Foi lançando no último mês de abril o livro GRUPO ARUANDA – 50 ANOS DE HISTÓRIA (1960-2010). O evento ocorreu em Belo Horizonte e lotou o principal centro de cultura e arte de Minas Gerais.
A publicação foi idealizada para marcar as comemorações do primeiro cinquentenário do Grupo, fundado em 1960, pelo educador e folclorista Paulo César Valle, com o objetivo de pesquisar, preservar e divulgar o folclore brasileiro por meio da música e da dança. Entretanto, alguns problemas técnicos, estruturais e de saúde acabaram por atrasar o lançamento do livro, escrito por Wagner Cosse, jornalista e diretor artístico daquela instituição. Esse atraso não comprometeu o brilho da iniciativa, pois, como disse o presidente do Grupo Aruanda, Sérgio Cosse, em seu pronunciamento, “acreditamos que mais importante do que a pontualidade do lançamento é o registro da história, para que ela não se perca no tempo. Afinal, em um país que não prima por preservar sua memória, era preciso registrar a história do primeiro grupo a pesquisar o folclore de todas as regiões brasileiras, com enfoque na música e na dança. Era preciso marcar o nome do Grupo Folclórico Aruanda, de Minas Gerais, no contexto das lutas pela defesa da cultura brasileira, do folclore brasileiro, honrando as tradições legadas por gerações e gerações que, ao longo dos séculos, contribuíram para a construção da identidade nacional”.
Entrevistas e pesquisa rigorosa de documentos dão consistência ao Livro
Este é um livro que se baseia no binômio memória e documentação. Memória traduzida nos depoimentos de muitos dos protagonistas do período retratado, atores e testemunhas dos acontecimentos. Documentação representada por matérias produzidas pela imprensa nacional e internacional, estatutos, regulamentos, contratos, convênios, atas, ofícios, registros fotográficos, cartões, convites, folhetos, cartazes e demais produtos de divulgação dos eventos relatados.
Os cinquenta anos do Aruanda, que cobrem o período de 1960 a 2010, foram divididos em cinco capítulos – “A Origem”, “Em busca da sede própria”, “As primeiras viagens Grupo Aruando 50 anos Paulo Abreu 116internacionais”, “Embaixador da cultura brasileira” e “Consagração nacional e internacional” –, cada qual dedicado a uma década. O sexto e último capítulo, intitulado “Compromisso com a cultura popular tradicional do Brasil”, é uma fonte de consulta para pesquisadores e interessados na cultura folclórica brasileira. Aborda as diferenças e a inter-relação entre grupos folclóricos e parafolclóricos, além de apresentar a metodologia de pesquisas do Grupo e algumas das principais manifestações folclóricas brasileiras que integram seu acervo. São danças de todas as regiões do país, pesquisadas, decodificadas e fielmente reproduzidas, exigindo um guarda roupa respeitável, contendo milhares de figurinos e adereços, e alcançando mais de cinco toneladas.
Esse livro não relata apenas o glamour e a alegria visíveis às plateias que assistem aos espetáculos do Aruanda. Revela também os bastidores nada glamourosos da luta diária de um grupo para garantir sua sobrevivência, cujos aspectos mais sensíveis são a falta de uma sede própria e as consequências dessa situação. As dificuldades, as frustrações e os sacrifícios pessoais e coletivos são relatados com transparência, possibilitando, ao leitor, uma compreensão mais ampla e sem retoques da realidade cultural brasileira.
Abordando os sucessos e insucessos, as alegrias e tristezas, as vitórias e decepções de um dos maiores expoentes da cultura folclórica brasileira, esse livro contribui para que o nome do Grupo Aruanda, reconhecido nacional e internacionalmente como legítimo embaixador da cultura brasileira, não se perca na poeira do tempo.
