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Projeto de privatizações de Tarcísio avança e Ciência & Tecnologia está no alvo

No último dia 09 de fevereiro, o portal da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) publicou uma matéria revelando os planos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a privatização do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), uma centenária instituição pública de pesquisa. De acordo com a publicação, o governador impôs a nomeação do ex-reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o engenheiro Anderson Ribeiro Correia, como diretor de “Novos Negócios, Inovação e Open”, diretoria responsável pelo programa “IPT Open Experience”, por meio do qual vem sendo implantada uma rápida e crescente privatização do Instituto. A tirania foi tamanha que sequer o Conselho de Administração do IPT foi consultado sobre a substituição da então diretora de “Novos Negócios, Inovação e Open”, Cláudia Caparelli, por Anderson.

Anderson Correia ser cotado para assumir o Ministério da Educação (MEC) no governo de Jair Bolsonaro, mas acabou ficando com a presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), em 2019. Em seu “currículo” bolsonarista constam declarações incompatíveis com a doutrina científica, tais como posicionamento abertamente antivacinas, colocar em dúvida as urnas eletrônicas e ser contra concurso público para a carreira docente universitária. Professor titular do ITA, ele exerceu dois mandatos como reitor da instituição: 2016-2018 e 2020-2023. Vale lembrar que os reitores do ITA são escolhidos e nomeados pelo Alto Comando da Aeronáutica, sem passar pelo crivo de nenhum processo eleitoral minimamente democrático. Tais fatos escancaram o bolsonarismo encrustado no governo de Tarcísio de Freitas, com suas práticas autoritárias para aprofundar as políticas neoliberais em favor do mercado e contra os interesses públicos.

Como reza a cartilha neoliberal, o programa “IPT Open”, iniciado na gestão do governador João Doria (PSDB), pela então secretária do Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen da Silva, não passa de mais um mecanismo para jogar verbas públicas nas mãos de grupos privados, em detrimento dos interesses sociais. Ellen, quando diretora da McKinsey Brasil, foi uma das responsáveis pelo projeto “USP do Futuro” (2015-2016) e, em 2021, como Secretária do governo Dória, cedeu parte do campus do IPT para a instalação da recém criada Faculdade Inteli-IBTCC, ligada ao banco BTG-Pactual, cujo co-fundador e atual sócio é o ex-ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. A empresa se apoderou de instalações e de uma parte do espaço do campus do IPT. O contrato foi realizado com dispensa de licitação e é sigiloso e, embora tenha sido incluída no “IPT Open” como uma empresa de tecnologia, a Inteli-IBTCC é tão somente uma faculdade, sem nenhuma expertise em pesquisa ou tecnologia.

De acordo com a matéria da Adusp, a próxima empresa a ser beneficiada pelo programa a ser dirigido por Anderson é a Google. O início da reforma das instalações que abrigarão a Google está agendado para 26 de fevereiro.

A geóloga, pesquisadora do IPT e diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia de São Paulo (SINTPq), Priscila Leal, avalia a nomeação de Anderson como uma imposição do governo estadual, sem transparência e autoritária, pois o corpo funcional do IPT não foi ouvido a respeito. Para Priscila é “muito preocupante e completamente fora de propósito que um cargo de direção de uma renomada instituição de ciência e tecnologia seja confiado a alguém que tem um comportamento anticientífico.” Prova do autoritarismo do governo paulista é a nomeação de Anderson para a diretoria do IPT, sem sequer ter o assunto pautado no Conselho de Administração do Instituto, o órgão que estatutariamente é o responsável pela escolha e nomeação da diretoria executiva.

Com a "nova onda neoliberal" que se instalou no mundo após a crise de 2008, houve uma escalada dos ataques contra os trabalhadores para salvar os lucros dos grandes capitalistas que tentam desesperadamente manter suas taxas de lucro. Todas as áreas de interesse público são atingidas por esses ataques. A pesquisa, se privatizada, perde seu papel social, que é o de garantir aos indivíduos direitos fundamentais, individuais e coletivos, que dão aos trabalhadores a dignidade, desde que sejam acessíveis a todos. É preciso que as organizações dos trabalhadores se unifiquem contra o bolsonarismo agressivo que está instalado no estado de São Paulo. Por pesquisa pública, para atender aos interesses da maioria!


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