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Greve e protestos agitam o Panamá

Por: Enrique Villamil Famiglietti

Há mais de uma semana, os professores do Panamá declararam greve para exigir a redução do preço de combustíveis e alimentos.

Diante dos protestos que se alastram pela capital e principais cidades do interior do país centro-americano, o Panamá, desde o último dia 28 de junho, o governo do presidente Laurentino Cortizo, do Partido Revolucionário Democrático – PRD (centro-esquerda), criado durante a Ditadura Militar, e a Assembleia Nacional adotaram algumas medidas paliativas para tentar conter os ânimos das forças populares, no meio da crise que agrava ainda mais a desigualdade social e econômica.

Dentre as medidas tomadas estão: o congelamento do preço dos combustíveis para veículos particulares e de carga (a partir de 15 de julho), redução de 10% da folha do Estado panamenho, suspensão de aumento de salários de servidores públicos e restrição de uso de celulares nas instituições governamentais. As ações, no entanto, não conseguiram acalmar a população, que continua nas ruas, exigindo seus direitos básicos e uma vida mais digna.

A greve de professores da rede pública, que começou no último dia 06 de julho, por 72 horas, agora é indefinida. Na sexta-feira, 08 de julho, os professores se manifestaram de forma pacífica diante da Assembleia Nacional com cânticos, cartazes e instrumentos de percussão para exigir o congelamento dos preços dos combustíveis e, assim, aliviar o alto custo da cesta básica, incluindo artigos de higiene e remédios.

“Há uma grande falta de credibilidade do governo. O povo está revoltado e indignado nas ruas por causa do aumento da folha e cargos comissionados na Assembleia Nacional e no Executivo, pela corrupção e o dinheiro vindo de empréstimos internacionais mal investidos. Até agora não houve nenhum reflexo prático nas medidas do governo. Eu vejo, agora, uma pressão dos produtores de leite e hortaliças para conseguir escoar a produção que está se perdendo, pois não conseguem distribui-la pelo País. Ali começa uma pressão do povo contra o povo e o governo está, ao que parece, numa tentativa de dividir o movimento”, afirmou o psicólogo Kairo Guillén Ochoa, que mora na região de Azuero (província de Herrera).

Os protestos têm se intensificado com a adesão do combativo sindicato da construção civil – Suntracs, de estudantes universitários e setores indígenas aglutinados na Aliança Povos Unidos pela Vida e na Aliança Nacional pelos Direitos dos Povos Organizados (Anadepo). 

Na última quarta-feira, 13 de julho, em diversos pontos do País, os trabalhadores da construção paralisaram obras e ruas, anunciando uma greve de 24 horas e exigindo o aumento dos salários.

Nas províncias centrais do Panamá, nem mesmo as chuvas têm impedido os manifestantes de bloquear estradas, com o apoio de setores de transporte e da sociedade civil.

Na província de Chiriquí, os protestos continuam e estão sendo liderados por indígenas que fecharam vários pontos da Rodovia Pan-Americana, estrada que une o País ao resto da América Central. 

Os protestos e manifestações são as respostas dos trabalhadores diante da crise que tanto massacra a classe oprimida e pela falta de ações efetivas, por parte do governo, para reduzir o alto custo de vida no Panamá.
 


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