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O Futebol e a crise da Globo

A Rede Globo de Televisão é a maior máquina da propaganda imperialista no Brasil. Estendendo-se por todo o País, com gigantesco número de afiliadas, ela atinge praticamente todo o território nacional, sendo uma das principais “fontes de informação”. Mas, não só isso. Pode-se dizer que a Rede Globo é a principal formadora dos chamados “senso comum” e da “opinião pública”. Na realidade, se trata de um “senso comum” manipulado, a serviço de interesses específicos à classe rica.

A quem serve a Rede Globo? A história da instituição é muito clara ao demonstrar que ela sempre esteve à frente de governos da direita e da extrema direita, a serviço dos interesses dos monopólios privados, principalmente os norte-americanos. A emissora, da família Marinho, apoiou abertamente a Ditadura Militar brasileira e foi impulsionada por ela na década de 1970, seja nos editoriais ou nas omissões de informações sobre movimentos contrários ao regime até o ponto do absurdo, como foi no caso do “Diretas Já!”. Esse apoio à Ditadura, aliás, ajuda a entender o poder da emissora. O regime abarrotou os cofres da família Marinho com R$52 bilhões, pois a emissora era o seu “mais fiel e constante aliado”.

O poder “da Globo” é tão grande, que a ela diz respeito a transmissão de praticamente todos os campeonatos de futebol que existem no país.


Começa a ruir o monopólio da Rede Globo


Os horários dos jogos têm sido completamente manipulados para atender ao interesse de meia dúzia de empresários. Para não atrapalhar a transmissão das novelas da Rede Globo, os jogos das quartas-feiras, por exemplo, só pode ocorrer às 21h45min, um horário que dificulta o trabalhador a ir ao campo de futebol e a assistir os jogos por trabalhar no dia seguinte. Aos domingos, também para não “atrapalhar” a grade da emissora, o futebol tem que acontecer às 16hs, desumano para os atletas devido ao calor. Essas são algumas das imposições da emissora, que muito ganha em publicidade. A Globo tem o poder até de alterar resultados. Sintomático nesse sentido é o fato de profissionais com notórios erros de arbitragem terem se tornado funcionários da emissora.

Esse monopólio, no entanto, começou a ruir com a entrada de outras emissoras na disputa pela transmissão dos jogos. Três emissoras compraram os direitos de campeonatos nacionais e também de todos os internacionais, quebrando parcialmente o monopólio da Globo, ainda que não tenham o poder político para mudar os horários dos jogos, por exemplo. O clássico paranaense realizado entre Atlético e Coritiba, que foi transmitido pela Internet, representou um ponto de inflexão ainda mais forte na quebra do monopólio da Rede Globo.

No dia 19 de fevereiro, com 20 mil torcedores no Estádio Arena, da Baixada - em Curitiba, o palco estava armado para a realização do clássico. Irritados com o valor irrisório oferecido pela Rede Globo, em comparação ao que a emissora recebe pela transmissão, as diretorias de ambos os clubes decidiram transmitir o jogo também por meio de famoso site de transmissão de vídeos na internet, o Youtube. A Globo, agindo por intermédio da Federação Paranaense de Futebol, tentou impedir a realização do jogo enquanto houvessem “pessoas não autorizadas” na beira do campo, que seriam aqueles que operariam a transmissão do jogo para a internet.

Os clubes, sob os aplausos dos torcedores presentes, simplesmente não realizaram o jogo. Atlético Paranaense e Coritiba, embora rivais históricos, se uniram e realizaram a partida no dia 01 de março, com transmissão apenas pelo Youtube. O sucesso foi total, com mais de 170 mil telespectadores, incluindo torcedores de outros times que apoiaram a iniciativa.


Resistir aos ataques


A Globo percebeu a ameaça e tentou contra-atacar. Com relação a esse jogo em específico, não noticiou praticamente nada nos programas esportivos do dia seguinte. Mas agora quer proibir o uso de gramado sintético nos estádios. O único clube que possuí esse tipo de gramado no campeonato nacional é o Atlético Paranaense.

Não será surpresa se os dois times sofrerem no campeonato nacional, ainda monopólio da Globo, com “erros” sequentes de arbitragem. Porém, a atitude de Atlético e Coritiba acendeu a fagulha. E ela somente foi possível por causa do apoio e o repúdio generalizado dos torcedores. 

Não devemos nos esquecer o quanto o futebol tem sido manipulado em prol dos interesses políticos da burguesia. A derrota da seleção brasileira em 1950 favoreceu o desenvolvimento do golpe de estado contra Getúlio Vargas, que culminou no seu suicídio em 1954. A derrota do Brasil por 7 a 1 no último mundial fez parte de uma campanha da direita, que tinha como objetivo facilitar o golpe de estado parlamentar contra a presidenta Dilma. A desmoralização da Seleção Brasileira de futebol, a maior paixão da classe operária, foi uma forma de também desmoralizar os trabalhadores e, com isso, dificultar a reeleição de Dilma naquele ano (2014), mas ela acabou sendo reeleita mesmo sob intensa pressão. 

Mas o futebol é um esporte de massas e pertence ao povo brasileiro e não à burguesia.


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