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Caso Enel comprova que privatização é boa para as corporações e ruim para a população

No momento em que os trabalhadores paulistas organizados empreendem uma luta contra o projeto de privatização da Companhia de Saneamento Básico, Sabesp, e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM, parte da população do estado se viu prejudicada por um apagão que a Enel, distribuidora de energia elétrica que atende o estado, não conseguiu solucionar em tempo. Por vários dias, após um forte temporal no último final de semana, centenas de milhares de unidades consumidoras (entre residências, comércio e serviços essenciais como UPAs, clínicas, hospitais e escolas) vivenciaram a falta de energia elétrica. Um caso exemplar dos efeitos nocivos das privatizações.

Privatizadas a partir da década de 1990, na era FHC, as empresas do segmento visam lucro ao prestar um serviço público. Para garantir uma alta taxa de lucros, reduzem investimentos em infraestrutura, reduzem o quadro de funcionários e aumentam as tarifas. Foi o que aconteceu em São Paulo, com a privatização da Eletropaulo Metropolitana, que era uma empresa estatal paulista, de geração e distribuição de energia. Em 1998, o então governador Mario Covas dividiu a empresa e a privatizou. Em 2018, a italiana Enel comprou ações da Eletropaulo que ainda pertenciam à União e assumiu o controle da empresa. De lá para cá, 36% de seus funcionários foram demitidos. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2019, eram 23.835 funcionários, entre próprios e terceirizados que vinham da antiga Eletropaulo. Em 30 de setembro de 2023, eram 15.366 trabalhadores. 

O desemprego e a piora no atendimento ocasionado por ele já são suficientes para se questionar qualquer privatização. Mas é preciso entender como as grandes corporações agem, se apossando de patrimônios públicos, empresas construídas com dinheiro do povo, para garantirem suas taxas de lucro.

A Enel é uma empresa italiana de economia mista, ou seja, é controlada pelo Estado italiano, que detém 23,6% dela e conta com sócios privados. Os planos do Ministro da Economia italiano, Giancarlo Giorgetti, representante da Lega Nord, o partido ultradireitista e liberal da Itália, é reduzir gastos. Ao cortar os custos da Enel e de outras estatais, o ministro pretende repatriar Euros para ajudar a reduzir o déficit fiscal italiano, esperado em 5,3% este ano, sem perspectivas de melhoras para o próximo ano.  Por sua vez, os sócios privados têm outros interesses, que são igualmente prejudiciais à população que depende dos serviços oferecidos pela empresa.

Um dos fundos de investimentos que deseja ter mais espaço na presidência da Enel é o Covalis Capital, que durante a pandemia investiu pesado em empresas de energia, sobretudo em uma delas, chamada Li-cycle Holdings Corp, sediada no Canadá e que recicla baterias de íons de lítio, dominantes no mercado. O Covalis quer que a Enel faça desinvestimentos em algumas áreas para poder gastar nas energias ditas renováveis. Para isso será preciso retirar recursos de países como Chile e Brasil, por exemplo. Sucatear a empresa, que se mostrou em São Paulo, sem condições para a manutenção do sistema e impossibilitada de realizar serviços de emergência, é economia para o governo italiano e para seus sócios privados.

É fundamental que os trabalhadores entendam que, por trás dos discursos neoliberais que defendem as privatizações como solução para os serviços públicos, estão interesses de grupos corporativos que visam apenas lucros. Verdadeiros e gigantes parasitas do Estado, beneficiados por isenções e incentivos fiscais, que proclamam, hipócritamente, que os serviços públicos são um peso para o contribuinte porque não funcionam adequadamente. E a realidade que se evidencia é a atual do estado de São Paulo: os trabalhadores pagam seus impostos e não recebem o serviço que precisam para que os abutres capitalistas possam usurpar o que foi construído por eles. 

Pela reestatização da Eletrobras!

Por uma energia estatal em São Paulo!

Não às privatizações!
 


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