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Privatização dos Correios é ameaça aos mais pobres

Os trabalhadores dos Correios estão à frente de uma intensa campanha contra a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que poderá ocorrer caso o Projeto de Lei (PL) 591, cuja votação foi adiada para agosto, após o recesso do Congresso, seja aprovado. 

A ECT é a responsável pelo envio e entrega de correspondências e encomendas no Brasil todo. Na campanha contra sua privatização, os trabalhadores esclarecem que os Correios são lucrativos, conforme mostram os balanços internos da Empresa, e cumprem papel essencial para a população, uma vez que garante a universalização dos serviços postais, um direito constitucional.  A entrega dessa estatal, criada há 358 anos, para as mãos de grupos privados encarecerá o serviço oferecido e prejudicará, em especial, a população pobre e os que vivem em regiões distantes dos grandes centros. Isso porque, diferente do Estado, os empresários que comprarem os Correios terão como objetivo exclusivo a obtenção de lucros e não assumirão a função social da Empresa, abandonando serviços e regiões onde não há lucratividade.

Uma matéria publicada na Revista Cenarium traz um alerta de especialistas para um dos problemas sociais graves que e a privatização dos Correios acarretará: o abandono do serviço de entrega postal em zonas periféricas e nas cidades dos interiores dos estados por conta da distância e do custo logístico. Nesse sentido, a economista e vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofeson), Denise Kassama, explica que a falta de cobertura trará resultados cruciais para a realidade amazônica, por exemplo, onde as distâncias e o custo logístico é alto e as agências e postos não possuem um volume de serviços tão grande quanto nas metrópoles, podendo até ser comercialmente desinteressantes. No entanto, essas agências e postos têm papel fundamental na comunicação logística e no desenvolvimento destas áreas mais distantes. 

Para Kassama, uma vez que a preocupação passa a ser o resultado do serviço, agências consideradas não lucrativas poderão ser fechadas e os preços aumentarão por conta da baixa demanda. 

Ainda de acordo com a matéria, em Rondônia, um dos estados mais populosos da Amazônia Legal, que possui muitas comunidades tradicionais e quase isoladas, a presença e a atuação dos Correios se tornam mais significativas. Na Reserva Extrativista (Resex) Rio Cautário, localizada na região do Vale Guaporé, a cerca de 700 quilômetros de Porto Velho, os serviços postais chegam apenas por intermédio de muito esforço dos servidores, que entregam inclusive medicamentos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos de Rondônia (Sintect-RO), Lucival Lemos, explica que nos Correios os lucros obtidos nos grandes centros urbanos são utilizados para manter os serviços em todos os limites do território brasileiro, o que garante a ligação entre todos os setores da sociedade, independentemente da distância, por meio de serviços com baixo custo. Segundo ele, “os grandes empresários não vão se preocupar em atender as regiões onde o lucro será ínfimo”. De acordo com Lemos, as atividades que dependem de convênios firmados em parcerias governamentais estaduais e municipais para distribuição de material didático, por exemplo, também entram na mira da precarização, além da entrega de medicamentos, emissões de CPFs, e até envio de encomendas econômicas. “A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) também faz parte da base econômica das pequenas cidades, de modo que se garante a participação na economia nacional até mesmo para os povoados mais distantes”, diz o sindicalista.

Assim como todas as privatizações de estatais que atendem às necessidades do povo brasileiro, a entrega, de bandeja, dos Correios para as mãos de grupos empresariais, cujo objetivo é apenas ampliar seus lucros, não passa de uma operação lesa-pátria. Um crime conta a população, que beneficiará um punhado de parasitas capitalistas e prejudicará a grande maioria do povo, principalmente aqueles que mais precisam dos serviços oferecidos pela Empresa.

 

Desemprego

 

Os Correios empregam quase 100 mil trabalhadores em todo o Brasil. Além de grande prejuízo à população, sua privatização levará a um aumento de desemprego neste momento de grave crise econômica e social que vivemos. A crise política do governo Bolsonaro não está conseguindo barrar o projeto neoliberal de seu ministro da economia, Paulo Guedes, que segue seu curso com “requintes de crueldade”. Nas últimas semanas, por exemplo, Bolsonaro sancionou a lei que autoriza a venda da Eletrobras e vetou a parte do texto que garantia uma estabilidade de 12 meses aos trabalhadores da estatal. No caso da venda dos Correios, o Governo Federal tenta reduzir a estabilidade de 18 meses para os funcionários, como prevê o parecer do deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA), alegando que essa estabilidade, considerada “muito grande”, pode causar preocupação ao investidor que está vindo. Um governo que, a cada medida, mostra a que veio: favorecer o grande capital especulativo às custas da miséria dos trabalhadores.

Os próximos dias deverão ser de muita luta. A direção da Empresa se recusa a negociar o reajuste salarial deste ano e ainda quer impor o banco de horas, destruindo mais direitos. A campanha salarial deverá ser momento de organizar a luta maior dos trabalhadores dos Correios, em unidade com todas as categorias da classe trabalhadora que estão na mira das privatizações e das reformas que destroem os direitos trabalhistas.

É preciso mobilizar os trabalhadores dos Correios de todo o País, unificando seus sindicatos, e ganhar as ruas do dia 24 de Julho, com a luta contra a privatização. Rumo à Greve Geral da classe trabalhadora, contra o conjunto das políticas neoliberais de Bolsonaro! 
 


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