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Guerra contra a Palestina

Mais uma vez, o Oriente Médio explodiu como um barril de pólvora. No dia 07 de outubro, sábado passado, a organização Hamas lançou uma incursão militar aos territórios ocupados por Israel, conseguindo tomar bases do exército israelense e quilômetros de território ocupado por colonos israelenses. É a maior ofensiva sofrida por Israel desde sua origem, sendo que até o momento mais de mil israelenses foram mortos no conflito, de acordo com estatísticas não muito confiáveis. O momento do ataque, extremamente bem planejado, com a invasão ocorrendo por terra, água e ar, foi surpreendente para todos em Israel. Mas não há nada de surpreendente na revolta dos palestinos.

Em primeiro lugar, é necessário lembrar que Israel é um Estado ilegítimo, criado em  1947, como resposta ao holocausto realizado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e a incapacidade europeia de resolver a questão do próprio antissemitismo latente na Europa. Para resolver o problema, a Organização das Nações Unidas (ONU), criada após o final da Guerra, simplesmente criou um Estado, que era de importância histórica e econômica para os judeus sionistas, baseado no colonialismo então realizado na África e na Ásia, ou seja, um Estado judeu em território palestino, dominado pelo colonialismo inglês.

A região da Palestina era habitada historicamente por pessoas de várias religiões e em 1923, após a Primeira Guerra, se tornou um protetorado inglês. Em 1948, com a decisão da ONU pela criação de Israel, a região foi brutalmente dividida em dois, com a expulsão de mais de 750.000 palestinos das suas casas, na catástrofe que ficou conhecida como Nakba. Não bastando isso, os israelenses ocuparam o resto da região durante a Guerra de Seis Dias, em 1967. Hoje a totalidade da Palestina, além de regiões de outros países, como as Colinas de Golã na Síria, estão sob o domínio colonialista israelense. Assim, podemos compreender a questão Palestina como algo criado pelas potências ocidentais, que mantém o apoio bélico e econômico à Israel.

O lugar de maior crueldade israelense é a Faixa de Gaza, um território minúsculo na divisa com o Egito, no qual habitam mais de dois milhões de palestinos em condições propositalmente abomináveis. Cerca de 95% da água em Gaza é considerada imprópria para consumo, o fornecimento de energia elétrica é controlado por Israel, sendo disponível no máximo 8 horas por dia (e frequentemente menos que isso), 70% da população jovem é desempregada, 50% da população está abaixo da linha de pobreza e 80% da população depende de assistência humanitária. Hoje, a Palestina é um território dividido em dois, sem ligação por terra, e com frequente ameaça da criação de novas colônias israelenses.

Sem direito de ir e vir, em condições intoleráveis, os palestinos se rebelaram inúmeras vezes, nas famosas Intifadas, que revelam as condições extremamente inferiores de defesa que os palestinos têm diante do poderoso exército israelense. Porém, desta vez é diferente: em dois dias de combate já morreram mais israelenses do que em toda a duração da Segunda Intifada (2000–2005), a revolta de maior sucesso até então. O grande diferencial desta vez é a ação do Hamas, uma organização extremista muçulmana que não mede esforços na luta contra Israel. A organização e disciplina dos guerrilheiros fez com que conquistassem vitórias assombrosas sob um exército muito melhor equipado, com a morte e/ou captura de oficiais israelenses de alta patente. É interessante lembrar que o Hamas originalmente fora financiado por Israel como forma de criar um grupo radical que impediria o sucesso de organizações mais moderadas como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A existência do Hamas, nomeado como terrorista pelo imperialismo ocidental, "permitiria" que Israel tivesse uma desculpa, diante do mundo, para invadir e massacrar palestinos.

Tudo indica que o tiro saiu pela culatra. O Hamas está mais bem preparado pela longa história de resistência aos abusos do Estado de Israel, enquanto os israelenses estão fragilizados pela impopularidade do governo de extrema-direita de Benjamim Netanyahu. A situação agora está fora de controle e a guerra regional é realidade, podendo incluir o Líbano, com a organização do Hezbollah, a Síria, o Irã e mercenários árabes de todo o Oriente Médio, que desejam a libertação da Palestina para se verem livres do braço armado dos Estados Unidos na região, que é Israel.  A soma de massacres e horrores promovidos contra o povo palestino fizeram Israel perder qualquer legitimidade que possa ter tido após o sofrimento dos judeus na Segunda Guerra.  A criação do Estado da Palestina em sua luta antissionista é tarefa de todos os que estão comprometidos com o fim da opressão imperialista     
 


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