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Entrega da soberania nacional sobre a Amazônia para o imperialismo norte-americano

As controvérsias que rondam o governo de ultradireita de Jair Bolsonaro não param de ser pautas na imprensa e nas redes sociais, tanto nacional como internacionalmente. Depois de tentar inflar a sociedade brasileira contra o apoio definido pelos países que compõem o G7, de realização de ações de proteção à Amazônia, o Governo Federal abre as portas da Amazônia para a exploração do governo norte-americano.

O acordo firmado pelas equipes de Bolsonaro e de Trump visa promover o desenvolvimento do setor privado na Amazônia. A promessa prevista é pela criação de um fundo de conservação da biodiversidade no valor de US$ 100 milhões para a Amazônia, liderado pelo setor privado. O que não está explicado é quais serão as garantias e direitos que o setor privado terá sobre o controle da biodiversidade brasileira na Amazônia, se é a exploração, a realização de pesquisas de interesses das empresas privadas norte-americanas etc. O fato é que ninguém, principalmente os imperialistas, “doa” US$ 100 milhões sem pedir nada em troca.

Nas palavras do ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, a única forma de proteger a floresta seria abrir para o desenvolvimento econômico. Em outras palavras: privatizar. Tal afirmação é, no mínimo, contraditória e falsa, pois sabemos que os interesses econômicos têm a sua máxima na exploração em nome do lucro. Não está em questão a preocupação com a preservação, seja do ambiente ou das pessoas. Os interesses econômicos privados visam o lucro a qualquer custo e, para obtê-lo, são capazes das maiores atrocidades, inclusive atear fogo nas matas, assassinar pessoas e bichos.  

 

Disputa imperialistas

 

Os debates sobre a proteção da Amazônia é um tema controverso. Defendida como patrimônio da humanidade, muitas vezes essa afirmação é usada para desqualificar as condições do Brasil em preservar esse bem. Tal campanha abre espaço para os interesses de países capitalistas que querem explorar a riqueza que existe em toda a floresta amazônica.

Entretanto, do outro lado, o que se tem assistido nestes nove meses de governo da extrema-direita é uma política de freio, se não inviabilização, ao combate ao desmatamento ilegal. Bolsonaro tem incentivado, com afinco, o desmonte das instituições públicas de fiscalização como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o avanço de interesses particulares de grandes fazendeiros da região, que visam derrubar a floresta para plantar soja e criar gado.

O aumento excessivo das queimadas ilegais, realizadas por fazendeiros, acontece de forma premeditada e orquestrada. Esses fazendeiros instituíram o “dia do fogo”, quando se organizou, por grupos de WhatsApp, a queimada de árvores como forma de demonstrar apoio às posições assumidas pelo presidente.  

Bolsonaro e o seu vice, por sua vez, acusam índios e Organizações Não Governamentais (ONGs) de proteção ambiental pela realização das queimadas. O jogo de poder usado pelo governo tenta descontruir toda a rede de proteção à Amazônia, tanto do ponto de vista legal, de fiscalização, como de desqualificação dos povos amazônicos do seu compromisso com a proteção ambiental. Trata-se de uma política, com motivações materiais, não apenas um “discurso vazio” e “sem sentido”, como muitos tentam indicar.

Essa estratégia é mais uma dentre tantas que vem sendo assumida neste governo – representa a aplicação da receita ultra neoliberal de desclassificar, fragmentar e fragilizar para privatizar. Ao flexibilizar e desmontar as instituições de fiscalização, ao desqualificar os povos que protegem a Amazônia, ao tentar desmoralizar organizações sociais que lutam pela defesa ambiental etc., o governo abre um amplo caminho para buscar aliados que consigam “garantir” a “proteção ambiental para a Amazônia”, entregando-a ao imperialismo, neste caso, o norte-americano.  

Como parte das disputas, os demais países imperialistas disparam fortes críticas contra o governo brasileiro, chegando, inclusive, a ameaçar o Brasil com a suspensão de negócios. Exemplo disso foi a provocação feita pela Finlândia a outros países da União Europeia para suspender a compra de carne e soja de origem brasileira, caso o governo não aponte ações claras de diminuição das queimadas na Amazônia.

Os congressistas democratas americanos também começaram a pressionar: anunciaram que pretendem criar dificuldades para a aprovação do tratado de livre comércio entre Brasil e Estados Unidos como forma de pressionar o governo brasileiro para atuar de forma mais incisiva na diminuição das queimadas. O Projeto é do deputado democrata Peter DeFazio, do Oregon, e consiste na criação de uma nova lei, chamada Ato para a Amazônia, para forçar o Brasil a combater os incêndios na floresta.

Segundo palavras do Presidente americano, Donald Trump, as relações comerciais entre Brasil e USA estão mais fortes do que nunca, se dispondo a doar “toda ajuda” necessária à preservação da Amazônia. Entende-se como ajuda necessária a entrada de capital privado americano para ações econômicas na Amazônia.

 

Resistir à subserviência

 

Enquanto o governo brasileiro arrota uma falsa defesa à soberania nacional (em “defesa” da Amazônia), constroem acordos econômicos com os imperialistas americanos para explorar a floresta. Uma conta que não fecha. O interesse do capital é pela exploração da natureza e seus bens, visando extrair o máximo de lucro possível, ação incompatível com a situação que é necessária neste momento.

O que estamos vendo é que o governo brasileiro irá colocar a nossa soberania sobre a Amazônia nas mãos dos mais gananciosos exploradores da natureza e dos povos. Seguindo o conto popular, “vão colocar raposa para cuidar das galinhas”. O resultado será ainda mais trágico para os povos, para a floresta e para os brasileiros, que terão mais um de seus maiores bens controlados pelos imperialistas norte-americanos.  É preciso organizar a resistência e frear os interesses gananciosos do imperialismo sobre o patrimônio ambiental brasileiro.


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