• Entrar
logo

Racismo na Internet: A Face Anônima da Direita

O povo negro tem sofrido abusos desde a colonização do Brasil. Relegados a posições de trabalho escravo ou marginalizados, os negros se viram sempre às margens da sociedade, lutando para conseguir o mínimo necessário à sua sobrevivência. Depois de muito tempo, a ascensão dos negros, ainda mínima na sociedade capitalista, incomoda aqueles que apenas conseguem enxergar o negro como subalterno – pessoas que deveriam ser subservientes aos seus mandos e desmandos. A sociedade, inclusive a brasileira, vive presa às regras da Casa Grande e da Senzala.
Não é difícil ouvir que “não existe racismo no Brasil, pois a sociedade é miscigenada”. Assim, apaga-se a raça das opressões materiais, colocando tudo no mesmo balaio de miscigenação. Outra forma que os próprios racistas usam é transformar tais práticas  em apenas uma “opinião” que está baseada somente na cor da pele, tipo de cabelo e traços físicos. Chamam de “politicamente correto” quem crítica essas atitudes racistas, negando a própria resistência do racismo e o relegando a opiniões pessoais individuais.
A extrema direita brasileira, mestra em destilar o ódio gratuito por qualquer um que não esteja dentro de seus padrões, mostra cada vez mais suas garras sujas e fétidas, deixando menos velado seu racismo, seja em declarações de pessoas públicas, como as do deputado Jair Bolsonaro; nos jornais televisionados, como as palavras de Willian Wack ou em atos de agressão física, como no caso onde um jovem branco de classe média-alta espancou e amarrou a um poste um jovem negro morador da periferia que este julgava ter participado de um furto nunca provado, onde nem a própria vítima do furto reconhecia o jovem agredido. O preconceito tem alvo e causas certas.


Os ataques racistas na internet


O racista, porém, em muitos casos é um covarde, que não teria coragem de falar o que pensa pessoalmente. Por isso, hoje em dia, uma das formas de ataque direto aos negros por essas pessoas é a internet. Não é difícil ver publicações racistas em redes sociais, páginas destinadas à propagação do ódio racial, comentários maldosos e sem respeito algum pelas pessoas, sempre focando no tom de pele. O racismo que se diz velado na sociedade aparece bem vivo na internet.
Não é necessário procurar muito para que o encontremos. A internet trouxe à tona todo o ódio das camadas abastadas contra a ascensão dos mais pobres, em especial, aos negros. Em sites jornalísticos de grande expressão, como o G1, da Globo ou o R7, da Record, não é raro encontrar comentários racistas e maldosos em matérias que mostrem uma pessoa negra em destaque. O anonimato que estes meios possuem é utilizado para destilar os piores xingamentos racistas. A elas, não importa se é um negro pobre ou um famoso, todos deveriam voltar à senzala de onde nunca deveriam ter saído.
Não é incomum encontrar escritos de cunho racista em banheiros universitários, onde a classe média encontra força e forma para se mostrar contra as cotas e a ascensão dos negros e pobres ao ensino superior. Famosos como Lázaro Ramos e sua esposa, a atriz Taís Araújo; os cantores e compositores Seu Jorge, Ludmilla, Mc Loma; a apresentadora Preta Gil e a Miss Brasil 2017, Monalysa Alcântara, são exemplos de famosos que já sofreram preconceito nas redes. Se mesmo essas pessoas, que ascenderam a um status social, estão sujeitas ao racismo, imagine como são rechaçados os pobres. As humilhações são constantes e muitos nem se preocupam em esconder os rostos, pois sabem que as chances de serem indiciados judicialmente são pequenas.
Um exemplo é o caso ocorrido em Vitória – ES, durante o carnaval deste ano, onde um jovem, branco, classe média, pediu a um grupo de jovens negros se poderia tirar uma “selfie” com eles. O grupo prontamente aceitou e depois voltaram às festividades do carnaval. Logo após isso, o jovem branco postou a foto em suas redes sociais com a seguinte legenda: “Vou Roubei seu celular”, estereotipando os jovens retratados na foto como marginais, não se importando com a repercussão da publicação e suas possíveis implicações na vida das vítimas. Colocando na foto que aqueles jovens negros são possíveis assaltantes, mostra que não importa de onde você veio ou o que você está fazendo, se você for negro, a burguesia te tratará como uma ameaça.


Casos repercutem após negros acionarem a Justiça


Após a repercussão do caso, o jovem que tirou a foto enfrenta processo na justiça por racismo e injúria racial, perdeu o emprego e lançou uma nota se lamentando pelo ocorrido. Seu chefe, um jovem negro que saiu da periferia, lançou um vídeo repudiando a ação de seu ex-funcionário e reafirmando os valores de sua empresa, mostrando que não compactua com esse tipo de comportamento.
Mas este é apenas um dos vários casos que ocorrem diariamente nas redes sociais, muitos permanecem sem o devido tratamento pela Polícia Civil e pela Justiça, exibindo o despreparo do Estado brasileiro em tratar um problema tão palpável e notório como o racismo. Apesar de estar configurado no Código Penal como crime inafiançável, o racismo muitas vezes é pautado por juristas e delegados como injúria racial, outro crime mais brando, que muitas vezes não traz implicações à parte que cometeu o crime.
A justiça brasileira, participante direta do golpe de Estado que ocorreu em 2016, uma extensão vil do braço da burguesia, não quer atingir os seus por compactuar com o pensamento: os negros deveriam ser subservientes e se manter assim.
A busca pela mudança do pensamento de que somos todos iguais, sem distinção, é uma luta cuja sociedade deve travar o tempo todo, mas não apenas no âmbito social, pois o racismo existe em todas as esferas: social, cultural, política, educacional, etc. A base material que o capitalismo criou é a raiz na qual perduram as mazelas sociais que sofremos, criando a base para a instalação não apenas do racismo, como de outros problemas sociais e utilizando-as o tempo todo.
No capitalismo, a burguesia deve ter sempre mais lucros. A população trabalhadora jamais deverá alcançar a burguesia em seu status superior. Apenas removendo a base material do capitalismo burguês, através da revolução do proletariado, com o controle e a distribuição igualitária da produção, conseguiremos remover essa profunda e malfazeja raiz que divide a sociedade. Assim, a revolução se faz cada dia mais necessária para combater todas as esferas deturpadas do imperialismo, inclusive para a resolução final do problema do racismo.


Topo