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Greve nos Correios expõe luta contra privatização e precarização

Trabalhadoras e trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) iniciaram, nesta semana, uma greve por tempo indeterminado em nove estados. O movimento, que já mobiliza sindicatos de Norte a Sul do país, é uma resposta direta a uma pauta de retrocessos proposta pela estatal e à paralisação das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho, cuja data-base venceu em 1º de agosto. Desde o dia 29 de julho os trabalhadores estiveram em negociação com a empresa. Com a data-base vencida e o esgotamento das negociações, a categoria realizou uma série de assembleias que decidiram pela paralisação por tempo indeterminado. 

 

Os sindicatos que aderiram a medida foram os do Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Vale do Paraíba e Campinas. 

 

A empresa, em vez de apresentar propostas de valorização, colocou sobre a mesa a retirada de direitos históricos, como o vale-alimentação de Natal. Também pretende deixar de ser a mantenedora do plano de saúde, medida que, segundo Elisabete Ortiz, secretária-geral do Sintcom-PR, “atinge diretamente a qualidade de vida e a segurança dos trabalhadores e de suas famílias”, dado o cenário atual de precarização do atendimento. A implantação da jornada 12x36 e o anúncio de um PDV que pode demitir 15 mil pessoas e fechar mil unidades completam o pacote que aprofunda a insegurança e o desmonte.

 

A greve, no entanto, enfrenta uma retórica de intimidação vinda do alto escalão do governo. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, declarou que se os trabalhadores optassem por uma paralisação, a privatização dos Correios entraria em pauta – uma chantagem explícita contra o direito constitucional de greve. A mesma liderança já havia defendido, em julho, a demissão em massa de funcionários e o fechamento de agências, transferindo para os trabalhadores o custo de más gestões passadas.

Enquanto o alto escalão da estatal recebeu aumentos de 14% neste ano, a categoria luta por reajuste que reponha a inflação e pela manutenção de conquistas históricas, como adicional de férias e compensação por trabalho aos fins de semana. 

Os trabalhadores, que apoiaram a eleição de Lula e festejaram sua iniciativa de retirar os Correios do rol de privatizações, deixam claro que seu apoio não é um cheque em branco. A defesa da empresa pública exige investimentos e respeito, não ameaças e cortes. 

A greve é, portanto, mais do que uma luta por melhores condições de trabalho. É uma trincheira contra os mecanismos de entrega do patrimônio público ao capital privado, um caminho que, como visto em outros casos pelo País, só gera prejuízos para a população. 

A categoria reafirma: não aceitará chantagens. Seguirá mobilizada em defesa dos empregos, dos seus direitos e de um serviço postal público, universal e estratégico para o povo brasileiro.

Foto: Reprodução web


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