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Argentina: se aproxima o 2º turno das eleições

O pleito eleitoral para presidência da Argentina ocorre neste ano no vácuo dos péssimos resultados econômicos do governo de Alberto Fernandez,  uma coalizão entre o kichnerismo e outras forças políticas de centro, formada para derrotar o ultraliberal Maurício Macri. O governo de Fernandez não rompeu com a política de subserviência ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mantendo a crise econômica que se arrasta há anos. O cenário de insatisfação popular levou a candidatura de Javier Milei a ganhar força. 

Milei, autointitulado libertário, é mais um candidato que se apresenta como antiestablishment, contra “tudo isso que está aí”, mas que apenas  reproduz o discurso ultraneoliberal. Economista de formação, Milei adota  um discurso que o faz parecer lunático, como nas recorrentes falas de que seu principal “assessor político” é um cão morto com o qual fala por meio de médiuns. Também se diz adepto e professor do sexo tântrico, uma milenar tradição hindu. No entanto, ao esclarecer seus planos de destruição do Estado argentino, ele se mostra muito lúcido. Prometer dar fim a qualquer perspectiva de assegurar o bem estar social à já combalida população argentina, além de colocar uma das maiores economias da América Latina em situação de completa subserviência aos mandos e desmandos dos Estados Unidos e das grandes corporações imperialistas é parte dos planos da burguesia mundial que esses políticos supostamente antiestablishment cumprem à risca.

As propostas de Milei vão no caminho de cortes nas despesas públicas, inclusive na extinção de Ministérios como o da Educação e a dolarização da economia, que simplesmente passaria o controle das finanças argentinas aos EUA. O candidato se posiciona contra o aborto, ao mesmo tempo que afirma não ser contra vender crianças; defende o fim dos direitos trabalhistas e afirmou que não faria comércio com países como China e Brasil, que são, hoje, o primeiro e o segundo principais parceiros comerciais da Argentina, respectivamente. O “libertário” também  propõe a livre posse de armas e a militarização das prisões. Não é de se estranhar que, com toda esta verborragia, Jair Bolsonaro e seus filhos declararam apoio a Milei.

Mesmo com um verdadeiro arsenal de ataques aos direitos do povo e à soberania de seu país, as pesquisas indicavam uma confortável margem para o 1º turno para Milei, o que  não se concretizou e revelou os objetivos tendenciosos das pesquisas eleitorais: o atual ministro da economia argentino, Sergio Massa, obteve 36,55% dos votos, enquanto Milei teve 30,06%. Em terceiro lugar ficou a conservadora Patricia Bullrich, com 23,83% do total, que declarou apoio a Milei no segundo turno. A eleição será acirrada e o segundo turno ocorrerá no próximo domingo, dia 19 de novembro. As pesquisas seguem indicando uma pequena vantagem à Milei, que está dentro da margem de erro. A parcela de indecisos é de 3% a 5%. Os que pretendem votar em branco somam 5%. 

O que acontece agora na Argentina é semelhante ao que aconteceu no Brasil em 2018. Um populista de extrema direita, de perspectiva ultraneoliberal, com traços de fascismo, se coloca no jogo político como antiestablishment, em contraponto a qualquer político tradicional ou candidato moderado, com alguma perspectiva progressista. No Brasil vimos o resultado: Jair Bolsonaro foi eleito e conseguiu, em pouquíssimo tempo, destruir a economia brasileira, acabar com direitos trabalhistas básicos, emplacar uma reforma da previdência e privatizar estatais fundamentais para a soberania nacional como a Eletrobras e refinarias da Petrobras.
 
A história evidencia que não é possível silenciar frente ao fascismo e chamar votos em outra candidatura ou em branco, em nome de uma suposta “pureza ideológica revolucionária”, que na verdade é contrarrevolucionária pois cria condições para que a burguesia imperialista avance contra os trabalhadores. Em crise, o imperialismo ocidental, liderado pelos EUA, precisa apoiar representantes da extrema-direita nas eleições em países cuja economia pretende devastar. 

Nós, da LPS, não acreditamos que Sérgio Massa trará todas as respostas que a população argentina precisa, mas temos certeza de que uma eventual eleição de Milei significará ainda mais fome, miséria e morte para os argentinos e mais interferência do imperialismo ocidental na América do Sul. Que no próximo domingo a população argentina faça a escolha certa nas urnas, vote em Sérgio Massa e relegue ao esquecimento a nefasta figura de Javier Milei.


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