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Bolsonaro tem direito a falar?

Visão da esquerda oportunista

bolsonaroDe acordo a tese levantada por “militantes” da esquerda pequeno-burguesa, alguns militantes da LPS (Luta Pelo Socialismo) estariam trilhando sob uma “concepção esquerdista perigosa”. O argumento utilizado para tal afirmativa seria o fato de que recentemente a LPS defendeu o direito de Bolsonaro expressar opiniões racistas, se opondo a sua indiciação e prisão por esse exclusivo fato. Tais militantes afirmam ainda que a LPS estaria “pegando carona em uma postagem absurda do PCO que pregava o direito de Bolsonaro ser fascista”.

As acusações colocavam ainda que não caberia “defender de forma liberal que Bolsonaro tenha o direito de expressar livremente suas ideias. Devemos tolerar as ideias da burguesia porque não temos forças o suficiente para sufocá-las, mas caso tenhamos as estrangularemos, pois as ideias são de classe. Entretanto, devemos defender que a Justiça iniba o racismo”.


Algumas das pérolas racistas e fascistas emitidas por Jair Bolsonaro

Dentre as “pérolas” do fascista Jair Bolsonaro temos: os negros quilombolas “não servem pra nada, nem para procriar“ (em palestra na Hebraica, em 2017)

“O erro da ditadura foi torturar e não matar.” (em discussão com manifestantes)

“Pinochet devia ter matado mais gente.” (sobre a ditadura chilena de Augusto Pinochet. Revista Veja)

“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.” (em entrevista sobre homossexualidade na revista Playboy)

“Não te estupro porque você não merece.” (para a deputada federal Maria do Rosário)

“Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados” (resposta para a cantora Preta Gil, sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com homossexuais)

“A PM devia ter matado 1.000 e não 111 presos.” (sobre o Massacre do Carandiru)

“Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater.” (afirmação feita após “caçoar” de FHC sobre este segurar uma bandeira com as cores do arco-íris)

“Você é uma idiota. Você é uma analfabeta. Está censurada!”. (declaração ao ser entrevistado pela repórter Manuela Borges, da Rede TV. A jornalista decidiu processar o deputado após os ataques)

“Parlamentar não deve andar de ônibus”. (declaração publicada pelo jornal O Dia, em 2013)

“Mulher deve ganhar salário menor porque engravida” (justificativa a frase: “quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano”)


Posição da LPS (Luta Pelo Socialismo)

O direito de Bolsonaro e de qualquer outra pessoa tem de expressar opiniões deve ser considerado em relação a duas questões principais: 1. política: ele é um elemento da extrema direita; 2. ideológica: mandar ele para a cadeia por ter emitido comentários de cunho racistas somente conduz a ampliar o campo de atuação do Judiciário no sentido de criminalizar e condenar militantes da esquerda e dos movimentos sociais que, não por acaso, são constantemente acusados de “terroristas”, “formadores de quadrilhas” etc. Esta política se torna ainda mais crítica na situação atual quando há uma ditadura do Poder Judiciário que se vale, principalmente, de três leis aprovadas no governo Dilma para passar por cima do arcabouço jurídico anterior a elas: a Lei Antiterrorismo, a Lei das Organizações Criminosas e a Lei das Organizações Criminosas.

O juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, chegou a dizer que “a prisão preventiva, embora excepcional, pode ser utilizada” citando como justificativa até mesmo uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que diz que “em determinadas circunstâncias o direito da sociedade deve se sobrepor ao do indivíduo.” O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, disse: “Pelo panorama dos elementos probatórios colhidos até aqui e descritos ao longo dessa manifestação, essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dela participasse.” Nessas citações temos a essência da chamada “hermenêutica” ou subjetivismo na interpretação das leis pelos juízes e procuradores, numa verdadeira operação de vale tudo.

O papel da moral na política

A esquerda pequeno-burguesa, devido ao seu caráter de classe, distorce o debate e transforma o problema político num problema moral, entre o bem e o mal. Como o Bolsonaro é mal, então ele deve ser castigado pelo Estado burguês, e, na prática, pelo órgão do Estado que encabeça neste momento o “estado de exceção” no Brasil.

A política revolucionária, marxista, não passa em absoluto, por defender o elemento de extrema direita, Jair Bolsonaro, e o fascismo, mas sim de não usar a oposição ao pensamento de Bolsonaro para pedir o aumento de repressão ao Estado burguês. O fascismo deve ser combatido pelos trabalhadores em suas lutas contra o Estado e nunca criando ilusões nas massas de que o próprio Estado burguês poderia impedir o fortalecimento do seu filhote: o fascismo. O Estado burguês tem um caráter de classe e se encontra ao serviço da burguesia, em primeiro lugar da burguesia imperialista. A pseudo democracia não passa de um leve verniz que encobre uma ditadura cada vez mais dura. Os mecanismos repressivos que foram colocados em pé pela Ditadura Militar nunca foram liquidados; eles ficaram “dormentes” e agora estão voltando a mostrar as suas garras por meio das leis excepcionais, o vale tudo da Operação Lava Jato, o aperto do imperialismo em geral, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que tem colocado tropas nas ruas de maneira recorrente etc.

O que a direita quer, na prática, é acabar com todo e qualquer pensamento crítico e criar mecanismos para que se possa silenciar e punir aqueles que tenham um posicionamento de esquerda ou de crítica ao regime político. Não é nenhuma novidade que projetos de censura, por meio da ditadura do Judiciário, ganham força no momento em que a direita avança em uma verdadeira investida contra a população. As ameaças os direitos mais elementares dos trabalhadores são constantes, além da iminência da entrega do patrimônio público para as mãos dos capitalistas internacionais.

Assim como todas as medidas repressivas, elas não são apresentadas de forma isolada. Elas fazem parte do fortalecimento dos mecanismos de censura na tentativa de amordaçar os movimentos sociais, o movimento sindical e os agrupamentos políticos de esquerda perante a inevitável ascensão da classe operária que está colocada para o próximo período. Exemplos dessa política não faltam. A Lei Antiterrorista é a principal manifestação, mas há também a censura nas ruas, na Internet, na telefonia, nas escolas… O objetivo é garantir que os ataques contra a população, os “planos de ajuste”, sejam impostos. Diante dessa investida, a resposta da população deve ser a mobilização nas ruas.


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