• Entrar
logo

Argentina refém da extrema-direita imperialista. Até quando?

Com a vitória de Javier Milei (“A Liberdade Avança”), com 56% dos votos, contra o peronista, Sérgio Massa, a extrema-direita na Argentina, perante a crise que se abriu com a divisão do mundo em polos econômicos diversificados, deverá atuar como “ave de rapina” para amortecer a queda na acumulação capitalista. Neste caso, pode-se dizer que a ascensão da direita na Argentina tem uma relação direta com a crise econômica mundial hegemônica, em especial a estadunidense.

Em condições diferenciadas, o imperialismo tem atuado de formas diversas, mas interconectadas. É bom lembrar que na Ucrânia ocorre uma guerra da Organização do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia/China. Agora, há cerca de dois meses, o imperialismo ocidental apoia incondicionalmente o genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza, onde se descobriu uma grande bacia de reserva de gás e petróleo, ao norte, o que pode ser um grande negócio para Israel\EUA, que venderão combustível energético para a Europa. Ao que tudo indica, o avanço territorial de Israel e o controle das reservas de energia têm como objetivo desmantelar o mundo Árabe que controla os negócios do petróleo.

Toda essa operação, baseada em crimes de guerra, deve ser vista como parte de um negócio que sempre serviu para acumular capital, promover expropriação dos bens naturais e subjugar a população inteira do país que está a ser destruído. Por isso, a luta internacional contra o imperialismo de conjunto se faz necessária e se coloca na ordem do dia.

No momento o script é: o imperialismo em agonia tenta a todo custo manter a acumulação de capital e não aceita dividir a sua hegemonia com o eixo econômico e político do bloco eurasiático, com a consolidação do BRICS e do Mercosul. Países vítimas desse enredo estão diretamente envolvidos nessa questão, inclusive, os africanos.

Os países da América Latina, em particular o Brasil, que ponham as “barbas de molho”. Nos livramos do personagem “outsider” Bolsonaro, porém a direita comanda o Congresso Nacional e exerce forte pressão sobre o presidencialismo de coalizão de Lula. O poder do Estado é sempre do capital e as forças conservadoras, se articulam pelo mundo afora, imprimindo uma política de caráter fascista, que é outra faceta da política burguesa. Do ponto de vista ideológico, o fascismo ganha capilaridade por meio das Igrejas e dos grandes meios de comunicação.

A população argentina não terá saída, a não ser fazer o enfrentamento ao choque econômico brutal que está sendo articulado. Inclusive, a ameaça de um golpe de Estado é, a cada dia, mais real, com a adoção de medidas repressivas contra as manifestações populares logo no início do governo Milei.

A vitória de Javier Milei está longe de ser a alternativa para evitar a crescente ameaça de convulsão social que se arrasta há tempos na Argentina, segunda economia mais importante da América Latina. 

A política de “terra arrasada” que se desenha para a população, sob comando da extrema-direita mundial, tende a aprofundar as contradições sociais. O plano de Milei, sem dúvidas, é permitir a exploração, ao máximo, dos trabalhadores para que as grandes corporações se apropriem das riquezas naturais e privatizar o que resta para abrir mercado para o capital estrangeiro. Além do mais, ao romper com os países do bloco multipolar, em particular com o BRICS e o Mercosul, a economia Argentina passa a ser cada vez mais dependente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que continuará a ditar as regras econômicas e a submeter a população e os trabalhadores a uma situação ainda pior do que se encontra o País no momento.

Ao se distanciar dos países do Sul Global e de uma unidade em busca de desenvolvimento econômico que possa garantir um mercado interno sustentável, a Argentina pode ser colocada na contra mão da história. E estamos falando em termos de desenvolvimento capitalista e não de uma radical mudança em nome da justa distribuição da riqueza produzida pela população trabalhadora.

Com a extrema-direita no controle do Estado, a população argentina está entregue a própria sorte, sob ameaça de um regime autoritário. Um retrocesso sem tamanho. No entanto, entre falar e fazer há diferenças. O quanto Milei conseguirá levar seus planos até as últimas consequências é uma questão dada. As contradições provocadas pelos duros golpes provocarão a reação da população e dos trabalhadores. Por outro lado, o presidente eleito não tem maioria no Congresso e, assim, não será fácil aprovar um plano econômico de ataque direto à população e, ao não apresentar imediatamente um plano de controle da inflação e um crescimento econômico a curto prazo, Milei poderá ser destituído em pouco tempo.

Resta saber se ou como esse fantoche argentino do imperialismo norte-americano vai esmagar a capacidade de resistência histórica do movimento sindical e popular do povo argentino. É importante entender que o apoio às lutas de resistência dos argentinos será muito importante para toda a América Latina, em busca de sua unidade contra o imperialismo estadunidense no continente.
 


Topo