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Genocídio do povo negro

Não há como negar o genocídio contra a população negra no Brasil. Segundo as estatísticas das mortes violentas no Brasil, cerca de 68% são de negros. Quando se trata da população jovem, esses números são ainda mais assustadores. Segundo a pesquisa Mapa da Violência no Brasil, realizada em os anos de 2002 a 2012, houve uma queda de 32% de mortes violentas entre jovens brancos contra um aumento de 32,4% de assassinatos violentos contra jovens negros. Ou seja, para cada um jovem branco morto morrem 2,7 jovens negros.

O horror está presente hoje, nas casas, becos, ruelas e ruas dos bairros pobres, nas vilas e favelas. Nas principais cidades do País, a quantidade de mortes violentas da população negra, principalmente jovem, tem superado os números de mortos em guerras, travadas em várias partes do planeta. Tudo em nome da “luta” contra o tráfico e a proteção do “cidadão de bem”.

Em outra pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), entre os anos de 2003 a 2014, consta que as mortes violentas contra a população branca em geral diminuiu em 26,1%, enquanto aumentou, no mesmo período, em 46,9% contra os negros. Ou seja, um salto vertiginosamente cruel. É o pau-de-arara e os cemitérios substituindo o pelourinho e as celas super lotadas – a face horrenda das senzalas.


Estado assassino

Na verdade, a população negra desde sempre tem vertido seu sangue em inúmeras situações no Brasil, em sua árdua luta pela sobrevivência digna dentro do Estado opressor. O próprio Estado, através de seu braço armado, a Polícia Militar, é um grande assassino do povo negro. O número de negros executados pela polícia é três vezes maior que o dos brancos. Soma-se a isso as prisões abusivas e os espancamentos movidos gratuitamente contra os negros.

O Estado brasileiro é responsável por uma das polícias que mais matam no mundo, sendo esse fato corriqueiramente denunciado em âmbito internacional. Essa polícia fascista executa inúmeros jovens, muitas vezes sem crime ou prova,  e em sua maioria, negros com idade entre 13 e 20 anos. É, na prática, a legalização da pena de morte contra o povo negro.

O exemplo do Rio de Janeiro é elucidativo nesse sentido. Basta ver o que acontece diariamente nas favelas com o fortalecimento dos esquadrões da morte, das milícias e das Unidades de Polícias Pacificadoras (UPPs) que, segundo relatos, prendem arbitrariamente, espancam e até executam cidadãos comuns, em sua maioria negros. O caso mais conhecido é o do pedreiro Amarildo, que foi sequestrado e executado pela PM, cujo corpo “desapareceu”.

A elite branca também muda de tática na forma de lidar com os negros de acordo com suas necessidades. Quando não assassina, encarcera. Nas prisões, segundo dados coletados pela Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, a população carcerário é de 61,6% de negros e pardos. Maior que a representatividade de negros no País, que é de 54%.

O principal fator que justifica o genocídio e a prisão do povo negro é a guerra contra o tráfico, que vitimiza, em sua maioria, jovens negros e de periferias. A título de exemplo, quando indivíduos negros são encontrados portando drogas, eles são imediatamente acusados de crimes mais sérios como o tráfico. Já os brancos, no geral, são acusados de posse de drogas e recebem penas mais brandas. O próprio sistema judiciário corrobora com a sensação de impunidade por parte dos policiais homicidas. Após quatro anos, de 220 investigações de mortes cometidas por policiais, em pesquisa aberta em 2011, apenas na cidade do Rio de Janeiro, somente um oficial de polícia havia sido acusado. O Estado burguês garante a liberdade de ação criminosa por parte de seu braço armado.


Pelo fim do genocídio


O discurso da direita coloca fatores individuais ou morais para o alto número de homicídios cometidos pelo Estado ao povo negro. Insiste-se que o indivíduo optou pelo crime simplesmente porque quis, que se ele quisesse, poderia estudar ou arrumar um emprego. Mentem, porém, ao omitir que não há igualdade de condições dentro do capitalismo. Sem isso, não existe igualdade de oportunidades. Exemplo elucidativo desse fato é que mesmo com as cotas raciais, o percentual de jovens negros em universidades públicas é menor que 2%.

Somos um país cuja a população negra é uma das maiores do mundo, perdendo apenas para a Nigéria. Como os negros são maioria entre os mais pobres e os que estão colocados nos piores postos de trabalho, são maioria também entre os operários, o que faz a luta negra conjunta e indissociável da luta proletária como um todo. Dessa forma,  devemos nos unir e lutar contra toda forma de opressão e discriminação e pelo fim do genocídio movido pelo Estado contra o povo negro. É preciso lutar pela igualdade de condições, o que é impossível de ser alcançado dentro da lógica capitalista. A luta negra, portanto, deve ser voltada para a luta pela revolução social.


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