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Programa Mais Médicos

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado para executar o que foi orientado no Artigo 196 da Constituição de 1988. Em sua introdução, o Artigo diz que a saúde é um direito de todos e é dever do Estado fornecer o atendimento. Desde então, essa orientação vem sendo combatida violentamente pelos vorazes conglomerados que vivem não da saúde da população trabalhadora, mas sim do lucro advindo do adoecimento da mesma.

Esse antagonismo ficou mais claro pelo combate incessante dado pela burguesia a um programa criado no primeiro governo petista, que foi batizado como “Mais Médicos”. Tal programa visava levar mais saúde através de profissionais médicos, tendo em vista a escassez no atendimento nos rincões mais afastados do nosso País e nos bolsões de miséria das grandes cidades (bairros operários, vilas e favelas). O intuito é levar profissionais para as Unidades de Urgência e Emergência (UPAs) e unidades básicas onde não existem médicos suficientes.

Em nosso País, devido ao seu tamanho continental, há lugares em que para que o profissional faça o atendimento a população é necessário que ele resida no local, tamanha a distância e a dificuldade de deslocamento. Além disso, dentro das grandes cidades, os locais catalogados como áreas de risco, quer pela miserabilidade da população, quer seja pelo grande número de violências (fruto da mesma miséria), os médicos tendem a se afastar, por não “gostar” de atender nessas condições. O resultado é a população em total abandono.


Elitismo da medicina brasileira


Nunca devemos esquecer que a medicina no Brasil é uma profissão tida como de elite pelo auto custo para formação. Os cursos preparatórios e as universidades particulares sãoelitismo medicina demasiadamente caras. Nas universidades públicas, os filhos dos trabalhadores são cerceados pelo excludente filtro do vestibular, dada a péssima educação básica existente no Brasil. Dessa forma, os operários acabam pagando o estudo dos ricos através de seus impostos, que depois de formados vão preferir abrir seu próprio consultório ou trabalhar para os grandes grupos privados.

Milhares de médicos são colocados todos os anos no mercado de trabalho. Porém, a maioria dos formandos saem com uma “áurea” de superioridade cedida pelo pensamento pequeno burguês, que permeia a profissão. Esse pensamento, alinhado com o descaso dos governos burgueses com a saúde pública vem dificultando que se supra o enorme, cruel e crônico déficit de atendimento médico. O governo, diante de tal impasse, resolveu criar o “Mais Médicos”, contratando profissionais de várias partes do mundo, mas, principalmente, de Cuba.

Isso, é claro, causou o maior “furor” no meio médico burguês e pequeno burguês nacional.

Diziam alguns: “depois de estudar por tantos anos nos bancos das universidades, formamos e agora temos que aturar em nosso meio uma turma chegada de uma ilha insignificante, que fala em socialismo e não tem cara de médico”. Isso porque a maioria dos médicos cubanos tem a pele de uma cor que não combina com a aristocracia médica nacional oriunda de ricos, em sua maioria brancos. Não é à toa que hoje existe um jargão muito disseminado no meio dos trabalhadores, que diz que “a maioria dos médicos acham que são deuses, enquanto a outra parte tem certeza”. Isso se deve a origem e condição quase aristocrática que a profissão concede.


Por uma saúde pública de qualidade


Esse foi um dos motivos, inclusive, que fez com que um grande número desses profissionais engrossassem as fileiras do “pato amarelo”, que clamava o “Fora Dilma”. No entanto, educados e sempre solícitos, os profissionais vindos da ilha de Fidel, numa demonstração do quanto a medicina aprendida por lá pode fazer a diferença, conseguiram conquistar a população e também outros profissionais da saúde. Afinal, eles têm atendido com solicitude nos aglomerados, nas periferias, vilas e favelas, assim como em pontos distantes do território nacional, fazendo o que os médicos brasileiros não queriam fazer.

A importância do “Mais Médicos” é inegável. No entanto, ele vem sendo desmantelado pelo governo golpista de Michel Temer, que procura acabar com o SUS e entregar a já combalida saúde Brasileira aos abutres da saúde privada, que como já foi dito, só sobrevive da doença e da morte da população.

Os trabalhadores devem reagir contra esse tipo de desmonte. Devem se levantar contra esse ataque voraz dos infernais planos de saúde privados e lutarem por uma saúde pública, de qualidade. Nessa pauta, também cabe a luta pela permanência do programa Mais Médicos e, principalmente, por um SUS que privilegie a saúde em detrimento do lucro.


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