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As massas estão indo para a direita?

Visão da esquerda oportunista

massas indo para a direitaDe acordo com a esquerda pequeno burguesa, num período não revolucionário as massas não lutam. Assim, na atual conjuntura brasileira, as massas estão indo para a direita.

Ainda segundo essa avaliação política, com a direitização do regime e com a pequeno burguesia sendo utilizada contra a classe operária, isso implica em que a classe operária também está indo à direita – uma espécie de bloco que se movimenta de forma única. O regime corresponderia às massas. Logo, se o regime está indo para a direita, consequentemente as massas também.

Conforme a análise da esquerda oportunistas, o levante de 2013 foi da pequeno burguesia, de cunho fascista. Foi do “verde e amarelo que votou em Aécio” que é quem teria ido às ruas.

O governo Temer, nesse sentido, seria um abre alas para um governo mais direitista. Haveria, portanto, duas respostas à crise econômica: pode acontecer um levante dos trabalhadores ou da pequeno burguesia.

Neste momento, não haveria uma nova conjuntura que fortalecesse a esquerda em nível mundial. Ao contrário, o que estaria ocorrendo em todo o mundo seria um levante à direita das massas: golpe no Egito; golpe na Ucrânia; invasão da Líbia pela OTAN; a expansão da Otan para vários países do Leste europeu; o movimento anti-imigrante na Europa; o crescimento da islamofobia na Europa; a tentativa de golpe na Turquia; o golpe na Tailândia; o golpe em Honduras; o golpe na Coreia, Brexit (Reino Unido); o financiamento de mercenários para derrubar o governo de Assad na Síria; a vitória Trump; o crescimento de Mari Le Pen na França; o crescimento da direita na Holanda; a vitória de Macri na Argentina; o crescimento movimento anticorrupção na Rússia; o golpe contra frente popular no Brasil; as tentativas de retirada de Nicolas Maduro do poder; as entregas das armas pela FARCs na Colômbia; a expansão da Operação Lava Jato para América Latina etc.

Todos esses elementos seriam uma comprovação para aonde as massas estão indo. Isso mostra que a crise econômica não leva necessariamente as massas à esquerda, ao contrário, a crise econômica às vezes pode levar as massas à direita, como foi o caso do fascismo nas décadas de 1920 e 1930. O que se passaria no mundo hoje seria algo semelhante: uma crise econômica profunda com o crescimento das forças de direita em nível mundial.

A nova etapa do desenvolvimento do golpe no Brasil, com a iminente derrubada do governo Temer pelo imperialismo, busca levar as massas às ruas por meio da conhecida política das chamadas “revoluções coloridas”. Para a esquerda pequeno burguesa, as massas representam a “anarquia” e a “idiotização” extrema. A “inteligência” estaria representada pela própria esquerda pequeno burguesa, em primeiro lugar, pela burocracia universitária. Na realidade, o caráter de classe pequeno burguês dessas esquerde lhe impede de caracterizar corretamente o movimento de massas. Neste momento, considera o movimento de massas manipulado pelo imperialismo e pela “frente popular” como o fator que derrubará Temer.


Posição da LPS



A visão da esquerda oportunista é impressionista, metafísica e fortemente influenciada pela propaganda do imperialismo.

Perante o aprofundamento da crise capitalista, o imperialismo aperta o regime político, que encontra um reflexo na superestrutura. Com a direitização  greve 28generalizada é evidente que há um reflexo na visão dos indivíduos.

Em contra partida, o aprofundamento da crise do capital enfraquece os mecanismos de controle da classe operária, da pequeno burguesia em primeiro lugar. Desta camada, faz parte a burocracia que representa um dos principais mecanismos de entrava à luta dos trabalhadores.

A situação atual é fundamentalmente não revolucionária porque a classe operária ainda se encontra sob o controle da burocracia. A crise da pequeno burguesia não chegou a um estágio crítico que a levasse a se movimentar rumo à classe operária, assim como a burguesia não se encontra ainda paralisada pela crise. Mas para onde vai a evolução dos acontecimentos? É evidente que o aprofundamento da crise capitalista conduz a uma situação pré-revolucionária que colocará em pauta a luta aberta entre a burguesia e o proletariado. No Brasil, essa situação é muito mais evidente que a média mundial. Um exemplo é a reação dos trabalhadores aos ataques como as reformas da previdência e trabalhista. Mesmo com o mínimo esforço da burocracia, que inclusive pediu para que os trabalhadores ficassem em casa, a Greve Geral do dia 28 de março foi extremamente positiva e superou todas as expectativas. O mesmo pode-se dizer das mobilizações mundiais do dia 8 de março. Ou seja, a disposição de luta dos trabalhadores é evidente, apesar de todas as traições da burocracia.

Quem sairá vitorioso desse embate não dá para saber de antemão. As tendências revolucionárias poderão se desenvolver rumo à revolução proletária ou a contrarrevolução poderá contê-las durante certo período.

A avaliação de que as massas são reacionárias tem por trás a visão pequeno burguesa, principalmente do “marxismo universitário”, de que a revolução depende da “consciência intelectual das massas”. Na realidade, isso está a Anos-luz da realidade. A consciência que conta é a consciência política, dado o brutal embrutecimento a que o capitalismo as submete. E a consciência política as massas as adquirem na prática, na luta de classes. O que irá movimentar os trabalhadores não são as teses acadêmicas, as “aulinhas”, tampouco o desenvolvimento “intelectual” das massas. A revolução não sairá das salas de aulas. Ela será feita, em última instancia, pelos “ignorantes” e “analfabetos” que não terão outra saída que não ir às ruas lutar pelos seus direitos, do contrário morrerá de fome junto com sua família.

Acreditar que as massas estão indo para a direita nada mais é do que uma desculpa para justificar que não “há nada para se fazer”. Se as massas são direitistas, se concordam com todos os ataques do imperialismo, por que formar um partido operário e revolucionário para lutar pela revolução? Não faz sentido algum. Se considerarmos correta essa visão oportunista da esquerda pequeno burguesa, o que nos restaria então seria ficar em casa sem lutar e vendo a população ser atirada na miséria.


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