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Artistas lançam manifesto pelo impeachment de Bolsonaro

Mais de 2,5 mil artistas brasileiros, de todas as áreas da cultura, estão fazendo um chamamento de luta contra o desastre que se abateu no País após a eleição de Jair Bolsonaro. O manifesto “Artistas Pelo Impeachment”, um abaixo-assinado apresentado à sociedade em uma live realizada na noite da última segunda-feira, 10/05, foi o meio escolhido.

O DJ Eugênio Lima, que também é ator-Mc, pesquisador da cultura afro- diásporica, professor de Sonoplastia da Escola SP de Teatro, apresentador do programa Vitrola Livre da Rádio UOL, membro fundador do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e da Frente 3 de Fevereiro, além de diretor e fundador do Coletivo Legítima Defesa e sound designer do coletivo JUANITA, foi o mestre de cerimônias. Já Georgette Fadel, a atriz, diretora, professora de interpretação e vencedora do prêmio Shell 2007 de Melhor Atriz (por Gota d’água) e prêmio Shell 2009 na Categoria Especial, entrou com a missão de ler o Manifesto. Logo depois, um minuto de silêncio em homenagem aos mais de 420 mil mortos, vítimas não apenas da pandemia da Covid-19, mas também de um governo que fez pouco caso da crise e contribuiu para que ela fosse ainda pior.

A necropolítica de Bolsonaro foi lembrada o tempo todo durante as duas horas de apresentação.

Lido o Manifesto Artistas Pelo Impeachment e feita a solene homenagem, foi a vez de diversos artistas discursarem contra o governo e seu sistema genocida contra o povo e os trabalhadores.

Renata Carvalho, atriz, diretora, dramaturga e transpóloga, fundadora do Monart (Movimento Nacional de Artistas Trans), do “Manifesto Representatividade Trans” e do Coletivo T, coletivo artístico formado por artistas trans, lembrou as vítimas da Covid, das chacinas, da miséria e citou a morte de Marielle Franco.

Edgard Scandurra, cantor, compositor e icônico guitarrista da banda Ira!, lembrou que o atual presidente do Brasil sempre foi um “escroque”, “talvez um dos piores seres humanos deste País” e que existem mais de cem pedidos pelo impeachment “desse senhor”, que ele nem cita o nome, parados no Congresso.

A fala emocionada do ator, autor e diretor Marcello Airoldi questionou que tipo de memorial nós queremos para as vítimas do genocídio em nosso País, indagando se conseguimos nos “imaginar ouvindo mais de 420 mil nomes?”.

Barrar a nossa própria morte

A jornalista, escritora e documentarista, Eliane Brum, gravou um vídeo com uma mensagem forte, encerrada com uma frase que foi lembrada por muitos que a sucederam na live: “Precisamos ser capazes de barrar a nossa própria morte”. E ainda acrescentou. “Se não formos capazes de barrar Bolsonaro, se barrar Bolsonaro não se tornar causa comum, em breve teremos que viver com a cabeça baixa”.
O ator e cineasta, Marco Ricca, chamou a atenção para a necessidade de “tirar esse processo, esse método, esse projeto de poder que está sendo passado diariamente, matando gente, matando a esperança do brasileiro, matando o futuro da nossa nação”.

E muitos outros se manifestaram: Emicida, Denise Fraga, Matheus Nachtergaele, Avelin Buniacá Kambiwá, Preta Ferreira, Zeca Baleiro, Ailton Graça, Ivan Lins, GOG, Sandra Nanayna, Elisa Lucinda, Malu Gali, Luis Miranda, Maria Bopp, Paulo Betti, Anna Muylaert, o ambientalista Ailton Krenak, Dira Paes. Todos, à sua maneira, foram expressando revolta, cobrando ações do Congresso Nacional e conclamando todos a participarem do Manifesto Artistas Pelo Impeachment. “Peço apoio”, “divulguem”, “vamos nos unir”, “hora da raiva”, “hora de revolta”, “estamos numa guerra”, “não podemos nos acostumar com esses números”, “é muito grave o que estamos vivendo no país”, “desgoverno”, e, claro, “Fora Bolsonaro”, além de diversas palavras de apoio às vítimas da covid-19, foram as falas mais repetidas durante o ato.

Bolsonaro foi qualificado como “inominável”, “assassino”, “genocida”, “psicopata”, “ofensa pessoal”, “figura asquerosa”, “governo da morte”. O pintor, desenhista, escultor, cenógrafo, ensaísta e videomaker brasileiro, Nuno Ramos, resumiu: “Ele é a violência, aquilo que o político deveria excluir”.

O show dos artistas foi encerrado pelo MC, escritor, Arte-Educador, ator, apresentador do Slam da Ponta, Campeão do Slam Brasil 2015 e representante do Brasil na Copa do Mundo de Poesias 2016, na França, Lucas Afonso e sua poesia da quebrada matadora “Brincadeira tem Hora”, que rapidamente ganhou as redes sociais.

A manifestação dos artistas contra o governo é reflexo da insatisfação social contra a política de morte que vem sendo aplicada por Bolsonaro. É uma demonstração de que haverá muita resistência social.  Contudo, por mais importantes e necessárias que sejam essas manifestações, não podemos nos iludir e perder de vista que somente a luta de classe, o enfrentamento por meio da ação direta das massas, poderá barrar essa investida e trazer alterações concretas na correlação de forças. É preciso lutar pela tomada do poder e dos meios de produção pela classe trabalhadora, pelo fim da divisão de classes, única forma de acabar com a bárbara exploração do homem pelo homem, regra fundamental do capitalismo que assola a humanidade.

 


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