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Jovens: os mais afetados pelo desemprego e pela precarização do trabalho

De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada no dia 27 de novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos bateu novo recorde e ficou em 31,4% no 3º trimestre de 2020, sendo mais que o dobro da taxa geral do país que chegou a 14,6% e atinge 14,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras de todas as faixas etárias. No caso dos jovens na faixa etária de 14 a 17 anos, que podem trabalhar sob a condição de menor aprendiz, a taxa de desemprego do trimestre de julho a setembro foi maior ainda (44,2%). Entre os trabalhadores e trabalhadoras de 25 a 39 anos, a taxa ficou em 14,2%.

As ocupações destinadas aos jovens já são bastante precárias e as mais atingidas em épocas de crise, principalmente esta que foi aprofundada pela pandemia do novo coronavírus. De acordo com Adriana Marcolino, técnica da subseção do Dieese da CUT, no geral, são ocupações mais fáceis de serem eliminadas, que contam com menos apoio das políticas públicas. Adriana acrescenta que, em um cenário de crise, muitos jovens que não estavam no mercado de trabalho saem a procura de emprego para ajudar no orçamento das famílias, o que contribui ainda mais para o aumento no índice de desemprego. 

A pandemia vai representar para a juventude uma geração perdida, afirmam estudos realizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os jovens que estão entrando no mercado de trabalho vão entrar numa condição ruim, além de estarem fora da escola, sem estudos. Para a OIT, o desemprego no Brasil é muito cruel com a juventude, uma vez que um a cada quatro jovens no País está sem emprego, muito semelhante aos índices registrados no Norte da África e no Oriente Médio, os piores do mundo. 

Outro dado alarmante é o percentual de jovens de 20 a 24 anos que nem estudam e nem trabalham.  De acordo com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) esse percentual subiu de 28,6%, no último trimestre de 2019, para 35,2% no segundo trimestre de 2020. Na faixa de 25 a 29 anos subiu de 25,5% para 33%. 

O chamado mercado de trabalho é o conjunto das pessoas que compõem a força de trabalho ocupada ou desocupadas. Nesse mercado, os jovens são minoria, apesar das taxas de desocupação entre eles serem maiores. De acordo com a Pnad, a população desempregada (14,1 milhões de pessoas) subiu 10,2% (mais 1,3 milhão de pessoas) no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre (12,8 mihões).  Já a população ocupada (82,5 milhões), chegou ao nível mais baixo da série histórica e caiu 1,1% (menos 880 mil) frente ao trimestre anterior e 12,1% (menos 11,3 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2019.

A crise aprofundou o problema da juventude que se viu forçada a procurar emprego para ajudar no orçamento doméstico. O número de jovens em idade escolar fora da escola já era alto no Brasil e a situação se agravou durante a pandemia, com a imposição do ensino remoto.  Com o alto índice de desemprego da população em geral, cria-se um exército de reserva em que submete os jovens aos postos mais precários e mal remunerados. 

A juventude deve se inserir na luta pela educação púbica, gratuita e de qualidade para todos e exigir políticas públicas de geração de emprego e valorização profissional. No entanto, é preciso compreender que o sistema capitalista usa todas as formas de manobra para manter seus lucros sobre o esforço dos trabalhadores e cultivar um exército de jovens desempregados ou em subempregos faz parte dessa vil tática de controle.  À classe trabalhadora está colocado o desafio de lutar por um programa de redução da jornada de trabalho sem redução salarial, que abrirá novos postos de trabalho e diminuirá, de fato, o desemprego.


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