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Economia informal e desemprego em 2018

Conforme vem denunciando o jornal Gazeta Operária, o partido da imprensa golpista (PIG), em conchavo com o governo golpista de Michel Temer, vem alardeando dados duvidosos sobre a recuperação econômica do Brasil. Fala-se de um suposto recobramento econômico nacional, demonstrando percentuais mínimos (que às vezes nem é coberto pela margem de erro das pesquisas), como se o governo, representante da política imperialista, tivesse sendo uma “tábua de salvação” à economia brasileira.

Porém, mesmo com esse tipo de farsa, há limites claros que nem o PIG pode negar. São milhões de brasileiros desempregados. Até mesmo as conquistas realizadas durante os governos do PT, por menores que tenham sido (nada mais do que apenas migalhas caídas da mesa do imperialismo), estão indo pelo “ralo”.

Assim, os próprios portais de notícias, representantes da burguesia, como o jornal O Globo, não puderam deixar de entrar num contrassenso que beira ao ridículo: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo com toda essa “recuperação econômica”, a taxa de desemprego chegou a 12,2% em janeiro de 2018, superando o trimestre anterior, em que o desemprego foi de 11,7%.

Segundo o relatório do IBGE, os índices de desemprego que vinham em queda durante todo o ano de 2017, só não permaneceram assim por motivos estritamente sazonais. Em janeiro, após o natal, é o mês que muitas lojas e empresas dispensam os trabalhadores contratados para o período de festas e, consequentemente, há um aumento no número de desempregados.

A verdade é que assim como no período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), há um esforço estatal, continuado pela PIG em troca de privilégios, em tentar passar à população uma imagem de estabilidade financeira e crescimento econômico. Se no período anterior, a política econômica do governo militar, que aumentou exponencialmente a dívida internacional do Brasil por meio da injeção de dinheiro podre na economia, baseado na exportação de capitais, ficou conhecida como “milagre econômico”, há agora um esforço hercúleo para apresentar Temer, o governo que mais retirou direitos da classe trabalhadora na história do Brasil, como o “salvador” da economia.


Manipulação dos números sobre o desemprego no Brasil


Para demonstrar este suposto crescimento econômico, o PIG recorre a números, pesquisas e dados de institutos supostamente sérios e imparciais. Porém, esses dados quase sempre não correspondem à realidade objetiva.

A primeira demonstração deste fato são os próprios dados do desemprego. Como dito, é muito fácil falar do crescimento do número de pessoas empregadas no último trimestre do ano, com um aumento exponencial no número de vagas de emprego sazonal, ou seja, pessoas contratadas para trabalhar apenas no período de festas de fim de ano. Ora, se um número gigantesco de trabalhadores é contratado apenas para um período específico, sem nenhum direito ou estabilidade no emprego, por que eles entram nos dados estatísticos como empregados, nos mesmos moldes de trabalhadores com empregos que possuem essas características? Segundo o próprio IBGE, houve uma redução de 0,5% do número de empregados por causa dessa sazonalidade dos empregos no fim de ano. Considerando a População Economicamente Ativa brasileira (população em idade de trabalhar) em 160 milhões de pessoas, o número de pessoas que perdem os empregos após as festas de fim de ano atingem a casa de 800 mil.

Além disso, de acordo com esta mesma pesquisa, esse desemprego em 12,2% da população brasileira considera e conta como “empregados” os trabalhadores informais e os microempreendedores. Ou seja, pessoas que assim como os trabalhadores sazonais da época das festas de final de ano, não possuem nenhuma garantia no emprego. Na menor oscilação da economia, voltam a se tornar desempregados.

De acordo com o levantamento, a população ocupada aumentou em mais de 1,8 milhões de pessoas em relação a janeiro do ano passado, mas isso baseado principalmente no crescimento do trabalho informal. Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, “As políticas (do governo federal) ainda não foram eficientes para gerar postos com carteira de trabalho assinada. No paralelo disso, você vê a informalidade crescendo em nível recorde”.

Nenhuma novidade. Um governo que transformou em letra morta as leis trabalhistas e botou fogo nas carteiras de trabalho não aumentaria o número de empregados com carteira assinada. Dessa forma, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018, houve 986 mil novos trabalhadores por conta própria, 581 mil novos empregos sem carteira assinada, 267 mil novos trabalhadores domésticos, 79 mil pessoas trabalhando como auxiliares de familiares e uma redução de 562 mil vagas de carteira assinada no setor privado. Segundo o próprio Azeredo, apenas 317 mil postos de trabalho criados podem ser considerados efetivamente formais, que foram as contratações do serviço público.


Economia brasileira é bucha de canhão


Com tamanha evidência do fim de empregos formais, crescimento do emprego informal e também aumento da taxa de desemprego em janeiro de 2018, a realidade da classe trabalhadora é a do desemprego e da falta de perspectivas imediatas de melhora. Por mais que o PIG se esforce para colocar Temer como um “herói” que está melhorando as condições de vida da classe trabalhadora, diminuindo o desemprego e salvando a economia, a verdade é que o proletariado brasileiro sente na pele a retirada de seus direitos e a priora nas condições de vida.

O Brasil foi uma colônia política de Portugal a maior parte de sua história. Hoje, a situação não é muito diferente. Afinal, somos uma neocolônia do imperialismo, que faz de nosso país, assim como todos os outros países atrasados, locais estratégicos para retirar mais-valia.  O mundo capitalista vive a maior crise de sua história devido a superprodução de capital especulativo, que elevou o sistema a uma condição de parasitismo e putrefação nunca antes vista. Justamente por isso, os ataques à classe trabalhadora mundial, elevadas à última potência nos países que são neocolônias, estão tão intensos. Tudo que está ocorrendo tem o claro objetivo de salvar os lucros de uma minoria, que sobrevive da exploração da maioria absoluta.

Não nos enganemos: o imperialismo enxerga o Brasil como bucha de canhão, que servirá para ajudar a salvar seus lucros, a continuar em sua lógica de exploração do homem pelo homem, a salvar seus privilégios, mesmo em um período que fome, guerra e calamidade são uma verdade cada vez mais constante. Por isso, para toda a classe trabalhadora mundial não há saída dentro do capitalismo. Não são eleições burguesas, não são reformas no capitalismo que trarão uma real liberdade e igualdade a todos. Para a classe operária a opção é, e sempre foi, lutar pela construção do socialismo ou viver a barbárie.


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