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Depoimento de General mostra liderança de Bolsonaro na tentativa de golpe

No último dia 01/03, o general Marco Antônio Freire Gomes prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado planejada diante da derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022. O General respondeu a cerca de 250 perguntas e expôs a participação do ex-presidente na mobilização golpista. Segundo ele, Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, apresentaram duas versões da 'minuta do golpe' e avisaram que aquilo seria implementado. Gomes também afirmou que o então chefe do Executivo era o responsável pela manutenção dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis do Exército.

Deflagrada no início de fevereiro, a operação Tempus Veritati, da Polícia Federal, tornou Bolsonaro e diversos de seus aliados alvo de mandados de busca e apreensão. Na decisão que autorizou a Operação, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que as investigações revelaram que “Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentada por Felipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado. O documento detalha o que considera  interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo, decreta a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e, por fim, determina a realização de novas eleições”.

Se, por um lado, os relatos do general Marco Antônio Freire Gomes à PF incriminam Bolsonaro, por outro tentam eximir a cúpula do Exército de responsabilidade sobre o movimento golpista. Supostamente, Freire Gomes seria um dos militares que resistiu à atuação das Forças Armadas para a supressão do resultado da eleição que deu a vitória à Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas o fato é que o depoimento de Gomes corrobora e vai além da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente. Também o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Batista Júnior, em seu depoimento à PF, no último dia 16 de fevereiro, apresentou uma versão similar dos fatos sobre a reunião do planejamento golpista. Ele também diz ter se oposto ao golpe. Nessa versão, apenas o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria aderido aos planos golpistas. Garnier, assim como o general Braga Neto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, em 2022, e outros militares, vistos como apoiadores do golpe, ficaram calados no depoimento à PF.

As revelações dos militares desmentem a versão apresentada pelo ex-presidente, que alegou, inicialmente, desconhecer o documento apreendido na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de seu governo. No entanto, o próprio Bolsonaro se contradisse sobre o assunto no ato que promoveu no último dia 25 de fevereiro, em São Paulo, em que afirmou que a proposta existia, mas seria constitucional. O fato é que o cerco da PF e da Justiça à Jair Bolsonaro, sua família e ex-ministros de seu governo está se fechando. Bolsonaro ainda enfrenta outros dois processos, um em relação à fraude de seu cartão de vacina e outro referente ao roubo de joias ganhas pela presidência, além de oito ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 No entanto, isso não tem diminuído o tamanho do bolsonarismo no País, o que ficou comprovado pela significativa manifestação do último dia 25 de fevereiro. O enfrentamento à extrema-direita e ao perigo representado pela adesão popular ao bolsonarismo deve ser organizado à luz da luta de classes, na defesa do governo Lula como representante dos interesses da classe trabalhadora. A mobilização da classe operária tem sido dificultada pelo avanço das políticas neoliberais e não será a prisão de Bolsonaro que irá barrar o golpismo das classes dominantes que age em defesa dessas políticas. É preciso mobilizar as massas na defesa dos interesses populares. 

Foto: Marcos Corrêa/PR


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