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Povo nas ruas contra os retrocessos e ataques!

No último domingo, 14/12, um rio de gente tomou as avenidas das principais capitais do País em uma evidente demonstração de força popular. A motivação: a indignação diante das pautas conservadores do Congresso Nacional e a busca, por meio da pressão das ruas, de barrar as tentativas do centrão e da extrema-direita de anistiar ou atenuar as penas dos responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Os protestos, convocados por uma ampla frente de entidades sindicais, movimentos sociais, coletivos e partidos de esquerda, ecoaram o sentimento majoritário da sociedade: é imenso o abismo entre os representantes da burguesia e os interesses populares. A agenda imposta pela maioria conservadora no Congresso não apenas ignora a sociedade, como se apresenta como uma verdadeira inimiga do povo.

De São Paulo ao Recife, do Rio de Janeiro a Porto Alegre, as marchas coloriram de esperança e resistência os centros urbanos. A pauta uniu cidadãos e cidadãs sob a bandeira da defesa do Estado Democrático de Direito. Os cartazes e palavras de ordem eram diretos: "O golpe não se esquece, a luta não se arrefece!" e "Sem anistia para golpistas!". A mensagem ao Congresso era um aviso: o povo não aceita a reconciliação forjada sobre o esquecimento e a impunidade.

Em Belo Horizonte, o ato gigantesco simbolizou a massividade da revolta popular. Robson Silva, militante da LPS, presidente do SINTECT-MG e diretor da CUT Minas, ressaltou a incrível participação popular: “Hoje, mostramos para o Congresso, com os inimigos do povo lá dentro, que quem manda nas ruas é o povo e o povo vai dar a resposta no ano que vem nas eleições. É eleger deputados e senadores que estão alinhados com a ideia do povo, e não aqueles que estão alinhados com as ideias da burguesia, ideias para destruírem os direitos da população mais pobre. Vamos juntos na luta. CUT Minas na luta!”. 

A fala do dirigente sintetiza o espírito e a estratégia política que ganhou corpo no domingo. Os atos não são apenas um protesto reativo, mas um ato de afirmação de soberania popular. Enquanto uma parcela do Congresso, aliada à burguesia e aos setores golpistas, tenta virar a página do 8 de janeiro sem justiça, a esquerda organizada levanta a bandeira da memória como instrumento de luta. A anistia é vista como o último capítulo do golpe, a consolidação da impunidade que beneficiaria a elite que o financiou e minaria a já combalida justiça para os de baixo.

A grandiosidade dos atos demonstrou que uma parte significativa da população está disposta a lutar por direitos sociais e contra os privilégios de uma minoria. Em Belo Horizonte, por exemplo, a luta contra a privatização da Copasa e contra os ataques com objetivos privatistas aos Correios teve destaque no ato. A participação massiva e diversa nas ruas é a prova viva de que a sociedade está atenta em relação aos perigos que ameaçam os direitos do povo. Não se pode tolerar a anistia para quem planejou instalar uma ditadura militar no País para aplicar o mais cruel neoliberalismo contra os trabalhadores, enquanto o povo sofre com a falta de moradia, saúde e educação. Muitas falas expressaram a necessidade de se travar, também, a batalha nas urnas, para expurgar do Parlamento os representantes dos golpistas e das elites econômicas que querem esfolar os trabalhadores e privatizar o patrimônio público. 

Ainda que a democracia burguesa seja uma ditadura de uma minoria contra a maioria, ao eleger representantes comprometidos com os interesses da classe trabalhadora é possível criar os tensionamentos necessários para a defesa do bem-estar social e do estado democrático de direitos, elementos decisivos para o fortalecimento da classe trabalhadora. O domingo mostrou que, quando os direitos sociais estão em jogo, o povo é a última e a mais firme trincheira.

Foto: Luiz Rocha

 


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