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A causa palestina e a solidariedade dos trabalhadores

A complexidade de compreensão do conflito entre Israel e palestinos deixa os trabalhadores à mercê de narrativas impostas pela grande mídia. Comumente, o telespectador é levado a um dualismo (bem x mal), o que por si só, já revela a falta de compromisso com a informação da imprensa burguesa. Sem detalhar nuances dos dois lados, sem dar voz às lideranças palestinas e sem munir o ouvinte com informações que lhe são negadas pela impiedosa força do “patrocínio”, dão a entender que existe um lado “certo” e outro “errado” e se posicionam no lado que consideram certo, o do sionismo israelense.

A imprensa corporativa não mostra conexão com os dramas do povo palestino levando o trabalhador a desconhecer a realidade em todas as suas faces. A expulsão de palestinos dos seus assentamentos, a negação dos mesmos enquanto povo, a realidade dos campos de refugiados, as humilhações que passam para comprar comida, água e remédios, o fato de precisarem de autorização pra entrar ou sair de Gaza, de que suas reservas de água são propositalmente salgadas pra que eles morram de sede, de que o acesso ao mar para pescar lhes é negado, entre tantas outras formas de opressão, são ocultadas na mídia “oficial”, cujas coberturas têm viés nada democrático.

Para além desse diagnóstico, temos a sensação de que não podemos fazer nada, que o conflito é distante e não vai nos afetar. Porém, a tentativa de Israel de expulsar de vez os palestinos de suas terras está diretamente relacionada ao mundo globalizado, que ainda tem forte dependência de petróleo, e ao avanço de uma nova ordem mundial multipolar, com a ascensão e ampliação dos BRICS, com capitalistas do mundo inteiro se esperneando para manter suas altas taxas de rentabilidade, inclusive, para isso, apoiando o avanço da extrema direita na Europa e na América. As nações que ainda mantém seu bem estar social o fazem às custas da indústria bélica e da rapina das riquezas naturais de outras nações. Tudo isso, enfim, tem poder de afetar e muito a classe trabalhadora do mundo todo, impactando em perdas de direitos, privatizações, avanço da violência e inflação alta que sobrecarrega sobretudo os mais vulneráveis.

Sem entender as profundas mudanças geopolíticas pelas quais estamos passando, somos levados a acreditar em soluções fáceis para o que, de fato, ocorre no tabuleiro internacional. Como questões econômicas e bélicas estão intrinsicamente ligadas, elas se sobrepõem aos interesses da classe trabalhadora, principalmente a sua parte mais explorada, como os palestinos, e que merece, sem dúvidas, a solidariedade de todos os explorados. É preciso entender os interesses dos Estados Unidos no conflito, uma vez que que os lobistas estadunidenses lucram bilhões com a venda de armas, sob o pretexto de “proteger a democracia” no mundo. Além disso, os Estados Unidos foram os responsáveis pela criação e manutenção de um estado fortemente armado e poderoso como é Israel, no Oriente Médio.

Dito isto, resta mobilizar a solidariedade de classe dos trabalhadores com o povo palestino, invisibilizado na mídia que silencia sua história. São eles que há quase setenta anos estão sendo oprimidos e que agora vivem uma ação genocida que os fazem enterrar seus mortos diuturnamente, na maioria mulheres e crianças, com a conivência das potências midiáticas. Assistimos a um genocídio televisionado que não desperta compaixão das grandes forças políticas mundiais pois estas não se importam com guerras colonialistas, com direito internacional, com armas de destruição em massa e sequer respeitam as resoluções da Organização das Nações Unidas, ONU. 

Os trabalhadores precisam saber que se se as nações imperialistas não forem paradas, muito em breve poderão usar dos mesmos argumentos para invadir qualquer nação que tenha petróleo, água, lítio ou qualquer outra riqueza que elas tenham porventura interesse. Daí decorre a importância de fortalecer qualquer ato em apoio aos povos massacrados, porque nós podemos ser eles amanhã.

Munir as pessoas com conhecimento sobre o que acontece globalmente é um desafio enorme, é tomar uma vacina contra narrativas falsas, é proteger nosso desejo de paz entre os povos, é se prevenir de conflitos inter-regionais que possam se aprofundar a partir de fundamentalismos religiosos que desrespeitam a diversidade que nos torna únicos. 

Viva o povo palestino! Que luta para não ser expulso de sua terra, para ter seu estado reconhecido, para ter direito à vida e a não ser exterminado; que luta para que o mundo se levante e olhe por ele. Temos visto ruas do mundo todo tomadas por manifestações pró-palestina, inclusive em Israel, pois muitos judeus discordam da política de seu primeiro-ministro de extrema-direita, Benjamin Netanyahu, que ampliou a violência e aprofundou o conflito. No entanto, enquanto imagens em tempo real da crueldade dos ataques inundam a internet e se contrapõem ao discurso de mão-única do “direito de defesa de Israel”, líderes políticos do mundo não conseguem impor um cessar-fogo dados os acordos econômicos que têm entre si e ao poder de veto dos Estados Unidos às decisões da ONU. 

A Palestina pede socorro. Seja contra o apartheid em Gaza. 
 


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