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Genocídio em Gaza unifica a população mundial contra Israel

Os ataques do exército de Israel têm destruído casas, prédios e hospitais e matado crianças, mulheres, doentes, idosos e refugiados palestinos na Faixa de Gaza e seus arredores. Como resposta, em diversas partes do mundo a população sai às ruas em gigantescas manifestações, protestando contra o genocídio do governo sionista israelense contra os palestinos. As palavras de ordem que ecoa entre os manifestantes são as de cessar fogo imediato e por uma Palestina livre de seus algozes colonizadores. Protestam por outro lado, contra o apoio de seus referidos governos à Israel e contra as narrativas inventadas pelos países imperialistas, propagandeadas pelas grandes mídias, para escamotear os verdadeiros objetivos da direita sionista para Gaza e o Oriente Médio.

Em 22 de setembro, três semanas antes do início do conflito, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu anunciou, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, EUA, que seu país estaria perto de um acordo histórico com a Arábia Saudita. Durante sua fala, Netanyahu apresentou um mapa do Oriente Médio, destacando Israel e alguns países árabes de seu entorno sob o título “O novo Oriente Médio”. No mapa a Faixa de Gaza não aparece. O fato revela um plano pré-estabelecido contra o qual os palestinos podem ter decidido reagir por meio do Hamas.

A carta branca dada pelos Estados Unidos para a matança israelense contra os palestinos  não deve ser entendida como direito de resposta e autodefesa de Israel.. Ao contrário, ela diz respeito às intenções estadunidenses nesta faixa de terra, encravada no Oriente Médio, rica em petróleo e que proporciona uma alternativa frente à “nova rota da seda” encabeçada pela China. Isso ficou evidenciado quando o Brasil, utilizando-se de sua temporária posição de liderança no Conselho de Segurança da ONU, conseguiu a aprovação da proposta de criaçãode um corredor humanitário para que os civis fossem retirados de Gaza e os Estados Unidos vetaram. 

É de interesse estadunidense que exista o controle de Israel em todo o território palestino. Ao mesmo passo, é importante relembrar que Israel pretendia normalizar as relações políticas e econômicas com a Arabia Saudita e os Emirados Árabes, desde que os mesmos deixassem de lado a questão Palestina. Acordos esses já extensivos a outros países do Oriente Médio. As contradições aqui também podem aumentar. Só não se sabe se diante da guerra em curso, a estratégia política de Israel vai permanecer intacta.

Porém, mesmo com toda a propaganda sionista, a virada de chave aconteceu. O ataque escandaloso, transmitido ao vivo para o mundo inteiro, que mata uma população civil desarmada em Gaza, está servindo para aglutinar internacionalmente  trabalhadores de todo mundo em favor da causa palestina, mesmo nos principais países imperialistas. Ao contrário do que a propaganda sionista esperava, aprofunda-se a tomada de consciência política e humanitária das populações ao redor do mundo, nunca vista antes na história do conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino. As incessantes campanhas midiáticas imperialistas de narrativas pró Israel, não conseguem impedir o levante dessas vozes populares. 

Vê-se o aprofundamento das contradições em todos os níveis, e elas podem fazer com que os dirigentes percam o controle da propaganda contra o “terrorismo. Muitas vezes essas contradições aparecem por dentro dos órgãos de propaganda imperialista: no percurso das manifestações, ocorreram várias contestações em frente às sedes das grandes empresas da imprensa venal, espalhadas pelo mundo. ”. Há vozes jornalísticas por dentro apontam os erros políticos da estratégia do governo de Israel, a ponto de o governo Netanyahu acusar, através do site Onix Reportem, o New York Times de cometer crimes de guerra e conspirar contra Israel. Um dos colunistas chegou a comparar os acontecimentos em Gaza com as grandes batalhas do século XX, em referência à tentativa nazista de cercar Stalingrado na  Segunda Guerra Mundial.
 
Diariamente jornalistas são mortos em serviço pela artilharia enlouquecida de Israel. O próprio jornal israelense Haaretz mostrou  indícios de que este mesmo exército é responsável pela morte de sua própria população, inclusive dos jovens que estavam em uma “rave”, durante o contra-ataque do Hamas aos postos militares em Israel. Em resposta o Estado sionistaacusa os jornalistas de serem defensores do Hamas, pelo simples fato de publicizarem os acontecimentos dos fatos que vem ocorrendo na faixa de Gaza. A censura e perseguição são constantes. Sabe-se que o próprio Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, chegou a ligar para a rede de TV Al Jazeera, de propriedade do governo do Qatar e que mostra o genocídio da população civil e a destruição de Gaza, para que diminuíssem a exibição dos acontecimentos naquela região. 

 

Oposição à Israel nos países mais ricos

 

O aprofundamento das mobilizações populares nos EUA, Europa e nos países Árabes com paralisação de operários em importantes portos em mais de 9 estados da Europa e dos EUA, que cruzaram os braços e se negaram a fazer o embarque de armas pra Israel são fortes indícios de uma  tomada de consciência. Eis um importante acontecimento de cunho político em grandes proporções: a população e os trabalhadores pressionando os seus governantes. 

A população estadunidense que já vinha contestando os gastos públicos do governo de Joe Biden com a guerra que ocorre na Ucrânia, contra a Rússia, vai protestar contra mais essa investida bélica. Até o momento, com apoio dos Estados Unidos, Israel já gastou em torno de 10 bilhões de dólares nesse projeto de limpeza étnica contra os palestinos e isso agrava a situação interna de Biden, que tende a ser o candidato dos democratas nas próximas eleições presidenciais que se aproximam. . Pesquisa realizada pela agência Gallup, ainda em março deste ano, mostrou que, pela primeira vez na história, o número de democratas nos EUA que se diz simpatizar com a Palestina superou aqueles que simpatizam com Israel, em 49% contra 38%. Ainda assim, os dirigentes não movem uma palha contra a sanha de Netanyahu. O mesmo acontece com os líderes europeus, cuja covardia política está sendo exposta ao mundo. Assim, o mito dos defensores dos direitos humanos e ddemocracia está vindo a baixo, sem máscaras.

É preciso salientar também que mais da metade das comunidades judaicas existentes nos EUA, pedem o cessar fogo imediato. A pressão só tende a aumentar. Após a ridícula proposta de cessar fogo por apenas 4 horas por dia feita por Israel, a mobilização das massas respondeu com mais veemência e mais gente na rua. A última manifestação em Londres, por exemplo, reuniu quase um milhão de pessoas.

Há cisões também entre os próprios israelenses. Caiu por terra o mito de que Israel seria uma fortaleza intransponível e de que todos os judeus estão seguros sob o governo de direita sionista. Um governo que estava por um fio, ameaçadode prisão por corrupção e acusado de ditador por tirar os poderes dos tribunais de justiça. Hoje o mesmo é tido como o pior dirigente de toda a história de Israel e háum sentimento de insegurança vivida pela população israelense. Muitos jornalistas afirmam que a população se encontra em pânico. 

 

Estratégia de sufocar a Palestina cai por terra

 

A estratégia que vem se colocando em prática a longo prazo pelo estado sionista, de varrer da Faixa de Gaza os palestinos, que na maior prisão a céu aberto do mundo, pode ser o início do fim do Estado colonizador de Israel. Não há dúvidas de que essa estratégia caminha para o saco. Israel na verdade se constituiu como um braço armado dos EUA em uma zona riquíssima em petróleo.

Os governos Árabes recentemente enviaram um comunicado oficial ao serviço de segurança dos EUA, dizendo que não tinham mais como segurar por muito tempo a indignação de suas populações. Isto não significa dizer que poderão entrar de conjunto em guerra contra Israel, pois são muitas transações financeiras entre os magnatas do petróleo em jogo. Suas fortunas estão sob a guarda de grandes bancos desses países. Por outro lado, o plano apresentado por Netanyahu à ONU, intitulado o “Novo Oriente Médio”, envolve a discussão sobre um corredor pra Israel exportar energia para a Europa: petróleo e gás vindos da Arabia Saudita, Emirados Árabes, da costa de Israel e da região norte da Faixa de Gaza. 

A linha vermelha que podia levar à regionalização do conflito, vai depender do amadurecimento e aprofundamento das pressões populares do próprio Oriente Médio e ao redor do mundo. Fato é que está cada vez mais difícil não se posicionar diante de mais de 11 mil civis palestinos mortos Entre eles contabilizam-se cerca de 5 mil crianças mortas ou desaparecidas e 80 % das residências destruídas.

Por outro lado, vários países do Sul Global já romperam relações políticas e econômicas com Israel e outros tensionam e ameaçam fazer o mesmo. No Brasil as manifestações ocorreram em grandes números no último 4 de novembro, dia tido como de manifestações internacionais a favor do povo palestino e pelo cessar fogo. Diante as afrontas feitas semana passada pelo embaixador de Israel no Brasil, ao se reunir com o ex-presidente Bolsonaro e parlamentares de extrema-direita na Câmara dos Deputados, levantam-se vozes pedindo para o governo Lula romper relações com Israel, chamar de volta o nosso embaixador em Israel e expulsar o de Israel das terras brasileiras. O próprio resgate dos brasileiros impedidos de saírem da Faixa de Gaza foi uma verdadeira saga para o governo brasileiro. 

As mobilizações massivas movidas contra o genocídio em Gaza, é mais que importante para elevação da consciência política e reagrupamento dos que querem um mundo melhor. Mesmo no momento atual, em que estamos diante da crise das direções das organizações dos trabalhadores, que se arrasta por um longo período de tempo e sem unificação dos organismos internacionais da classe trabalhadora, a crescente mobilização popular tem deixando as burguesias imperialistas em maus lençóis em seus próprios países. Todo apoio à causa Palestina!
 


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