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Primeiro de Maio: um balanço necessário

Mais uma vez, a direita e os patrões, através da máquina do Estado dominada por Bolsonaro, tentaram ganhar as ruas na data que representa a luta internacional dos trabalhadores contra a exploração. Os atos “verde-amarelos”, convocados para defender o deputado Daniel Silveira, foram esvaziados, mas atingiram, com apoio da imprensa, a intenção do governo: polarizar as ruas e desqualificar o caráter classista do 1º de Maio, favorecendo a campanha eleitoral de Bolsonaro. 

Por seu lado, as organizações dos trabalhadores, há muitos anos abandonaram o caráter de luta do 1º de Maio, que, originalmente, era um dia de greve. Transformá-lo em feriado foi uma das manobras da burguesia para controlar o movimento da classe trabalhadora. No Brasil, na era Vargas, a data se transformou em uma festa para homenagear o trabalho, ou seja, a exploração do mundo capitalista. A ideia de um trabalhador normatizado, legislado pelo Estado, deixou heranças profundas no sindicalismo brasileiro. Mesmo com o surgimento de um movimento independente, com a criação da Central Única do Trabalhadores (CUT), após o fim da Ditadura Militar, o 1º de Maio manteve sua característica festiva, descolada das lutas empreendidas pelos trabalhadores de todas as categorias ao longo dos anos. 

Neste ano, o 1º de Maio dos trabalhadores levou às ruas a necessidade de se organizar a campanha eleitoral com vistas ao fortalecimento do campo progressista, para derrotar o fascismo e o conjunto das políticas neoliberais. O maior ato aconteceu em São Paulo, promovido pelas principais centrais sindicais e com a presença do ex-presidente Lula e do pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad. No entanto, há menos de seis meses das eleições que colocam o Brasil no centro das atenções mundiais, ficou evidente a crise da esquerda nacional que, mesmo voltada para as eleições, não consegue mobilizar os trabalhadores dadas suas disputas internas. 

Se, por um lado, as lideranças perderam a chance de fazer do 1º de Maio um dia de luta e protestos da classe trabalhadora, capaz de fazer a agitação entre as massas, a fim de despertá-las e atraí-las para a luta, por outro, a data demonstrou que os inimigos dos trabalhadores não perdem tempo e ocupam os espaços vazios. Apesar das pesquisas eleitorais indicarem a rejeição popular à reeleição de Bolsonaro, essa possibilidade é real, uma vez que ele tem a máquina do Estado nas mãos, apoio dos militares e da grande burguesia.

A atual crise mundial do capitalismo, que se expressa na guerra da OTAN contra a Rússia, trará grandes desafios aos trabalhadores, que sempre pagam o preço das crises da burguesia. Retirada de direitos, desemprego e empobrecimento da população são as marcas de um governo cuja eleição foi viabilizada pela prisão de Lula, para realizar as reformas neoliberais que destroem os serviços públicos, precarizam as condições de trabalho e entregam as empresas estatais, de bandeja, às corporações estrangeiras. É urgente organizar os trabalhadores para derrotar esse governo. A candidatura Lula é instrumento de mobilização popular e deve ser apoiada com a construção de um grande movimento de massas, que coloque as reivindicações dos trabalhadores no cenário da disputa eleitoral.


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