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Não à tentativa de golpe imperialista em Cuba

Os últimos acontecimentos ocorridos em Cuba estão relacionados com as estratégias de dominação das nações economicamente mais poderosas do mundo. Cuba é uma ilha situada no Caribe, a 200 km de distância de Miami, nos Estados Unidos. Antes de fazer sua revolução, em 1959, o País era um quintal para as grandes empresas estadunidenses retirarem seus lucros às custas da miséria do povo cubano. 

A revolução liderada por Fidel Castro e Che Guevara derrubou o governo de Fulgêncio Batista, um ditador aliado dos EUA. De lá pra cá, a ilha caribenha se esforçou em construir sua soberania enfrentando todo o tipo de intervenção estadunidense, que passam por invasão territorial, ataques terroristas e o embargo econômico.  Se, na teoria, o Direito Internacional diz que os princípios adotados nas negociações entre países devem ser de comum acordo e nunca impostos pelos mais fortes, na prática, esses mais fortes criaram seus “centros legítimos de tomadas de decisões”, como se autoproclama a Organização do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança militar controlada pelos Estados Unidos para subjugar os mais “fracos” (países que o capitalismo coloca como mais pobres e que possuem governos contrários aos interesses dos EUA).

Na atual conjuntura, o avanço dos Estados Unidos sobre os países da América Latina tem, por um lado, o objetivo de manter a região como sua histórica zona de influência e, por outro, fortalecer seu poder para uma nova “guerra Fria” contra China e Rússia.  No tabuleiro desse xadrez imperialista, o Brasil teve seu governo de Frente Popular, liderado pelo PT, derrubado; o mandato do presidente Evo Morales, na Bolívia, foi interrompido por um procedimento inconstitucional cujo desenlace foi definido pelas Forças Armadas, e as eleições no Peru estão indefinidas após mais de um mês do pleito. A crise econômica mundial fez cair a máscara de Joe Biden, o presidente democrata eleito sob o lema de apoio às lutas sociais,  enquanto suas ações  mostram que quer Cuba e Venezuela também sob seu controle.

O embargo à Cuba foi aprovado por lei e apenas o Congresso dos Estados Unidos pode acabar com a medida. Por 29 vezes, a Organização das Nações Unidas (ONU) o condenou, mas os governantes dos EUA, que contam com seus capachos como os governos do Brasil, da Colômbia e Ucrânia, em 2019, por exemplo, votam contra as resoluções. A justificativa é a de que não há democracia em Cuba. A mesma alegação hipócrita que faz o exército dos EUA invadir países ricos em petróleo no Oriente Médio, como o Iraque e a Síria, enquanto fecha os olhos para a ditadura monarquista do governo “amigo” da Arábia Saudita.

A questão é que o embargo americano, imposto há 59 anos e endurecido em várias oportunidades, condena o povo cubano a diversas privações, mas não conseguiu derrubar o governo do Partido Comunista cubano. Os protestos contra o atual governo de Diaz-Canel, que tiveram início no último 11 de julho, organizados por grupos que atuam contra a revolução a partir dos Estados Unidos e que encontram ressonância na sociedade cubana devido à crise, levaram para as ruas os mesmos apelos do imperialismo, com gritos de “liberdade” contra a “ditadura” cubana. Só não explicam que liberdade é essa. Será a mesma que o povo brasileiro vive com o governo de Jair Bolsonaro, parceiro dos Estados Unidos, que já levou a mais de meio milhão de mortes por negligência no combate à pandemia e jogou mais de 60 milhões de brasileiros na pobreza e extrema pobreza? Não é de se admirar que toda a imprensa corporativa burguesa deu destaque aos protestos, apontando os problemas econômicos e políticos vividos pelos cubanos como consequências da revolução e não do embargo econômico dos Estados Unidos.

O povo cubano vive o longo dilema de superar as crises provocadas pelo embargo, que neste momento se agravaram devido à pandemia e, ao mesmo tempo, defender sua soberania e avançar nos próximos passos da revolução socialista, isolada após a dissolução da União Soviética. É desse dilema que o imperialismo se aproveita para condenar a ditadura do proletariado que, mesmo degenerada e sofrendo um embargo vergonhoso, faz da ilha caribenha, que sequer tem autossuficiência energética, garantir o melhor sistema educacional para seu povo e exportar seus avanços na área da saúde em ajudas humanitárias pelo mundo.

O dilema do povo cubano é a luta real das massas trabalhadoras e não pode ser resolvido por meio de abstrações sectárias de propagandas emprestadas de um programa marxista mal compreendido, que nega a dialética. O Partido Comunista de Cuba, por meio dos Comitês de Defesa da Revolução, vai organizar seu povo na defesa de sua soberania e caberá a esse povo construir os próximos passos de sua história. É dever da esquerda mundial apoiar o governo cubano contra a investida do imperialismo sobre a América Latina.
 

Foto: Yamil Lage / AFP / CP


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