• Entrar
logo

O futuro da logística no Brasil, os direitos trabalhistas e os Correios

O mercado de logística no Brasil tem crescido de forma acelerada nos últimos anos, impulsionado pelo aumento do comércio eletrônico, mudanças nos padrões de consumo e pela busca por eficiência na distribuição de bens e serviços. Contudo, esse setor enfrenta desafios significativos que afetam sua sustentabilidade e equidade, tornando urgente a necessidade de regulamentações adequadas para garantir uma concorrência justa e os direitos dos trabalhadores.

Essa situação reflete as contradições do sistema capitalista que prioriza o lucro em detrimento dos direitos dos trabalhadores e da justiça social. Enquanto a logística se expande, movida pelo crescimento do comércio eletrônico e pela globalização da produção, ela também se torna palco de exploração brutal da força de trabalho e da desregulamentação que favorece a elite empresarial.

O setor de logística, crucial para a economia brasileira, está marcado por uma concorrência desleal, amplamente favorecida pela falta de regulamentação efetiva. Ao lado dos Correios, que é uma empresa estatal com função social, atuam empresas informais ou que burlam normas trabalhistas para conseguirem oferecer preços mais baixos, o que prejudica as empresas que atuam de forma ética e conforme a legislação. Isso resulta não apenas em perdas de receita para o governo, devido à evasão fiscal, mas também em um ambiente de mercado onde a precarização do trabalho é normalizada.

A regulamentação clara para o setor logístico é fundamental para criar um ambiente de negócios equilibrado. Isso inclui a definição de normas para contratação de profissionais, fiscalização contra a informalidade e a exigência de boas práticas ambientais e operacionais. Além disso, é essencial que os órgãos governamentais promovam ações de fiscalização rigorosa para coibir abusos e irregularidades. Empresas que operam dentro das normas estabelecidas contribuem para uma economia mais forte, geram empregos de qualidade e promovem o bem-estar social.

A regulamentação não deve ser vista apenas como um custo adicional. Nos marcos do que a sociedade capitalista pode oferecer, ela representa um investimento em sustentabilidade econômica e social. A ausência de uma fiscalização rigorosa leva à exploração de terceirizados como motoristas, entregadores e outros profissionais do setor, com jornadas excessivas, falta de segurança e a não garantia de direitos como férias, décimo terceiro salário e previdência social, enquanto são forçados a competir entre si em uma corrida sem fim imposta por plataformas digitais. A informalidade e o uso de aplicativos desumanizam os trabalhadores, que são tratados como peças descartáveis de um sistema impessoal. Esse cenário não apenas desvaloriza a força de trabalho, mas também compromete a qualidade dos serviços prestados, afetando diretamente os consumidores.

Uma concorrência desleal destrói empresas menores e enfraquece os trabalhadores organizados, aprofundando as desigualdades sociais. Trata-se de uma reprodução da lógica capitalista, em que a acumulação de riqueza para poucos é sustentada pela precarização das condições de vida de muitos.

É imperativo que a classe trabalhadora se organize para combater a precarização das relações de trabalho e que o movimento sindical esteja à frente das lutas pela limitação das jornadas exaustivas e para assegurar os direitos fundamentais dos trabalhadores desse setor. Isso se faz com a união da classe trabalhadora no combate às investidas do empresariado, que busca desmobilizar os trabalhadores e enfraquecer suas conquistas históricas.

 

Correios: um pilar estratégico na logística nacional e da soberania popular

 

Os Correios, como uma das maiores instituições de logística do Brasil, têm um papel central nesse cenário. Contudo, a Empresa precisa investir em tecnologia e inovação para se manter competitiva e atender às demandas crescentes do mercado e os desafios impostos pelo avanço das plataformas privadas. Soluções como rastreamento em tempo real, automação de centros de distribuição e dos processos, a ampliação da rede de serviços digitais e integração com plataformas digitais são essenciais para melhorar a eficiência operacional.

Além disso, a Estatal pode expandir sua atuação no mercado de marketplaces, conectando pequenos e médios comerciantes a uma ampla rede de consumidores. Essa estratégia não apenas diversifica as fontes de receita da empresa, mas também promove a inclusão digital e econômica de negócios locais, fortalecendo a economia nacional. O fundamental é que, sendo os Correios um instrumento de desenvolvimento nacional e de proteção contra oligopólios privados, ao expandir sua atuação no mercado, torna-se motor de inclusão econômica e pode cumprir sua função social de forma plena.

A classe trabalhadora não pode aceitar que o setor logístico continue a ser um símbolo de exploração e desigualdade. A regulamentação do setor e o fortalecimento dos Correios como instituição pública são tarefas estratégicas para a luta sindical e para a construção de um sistema logístico que sirva ao povo, e não ao lucro de uma minoria. É preciso que nos unamos, trabalhadores do setor logístico, para resistir às investidas do capital e construir um futuro em que a logística seja uma ferramenta de justiça social e soberania nacional. A luta é coletiva e depende de organização e ações concretas.

 

Foto: Digital.Intermodal


Topo