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Regina Duarte escancara seu fascismo em entrevista

A entrevista que a secretária Especial da Cultura e ex-atriz global, Regina Duarte, concedeu à CNN Brasil, na noite do último dia 7 de maio, foi uma demonstração surreal do autoritarismo da direita brasileira, recheada de fascismo, além, é claro, de uma incompetência vergonhosa, descaso e falta de sensibilidade, não só com a classe artística-cultural brasileira, mas com toda a população. Num dos “ápices” da entrevista, a “namoradinha do Brasil” debochou dos perseguidos e torturados pela Ditadura Militar, num discurso de naturalização da barbárie, bem como das vítimas da pandemia de Covid-19. O show de horrores foi finalizado com um “chilique”, típico da direita tupiniquim.

Ao ser questionada pelos repórteres da CNN sobre as perdas de pessoas relevantes para a cultura nacional, a secretária de Cultura de Jair Bolsonaro tentou se “justificar” afirmando que “optou” por enviar carta às famílias destes artistas. E completou: “Eu imaginei assim: será que eu vou ter que virar um obituário? A Secretaria virá um obituário?”. Sobre o gesto de reconhecer a importância destes artistas, por meio de uma declaração da Secretária da Cultura, Regina disse que não conhecia pessoalmente todos que morreram, inclusive o compositor Aldir Blanc.

 

“Sempre houve tortura”

 

Na sequência da entrevista, a secretária de Cultura, para justificar porque estaria apoiando o governo Bolsonaro, mesmo com todos os “erros”, afirmou que não queria ficar olhando para o passado, que não queria ficar “cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80”, em alusão ao período da Ditadura Militar. Depois, de maneira inteiramente sem sentido, começou a cantarolar a marchinha “Pra Frente Brasil”, lançada na Ditadura para embalar a conquista do tricampeonato mundial de futebol de 1970, como peça de propaganda do “Brasil do milagre”, alardeado pelo regime de exceção.

Ao ser “lembrada” pelo repórter Daniel Adjuto que a Ditadura militar foi um período muito difícil da história, que muita gente tinha morrido, que houve tortura, a secretária tentou banalizar os assassinatos, respondendo, em tom de risada: “Cara, desculpa (...) Na humanidade, não para de morrer. Se você fala 'vida', do lado tem morte. Sempre houve tortura. Stalin, Hitler, quantas mortes... não quero arrastar um cemitério de mortes nas minhas costas”.

O show de horrores chegou ao fim quando a CNN Brasil exibiu um apelo da atriz Maitê Proença, que reivindicava melhorias para a classe artística. A secretária de cultura de Bolsonaro se irritou com a exibição, chegando a tirar o fone para mostrar que iria ignorar o vídeo, que não iria ouvir os apelos da classe que deveria defender, além de tentar desmoralizar os jornalistas, em especial a âncora Daniela Lima. “Ah, para quê? Estão desenterrando a mensagem da Maitê para quê. Quem é você? (...) vocês estão desenterrando mortos. Vocês estão carregando um cemitério nas costas. Vocês devem estar cansados.”, ironizou Regina Duarte. Daniela Lima respondeu do estúdio. “Não estamos desenterrando mortos. Neste momento, estamos enterrando milhares de brasileiros, inclusive colegas seus”. Diante do comportamento histérico de Regina, a CNN Brasil decidiu interromper a entrevista, mas, nos segundos finais do vídeo ainda é possível ver um dos acompanhantes da secretária entrando no estúdio para acabar com a entrevista.

A CNN Brasil divulgou uma nota pública lamentando o episódio, enquanto artistas de diferentes gerações - inclusive ex-colegas de Regina - reagiram nas redes sociais com críticas à postura da secretária de Cultura. Mais de 500 artistas e profissionais culturais assinaram um manifesto contra Regina, afirmando que ela não os representa. Já o general da reserva, Eduardo Villas Boas, disse ter ficado “encantado com a Regina pela demonstração de humanismo, grandeza, perspicácia, inteligência, humildade, segurança, doçura e autoconfiança”.  Villas Boas defendeu a secretária em um post publicado nas suas redes sociais, onde ainda critica a emissora.

Tal episódio tão bizarro somente reafirma o descaso, a falta de compromisso e as más intenções deste governo, não só em relação à cultura, mas também no que se refere à saúde, educação e condições básicas de sobrevivência da classe trabalhadora. Regina apenas representou o autoritarismo da extrema-direita.
 


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