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Os descaminhos da burguesia

Desde as manifestações de rua do dia 29 de maio e da instauração da CPI da Covid, a intensidade dos movimentos políticos aumentou no Brasil. A controlada popularidade do presidente Bolsonaro derrete, enquanto os resultados de sua política econômica, que mudou o caminho pelo qual o País buscava se integrar na economia mundial, aponta para uma disputa no interior da burguesia nacional quanto aos caminhos possíveis que ela tomará para se manter no poder, longe da pressão popular. 

Parte fundamental da política econômica em curso, capitaneada pelo banqueiro e Ministro da Economia, Paulo Guedes, está ligada aos interesses do capital especulativo imperialista. Esse projeto, agressivo contra a classe trabalhadora, não é hegemônico entre os setores da burguesia nacional, por isso o seu caráter autoritário, como já aconteceu em 1964, com a implantação da Ditadura Militar. O governo Bolsonaro, apesar de eleito, amplia os mecanismos autoritários, de vigilância e repressão aos seus adversários. Constantemente, militares ligados ao governo ameaçam uma intervenção para controlar as próximas eleições. É o caso da recente declaração do Ministro da Defesa, General Braga Netto, de que sem voto impresso não haverá eleição em 2022. Outra ameaça de continuidade do golpe que derrubou o governo eleito de Dilma Rousseff, em 2016, é a de adoção do chamado “semipresidencialismo”, que ganhou destaque nas últimas semanas ao ser defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados,  Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo. Todas essas tentativas de “driblar” o processo democrático das eleições, por mais limitada que seja a democracia burguesa, se devem à constatação da vitória tranquila do ex-presidente Lula, em 2022. 

O fato de Bolsonaro ser um ator político para satisfazer o apetite do imperialismo estadunidense na América Latina e no Brasil desagrada parte da burguesia interna, que se sente afetada pela política que destrói a indústria nacional. Inclusive alguns economistas liberais, como Mônica de Bolle e André Lara Rezende, já mostraram discordância com a condução da política econômica.  

No entanto, para essa burguesia, uma nova eleição de Lula seria um risco que ela se recusa a correr, uma vez que o PT voltaria ao poder fortemente pressionado pelos trabalhadores, que querem uma resposta à situação de desemprego e de pobreza em que estão. Assim, a direita, em crise, tem buscado, sem sucesso, emplacar um nome que seria a “3° via” para 2022. Contudo, não se pode descartar uma nova tentativa de conciliação com o PT, muito menos o apoio à reeleição de Bolsonaro. Isso porque a burguesia não tem nenhum “pudor” em recorrer as todos os meios necessários para que não se perca o fundamental: o controle econômico e social. 

Mas o fato é que nenhum projeto da direita para o País atende aos interesses dos trabalhadores. A política econômica deste governo os jogou no desemprego e na miséria para que os capitalistas, em crise, possam superexplorar a força de trabalho das massas, a fim de manter/aumentar as taxas de lucros. E, se a burguesia briga entre si para um projeto que não atende a maioria da população, deve a maioria da população tomar o poder e colocar em prática um projeto democrático e popular.   
 

Foto: Reprodução / Twitter


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