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BRICS: a bússola estratégica do Brasil em tempos de mudança

Em meio aos ventos incertos da geopolítica mundial, o BRICS — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora ampliado com países como Egito, Irã, Indonésia e Emirados Árabes — surge como uma nova possibilidade de alinhamento comercial para as nações em desenvolvimento. Para o Brasil, essa aliança vai além dos discursos diplomáticos: representa uma chance de reescrever seu papel no tabuleiro global.

De acordo com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), integrar o BRICS permite ao País “sair da caixinha” e apostar em novas parcerias, explorando mercados emergentes com alto potencial. É como trocar a estrada batida por uma trilha promissora — ainda que desafiadora. Com a presidência rotativa do bloco em 2025, o Brasil assumiu a liderança do bloco sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.

Sob essa liderança, a diplomacia brasileira aposta em temas que já não podem mais esperar: comércio justo, regulação da inteligência artificial, financiamento climático, saúde pública e a tão sonhada soberania monetária. A pauta é extensa, mas o momento exige ousadia.

Vale pontuar que o BRICS tem movimentado os alicerces da economia brasileira. Em 2024, o comércio com os países do bloco bateu a marca de US$ 210 bilhões — 35% do total das trocas comerciais do Brasil. Exportações de soja, minério de ferro, carne e celulose fluem como rios, enquanto o País importa combustíveis, fertilizantes, tecnologia e até estruturas flutuantes. Um sinal claro de que o comércio está longe de ser trivial. A maré segue forte: só no primeiro semestre de 2025, o intercâmbio chegou a US$ 107,6 bilhões, com um superávit de US$ 10,4 bilhões. O Brasil reafirma sua vocação exportadora e colhe os frutos de relações comerciais menos assimétricas.

 

Cooperação, protagonismo e possibilidades

Mas o BRICS não vive só de comércio. O bloco criou instrumentos financeiros como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas (ACR) — verdadeiros colchões de segurança em tempos de instabilidade. No Brasil, o NBD já financiou projetos em energia renovável e infraestrutura urbana. Segundo a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), o país trata o BRICS como ferramenta de transformação, com foco em tecnologia, sustentabilidade e inclusão. A presidência brasileira pode ser o empurrão necessário para atrair investimentos em setores estratégicos — da agroindústria à economia verde.

Com o mundo observando os movimentos do bloco, o Brasil não tem se esquivado do protagonismo. Em julho de 2025, mesmo com uma ameaça de tarifas adicionais dos EUA contra países alinhados ao BRICS, o Governo Federal buscou fortalecer a coesão interna, com uma importante defesa da soberania nacional. O recado foi claro: é hora de andar com as próprias pernas e buscar alianças menos dependentes do eixo tradicional.

Em termos econômicos, Fórum Empresarial do BRICS, com apoio do Planalto, tem aberto portas para empresas brasileiras, especialmente micro, pequenas e médias. É um jogo de ganha-ganha: o Brasil oferece inovação, e os parceiros abrem suas vitrines. No campo digital, o País quer mais do que acompanhar: quer ditar tendências. O fluxo de dados, a regulação da IA e a integração digital têm ganhado destaque.

Mais que uma aliança, o BRICS se consolida como uma importante possibilidade comercial e política para o País sair de uma longuíssima história de subserviência à Europa e aos Estados Unidos.  Com a presidência do bloco em 2025, nosso País tem a chance rara de reforçar seu papel como voz ativa do Sul Global. Entre promessas e pressões, o Brasil fincou os pés com firmeza. Busca não só crescimento econômico, mas também influência e, por que não, um novo lugar à mesa das grandes decisões.

Não à toa, os países do BRICs vêm enfrentando ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, com aumento das tarifas de exportações; ataque militar, como no caso do Irã, e interferências na política interna, como no caso do Brasil, em que as sanções aparecem como retaliação à condenação de Jair Bolsonaro. A nação imperialista hegemônica está preocupada com a perda da dominância do dólar e da influência americana na economia e na política global. O Império está em crise e reage. Resta-nos acompanhar e incentivar  que o País ocupe uma posição de destaque nessa nova ordem mundial multipolar. Para isso, precisamos fortalecer candidaturas nos próximos pleitos eleitorais que estejam alinhadas com essa perspectiva político-econômica. É dessa maneira que evitaremos que este acerto, no que diz respeito à política externa brasileira, não se esvaia na próxima troca de governo.

 

Foto: Alexandre Brum/BRICS Brasil


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