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Trump e a institucionalização da ditadura

Universidade mais prestigiada do mundo, Harvard, tornou-se alvo direto das ameaças do caótico governo de Donald Trump

Conhecida como a universidade mais prestigiada do mundo, Harvard, na cidade de Cambridge, estado de Massachusetts, Estados Unidos, tornou-se alvo direto das ameaças do caótico governo de Donald Trump (Republicanos) e se encontra na mira dos sionistas genocidas do povo palestino, aliados de primeira ordem do governo republicano. Trata-se de uma universidade privada, praticamente inacessível aos filhos da classe trabalhadora estadunidense. Apesar disso, como outras, é subsidiada há tempos pelos governos americanos. Harvard é dona de uma história imponente de influência e riqueza. Com um curriculum de 388 anos de história, 161 prêmios Nobel e responsável pela formação de oito presidentes dos Estados Unidos, a Universidade tem um patrimônio (ativos próprios que investe para financiar suas atividades) de US$ 53 bilhões (R$ 308 bilhões), mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de 120 países, incluindo Islândia, Bolívia, Honduras e Paraguai. Esse patrimônio é composto por doações milionárias, mensalidades altas, investimentos bem-sucedidos, isenções fiscais e verbas públicas.

Desde o início de seu governo, Trump tem entrado em conflito com instituições acadêmicas que integram o grupo da Ivy League, conhecidas como as mais renomadas dos EUA, entre elas a universidade de Columbia e a própria Harvard. Todas acusadas de não combater o antissemitismo ao permitirem manifestações pró-palestinos nos campi universitários. A Universidade Columbia, em Nova York, foi o epicentro dos protestos estudantis pró-Palestina, ocorridas no final do governo Biden. Mesmo cedendo às imposições de Trump, que incluía, entre outras coisas, a proibição do uso de máscaras faciais no campus e a autorização para que agentes de segurança removessem ou prendessem indivíduos que as usassem, ela permanece à espera de cerca de 400 milhões de dólares em bolsas e contratos suspensos pelo atual governo.  Tais medidas foram contestadas pela comunidade universitária. A Columbia também concordou em colocar o Departamento de Estudos do Oriente Médio, Ásia e África sob um novo responsável.

A mesma perseguição ocorre em Harvard, que vem sendo acusada de não combater o antissemitismo no campus. Esse é o pretexto para manter sob ameaça todas as instituições acadêmicas que não se aliarem a sua política sionista. Nos últimos meses, as verbas federais para Harvard foram cortadas em quase US$ 2 bilhões, além de ameaças de retirar incentivos fiscais. O governo também anunciou que deixaria de conceder vistos a estudantes estrangeiros, além de obrigar os já matriculados a mudarem de instituição, sob pena de serem expulsos do País. Em resposta à posição da Universidade de não fornecer dados sobre seus alunos estrangeiros, isto é, a lista dos nomes e países de origem, Trump exigiu que os estudantes aceitos para o próximo ano letivo não sejam matriculados e procurem outras instituições para não perderem os vistos de permanência. As exigências também incluem o acesso aos registros disciplinares de estudantes americanos matriculados em Harvard nos últimos cinco anos. Bastou a ordem de suspender o acesso de Harvard ao Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP), para imediatamente os estudantes estrangeiros terem seus vistos suspensos, caso não procurassem outras universidades. O objetivo do governo Trump é o de aumentar a repressão e o controle às instituições focos de protestos estudantis, visando impedir que manifestações contra os arroubos imperialistas de seu governo possam extrapolar os muros das universidades.

Como fica evidente, o objetivo é forçar as instituições a reprimirem os protestos da juventude estudantil contra, principalmente, os desmandos do governo estadunidense, o genocídio promovido por Israel na faixa de Gaza e a política externa dos EUA em relação à Ucrânia. Políticas estas decisivas na não recondução de Biden à presidência do País. As falsas acusações de antissemitismo aos legítimos protestos de estudantes e professores contra o genocídio do governo israelense de Netanyahu servem, também, de “cortina de fumaça” para esconder o fato de o governo Trump não estar conseguindo resolver os problemas internos dos EUA, que, a cada dia, ficam mais nítidos aos olhos do mundo.

 

Ação e reação

Harvard, conseguiu reverter na Justiça, temporariamente, a caça às bruxas contra os estudantes estrangeiros que compõe um percentual de 27 % do total dos estudantes matriculados em 2025. Nominalmente são cerca de 6.800 estudantes estrangeiros advindos de 140 países diferentes.  O Juiz que acatou o pedido da universidade classificou a medida de Trump como uma “violação flagrante” da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de religião, de expressão, de reunião e de petição ao governo, e de outras leis federais. No entanto, como em toda democracia burguesa, as regras americanas são fluidas e estão de acordo com os interesses de quem financia o governo e o aparato estatal. O conceito de direitos humanos, liberdade de expressão, liberdade de cátedra e democracia estão limitados por esses interesses.

Em resposta no ato da rejeição às demandas do governo, o presidente de Harvard, Alan Garber, declarou que a universidade não abrirá mão de sua independência, nem de seus direitos constitucionais previstos na Primeira Emenda. Resta saber até quando a gestão de Havard conseguirá se contrapor ao Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), determinado a proibir a presença de estudantes estrangeiros na Instituição.

As exigências de Washington, ao que tudo indica, continuarão. Em sua rede social, Trump escreveu que espera as listas de estudantes estrangeiros de Harvard e diz que são lunáticos radicalizados, todos eles “arruaceiros”, que não devem ser admitidos de volta nos EUA.  O discurso alimenta a narrativa xenofóbica de seu governo e encobre o fato de o governo está, na prática, impondo uma ditadura contra aqueles que se oponham à política criminosa, higienista e racista da extrema-direita.

A repressão às comunidades universitárias é uma demonstração de que uma ditadura institucional está em curso nos EUA. É a ponta do iceberg do que virá contra a classe trabalhadora e a população em geral ao se colocarem em movimento contra esse governo, representante dos monopólios financistas, donos da política neoconservadora.

Eis um governo em desespero diante da real possibilidade de perder o controle sobre os trabalhadores e a população em geral.  

 

Foto: reprodução web

 


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