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Stock Car em BH: “circuito motosserra”

Belo Horizonte, há décadas, era popularmente conhecida como a Cidade Jardim, uma bucólica capital que tinha em seu entorno vasta área verde que protegia e envolvia os moradores em um clima ameno. Hoje, não mais! Esse título ficou só na memória. Um momento que está gravado nos olhos dos nossos antepassados. 

A exploração predatória tem destruído nossas riquezas naturais e, para piorar a situação, atualmente, a cidade está em uma encruzilhada onde o jogo de cartas marcadas (que dita as regras) quase nunca favorece seus moradores.

É o caso da Stock Car, etapa BH. O anúncio de um contrato de cinco longos anos com uma empresa de eventos para a promoção dessa competição automobilística, um evento PRIVADO, com os carros percorrendo um circuito em torno do estádio de futebol Mineirão, deixou todos os que lutam por uma cidade mais humana e inclusiva de “cabelos em pé”. 

A prova automobilística, realizada em várias partes do País, em locais próprios pra isso, será diferente em BH. Aqui ela acontecerá no entorno doMineirão e, em consequência, foram derrubadas 63 árvores adultas (algumas consideradas ameaçadas de extinção, como a Pau-Ferro). Além disso, houve deslocamentos de pontos de ônibus, alargamento de pistas, enfim, várias intervenções urbanas. Diante de tantas mudanças a pergunta que não quer calar: houve estudos de impactos ambientais? A resposta é direta: NÃO! 

Apesar de a pista para o evento estar localizada à porta do Hospital Veterinário da UFMG, um hospital escola de referência pra todo o país, que recebe e trata animais de vários portes, além de estudantes de medicina veterinária e pesquisadores, e do Centro Esportivo Universitário (CEU),  não houve diálogo com a comunidade acadêmica. Tudo isso mostra o desprezo e a falta de empatia que o atual poder público tem para com os moradores da cidade. 

Tudo isso para atender o setor privado. Não à toa a Stock Car é conhecida popularmente como o divertimento de “filhinhos de  papais”, um “esporte” para ricos. Resumindo: o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Nomam (PSD), hoje chamado jocosamente de “prefeito motosserra”, desconsiderou todos os apelos feitos pela sociedade de não realização do evento na região, está realizando o corte  de árvores adultas (inclusive na madrugada), promovendo barulho ensurdecedor, para satisfazer os interesses dos que lucram com o evento. A prefeitura de Belo Horizonte realizou uma concorrência, sem licitação, no valor de R$ 20,3 milhões, para que uma empresa fizesse as modificações urbanísticas. Quem pagará essa conta? A população belo-horizontina, certamente!

Enquanto isso, a velha e histórica tática de tentar convencer a população, através da imprensa corporativa e tendenciosa não para. Certamente o comércio local se beneficiará do investimento, mas a questão é: ao custo de quê? O debate não é ser contra o evento, mas sobre a região em que ocorrerá e todos os danos que causará. 

Stock car no Mineirão, não.


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