• Entrar
logo

Aprofundamento da crise capitalista no Brasil e no mundo

O que temos visto nos últimos dias é o claro aprofundamento da crise capitalista no Brasil e no mundo. A visita de Trump à Arábia Saudita e à Europa, por exemplo, demonstraram que o imperialismo não está mais conseguindo extrair lucros da produção. O que Donald Trump teria ido fazer na Arábia Saudita, que é um país que já se encontra em crise apesar de sua receita petrolífera? Foi fechar um contrato de venda de armas por US$ 120 bilhões, inicial, e mais US$ 350 bilhões pelos próximos dez anos.

Estão fazendo exatamente a mesma coisa na Europa, tentando impor que todos os países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estipulem um mínimo de 2% do PIB para o orçamento militar. O orçamento da Alemanha se encontra em 1,2% de seu PIB. Isso significa liberar mais US$ 120 ou US$ 150 bilhões em compra de armas num mercado que é dominado pelos EUA, em 35%. Ou seja, um negócio extremamente parasitário.


Contra o meio ambiente

Depois de idas e vindas, Donald Trump retirou os Estados Unidos do Tratado Internacional do Clima. Isso criaria, aparentemente, uma série de problemas. Acontece que o tratado é para “inglês ver”. Não há cuidado algum com o clima, mas uma luta para resgatar, a qualquer custo, a queda violenta dos lucros. Trata-se de puro marketing para “fazer de conta” que protegem o meio ambiente e, dessa maneira, conseguir mais compradores em uma situação na qual as vendas estão totalmente encalacradas no mundo todo. Não há cuidado com o ambiente em nenhum lugar desse mundo. A verdade é essa.

Nos casos do Brasil, por exemplo, os dados econômicos mostram que, supostamente, houve um aumento do PIB por conta da produção adicional de soja, milho e arroz, que em grande medida teve por base a expansão da área cultivada. Isso significa mais desmatamento, mais poluição ambiental e assim sucessivamente. Na produção de minerais vemos o caso desastroso e caótico de Mariana. E essa é a média, esse é o mecanismo. Podemos citar o caso das centrais nucleares, como o que aconteceu com Fukushima, no Japão. Não que isso seja a exceção da regra. Nos EUA existem quase 50 centrais nucleares que foram construídas com a mesma tecnologia de Fukushima, feitas pela divisão da General Electrics que a Toshiba comprou. A qualquer momento isso pode explodir. Em Mariana, no crime ambiental, trata-se de um caso entre dezenas de piscinões que podem romper a qualquer momento.

O objetivo é a manutenção dos lucros a qualquer custo. A crise é grande e profunda em todos os países. Nos EUA nem se fala. A economia não sai do lugar. O parasitismo financeiro é gigantesco e absurdo. Na China, há várias bolhas que vem crescendo de forma gigantesca. A bolha da dívida das empresas está, neste momento, em 170% do PIB. Somando com a dívida pública, em torno de 30%, mais a dívida individual, chega-se a 260%, algo absurdo. Isso demonstra que a China não é nenhum “oásis”. Para sair da crise, a China tenta emplacar o “novo caminho da seda”, o que significa acelerar sua circulação de mercadorias com a Europa. Ou seja, em médio prazo, apagar o incêndio com gasolina.

Vive-se uma crise de superprodução; excesso de produção relativa. As empresas não têm mais compradores porque as pessoas estão muito pobres. E a crise subitamente aumenta porque as 157 famílias que dominam a economia mundial não querem abrir mão de sua posição privilegiada.

A convulsão na América Latina anda mais profunda que no resto do mundo, com exceção da África, por conta da pressão muito maior dos EUA, que querem jogar o peso da crise sobre os países que controlam de maneira mais aberta. O que explica a crise de países como México, Argentina, Venezuela e, sobretudo, o Brasil.

O Brasil, mais uma vez, está sendo colocado como “laboratório”, como foi colocado em 1964, com a Ditadura Militar que serviu de modelo de exportação para toda a América Latina. Esse é um país continental, tem pujança, força e tamanho muito consideráveis. Nesse sentido, nota-se que o modelo aplicado no Brasil também é aplicado na região. A própria delação da JBS, conforme já foi denunciado, é uma imposição do Departamento de Justiça norte-americano.

A propaganda de que os irmãos Batista vão pagar R$10,3 bilhões em multas não passa de uma balela. Os megaempresários pagarão a quantia, sem juros e sem correção, em 25 anos. Em valor presente, os R$ 10,3 bilhões caem pra R$ 6 bilhões. E ainda, os R$ 6 bilhões devem ser considerados com certa ressalva já que a JBS foi levantada com dinheiro brasileiro, financiada pelo BNDES, e agora está de mudança para os Estados Unidos, onde tem a possibilidade de pegar empréstimos com juros muito baixos, que poderá aplicá-los na especulação financeira. Dessa maneira, o peso de pagar os R$ 6 bilhões, ou US$ 2 bilhões, ao longo de 25 anos se verá muito reduzido. Não há luta alguma contra corrupção. É tudo enganação para justificar os ataques à população brasileira.


A sucessão de Temer

Há a discussão sobre se a saída para o governo Temer seriam as eleições, diretas ou indiretas, na atual conjuntura, daria na mesma, porque serão, igualmente, eleições extremamente controladas por golpistas e pelo imperialismo ianque. No caso de eleições indiretas, o governo seria de maior crise do que em caso de eleições diretas, pois não seria um governo “legitimado” pelo voto popular. De todo modo, está em curso uma grande enganação contra a população em relação a uma saída parlamentar em situação altamente golpista.

A cúpula do PT se acovarda ao não enfrentar a situação como se deve e “colocar os pingos nos is”. Chamam eleições diretas agora, como a própria Dilma tem feito, mas não colocam o dedo na ferida, sequer falam do golpe. O absurdo é tamanho que o PT chegou a se coligar, nas eleições municipais do ano passado, com siglas golpistas das mais variadas nuances em quase 1700 municípios. Algo realmente vergonhoso.

Palocci está para delatar meio mundo. A condição imposta pelos promotores da Operação Lava Jato para aceitarem sua delação é de dedurar Lula. Mantega também é pressionado. E tem a pressão da Odebrecht, JBS, João Santana, OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, etc, muita gente esperando para dedurar. Tudo isso são amostras do golpe em curso.

A política da cúpula petista é de negar envolvimento com a corrupção. Suponhamos que não tivessem se envolvido em falcatruas, apesar de esse não ser o ponto central, mas ainda assim formaram um governo dentro de uma estrutura notoriamente corrupta e sequer denunciaram o podre regime de corruptela. Também não fizeram campanhas contra as amarrações impostas pelo imperialismo americano de corrupções legalizadas.

Quando Lula quis aumentar o marco regulatório do Pré-sal para investir mais em saúde e educação, mesmo se tratando de um projeto limitado, o que se viu foi um Congresso totalmente comprado pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo). Esse marco regulatório foi praticamente implodido depois de tinham sido vendidos 40% dos campos do Pré-sal e que a taxa média de lucro que fica no País, no caso do Pré-sal sairia dos vergonhosos 10% do marco regulatório de 1997 para dar a mediana vergonhosa do Pré-sal de 50%, ainda bem abaixo da média mundial de 70%. Nem isso os monopólios do petróleo querem aceitar.

O desmonte de agora é acelerado. Um exemplo é o fato de  o presidente da Petrobras, Pedro Parente, ter acelerado a importação de combustíveis. As refinarias da Empresa, que hoje estão em 10, estão funcionando em 70% da capacidade de produção. A diretoria da Petrobras, encabeçada por agentes do imperialismo, decidiu que o Brasil tem que aumentar a importação de gasolina e diesel para, dessa maneira, reduzir a produção da empresa. Ou seja, entregar absolutamente tudo a preço de banana. Em outras palavras, sucateando para privatizar na sequência.

O que fica muito claro é que frisar nas eleições, na atual conjuntura, configura um golpe pelo simples fato de serem direcionadas por golpistas. A saída é a unidade dos trabalhadores para lutar contra todos os golpistas. 


Topo