirmou que “(O ataque) mandou uma mensagem inequívoca para o regime de Assad e seus aliados, Rússia e Irã, que o uso de armas químicas não será tolerado”.

Angela Merkel, chanceler alemã, afirmou: “apoiamos o fato de que nossos aliados americanos, britânicos e franceses (...) assumiram suas responsabilidades. A intervenção militar era necessária e apropriada”. Por sua vez, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que “o uso de armas químicas é extremamente desumano e nosso país não pode consentir seu uso ou disseminação. Por isso, meu governo apoia os EUA, Reino Unido e França”.

Como se percebe, o circo para um conflito ainda maior está armado. Tal qual ocorrido na primeira e na segunda guerra imperialista mundial, vão se conformando dois grandes grupos de nações, que se agridem verbal e diplomaticamente. Em contraparte, em um campo teoricamente isolado, estes países começam a executar também agressões de tipo militar. Estamos assistindo à configuração de um violento conflito de largas proporções.



Guerras para salvar os capitalistas


As duas guerras mundiais imperialistas do Século XX ocorreram em um cenário econômico muito semelhante ao atual. O mundo estava em uma crise de superprodução, a taxa de lucro dos grandes capitalistas estava em franca decadência. As duas guerras levaram à destruição das forças produtivas, com o ciclo econômico se reiniciando a partir de uma política de terra arrasada. Armas químicas, bombas nucleares, mortes, destruição de cidades inteiras etc., fizeram parte da ação e do resultado de tais guerras. Nada disso, entretanto, importa aos imperialistas se for assegurada uma retomada “saudável” de suas taxas de lucros.

Ora, se a guerra diz respeito apenas às pretensões de aumento de lucros, no que ela pode interessar ao proletariado? Para esta classe, que já é o extrato mais explorado no capitalismo, uma guerra imperialista nada pode trazer de bom. Os capitalistas jogarão novamente com a tentativa de criar um espírito nacionalista quando este for necessário para levar as massas proletárias à guerra contra outras potências imperialistas. Mas, tal qual afirmou Karl Marx e Friedrich Engels na obra “O Manifesto do Partido Comunista”, a classe operária não tem pátria. A lógica de sua exploração é a mesma. Afinal, o modo de produção capitalista é o mesmo no mundo inteiro. A participação do proletariado em uma guerra nesses moldes será apenas de “peões”, movidos pelos interesses do capitalismo.

Portanto, há apenas uma guerra que deve ser movida pelo proletariado mundial: a guerra contra as classes possuidoras, para a destruição do sistema capitalista e pela criação de um sistema em que a exploração do homem pelo homem não seja seu cerne e em que a liberdade e a igualdade entre os homens sejam reais. A luta da classe proletária deve ser pelo socialismo.


Notícias relacionandas


Topo