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Rap enquanto instrumento de denúncia

A Origem do Rap


O Rap, comercializado nos Estados Unidos da América do Norte, desenvolveu-se tanto “por dentro” quanto “por fora” da cultura hip hop. Tendo começado com as festas nas ruas, nos anos de 1970, por jamaicanos, dentre outros, a tradução literal do termo seria ritmo e poesia. Eles introduziam as grandes festas populares em grandes galpões, com a prática de ter um MC que subia no palco junto ao DJ e animava a multidão, gritando e encorajando com as palavras de rimas. Disso, formou-se o Rap.

A origem do Rap veio da Jamaica, mais ou menos na década de 1960 quando surgiram os sistemas de som, que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos autênticos mestres de cerimônia que comentavam, nas suas intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais polêmicos, como sexo e drogas. No início da década de 1970, muitos jovens jamaicanos foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos devido a uma crise econômica e social que se abateu sobre a ilha. E um em especial, o DJ jamaicano, Kool Herc, que introduziu, em Nova Iorque, a tradição dos sistemas de som e do canto falado. Essa prática foi se espalhando e popularizando entre as classes mais pobres até chegar na alta sociedade.


A chegada do Rap no Brasil


O Rap surgiu no Brasil em 1986, na cidade de São Paulo. Os primeiros shows eram apresentados no Teatro Mambembe pelo DJ Theo Werneck. Na década de 80, as pessoas não aceitavam o rap, pois consideravam este estilo musical como sendo algo violento e tipicamente de periferia. Vale lembrar que o samba, assim como o rap, teve muita resistência em ser aceito pela sociedade burguesa, porém, hoje em dia é comum parcerias de grandes sambistas com cantores de rap como é o caso, por exemplo, de Marcelo D2 e Gabriel Pensador que já ditaram rits de grande repercussão nacional em parceria com sambistas.

Sabe-se que na associação entre o Rap e os negros existe um perverso comparativo entre ambos. Ao Rap é associado, até os dias de hoje, como “coisa de preto”, pobre e de marginalização.

Existe um preconceito da burguesia com o Rap, pois este se transformou num forte e fiel instrumento de denúncia, críticas contundentes e pontuais contra os maus políticos, policiais e gestores públicos corruptos. Isso se deve à própria característica do estilo musical, pois de maneira geral, o Rap é um instrumento para cada um externar seus pensamentos.


Popularização do Rap no Brasil e os grandes nomes do Rap


No Brasil, o Rap teve uma pequena trégua na perseguição. Apesar das tentativas de coação e ocultamento, a popularização do Rap e o exponencial crescimento fez com que o hit saísse da periferia para também tomar conta das rádios burguesas. O Rap passou a ser  tocado em rádios de A à Z. Tal fenômeno se deu, principalmente, pelo fato de que no período de ditadura e opressão militar, os jovens estudantes e perseguidos políticos se sentiam contemplados em ouvir letras de protesto com rimas e poesias que levantavam e incendiavam multidões.

Existe, no País, uma diversidade imensa de estilos de rimas de Rap. Como por exemplo, o grupo de grande sucesso com o Rap gospel, “Ao Cubo”, que deslanchou no mercado com a música “1980”. Temos também cantores com ritmos mais dançantes como o músico Marcelo D2.

Mas, o que encoraja e motiva são os rits que denunciam os abusos e os desmandos. Esses foram disseminados por grandes nomes como MV Bill, que se popularizou após ter várias passagens pelos sets da Rede Globo e por estar à frente da CUFA (Central Única das Favelas).

Mas o principal motivo do crescimento do Rap foi a criação dos Racionais MC's, liderado pelo rapper Pedro Paulo Soares Pereira, o “Mano Brown”, que formou o grupo no ano de 1988. O músico ganhou notoriedade não só pelas canções, mas por ser uma figura emblemática, que tem aversão a programas televisivos e não concede entrevistas.

Brown tem grande aceitação por suas letras tecer duras críticas contra políticos, policiais (com suas ações truculentas) e relatar a dura realidade de viver em uma favela como, por exemplo, a que ele vive no extremo sul da capital paulista, o Capão Redondo. Mano Brown escreveu letras emblemáticas, dignas de premiações internacionais como a música “Nego Drama”, que narra a dura realidade de ser preto no Brasil, além de cantar a vida de um presidiário com a música “Diário de um Detento”, dentre muitas outras.


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