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Agosto: mês do orgulho e da visibilidade lésbica

O mês de agosto é considerado o mês das lésbicas, já que no dia 19 é comemorado o Dia do Orgulho Lésbico e logo após, no dia 29, é o dia da Visibilidade Lésbica. São datas que marcam lutas históricas que precisam ter continuidade. Por isso, em agosto realizam-se debates, encontros, rodas de conversas, leituras e cine-debates sobre o tema para conscientizar e fortalecer a luta contra a lesbofobia e a misoginia. 

No dia 19 se debatem os crimes contra essa orientação sexual e as políticas públicas que devem ser realizadas em favor do combate ao preconceito. Além disso, por ser o dia do Orgulho, é um momento de exaltar a coragem das mulheres de todas as idades, tamanhos, raças e religiões que se mostraram para o mundo. A data foi estabelecida  na década de 1980, em referência a uma revolta que ocorreu na cidade de São Paulo, conhecida como o levante ao Ferro’s Bar, protagonizado por lésbicas e apoiado por grupos feministas. Era o final da Ditadura Militar e as lésbicas foram expulsas do bar, que era o maior ponto de encontro para membros da comunidade LGBTQIAP+ na época.

Mesmo no interior da comunidade, as mulheres, junto às pessoas trans, negras, pobres, gordas e deficientes, não eram totalmente aceitas e acabavam sendo excluídas do movimento. Com isso, um grupo de ativistas lésbicas, lideradas pela filósofa Rosely Roth, se reuniu para protestar contra essas atitudes, representadas pela violenta expulsão das lésbicas do estabelecimento. O levante realizou-se no dia 19 de agosto de 1983, com a ocupação do bar, e foi a primeira ação de mulheres lésbicas por igualdade, também conhecida como a “Stonewall Brasileira”, em referência à revolta liderada pela comunidade LGBTQIAP+ contra a repressão policial em Nova York, em 1969. 

Já em 29 de agosto é celebrada a Visibilidade Lésbica no Brasil. A data foi criada para homenagear o Primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que ocorreu em 1996, para discutir temas como a exclusão e a invisibilidade das mulheres, mesmo no interior da comunidade LGBTQIAP+. A proposta era de influenciar governantes a criarem medidas efetivas de respeito e proteção a essa orientação sexual que ainda hoje é discriminada, fetichizada e objetificada.

Segundo os dados do Dossiê sobre o Lesbocídio no Brasil, divulgados no site do Ministério das Mulheres, entre 2014 e 2017 o número de registros de assassinatos de mulheres lésbicas aumentou em 150%. O dossiê foi resultado de uma pesquisa intitulada “Lesbocídio: A história que ninguém conta”. Além dos dados desse dossiê, atualmente ainda são precários os dados oficiais e os estudos padronizados sobre essa comunidade, prevalecendo somente estimativas.

É necessário que aconteçam debates e lutas organizadas para exigir políticas públicas efetivas para que se possa, em primeiro lugar, levantar os dados recentes sobre o número de mulheres que são assassinadas pelo simples fato de assumirem a sua orientação sexual, um agravante para a situação do feminicídio no Brasil. Com o reconhecimento da realidade imposta pelo preconceito, abrem-se caminhos para a criação de mecanismos de proteção e de direito de existir das mulheres lésbicas. 

Foto: Memorial da Resistência/Acervo Folha de São Paulo


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