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Caso Amazônia: Crise diplomática ou disputa imperialista


No último dia 26 de agosto, em entrevista coletiva à imprensa, Bolsonaro questionou a ajuda financeira do G7 para a Amazônia. A retórica supostamente protecionista do presidente é tão mentirosa quanto a retórica ambientalista dos países do G7, que são os mais poluem o planeta terra. 

Enquanto Bolsonaro finge para a imprensa burguesa que está preocupado com a interferência estrangeira na Amazônia, a verdade é que o acordo União Europeia-Mercosul não passa de uma grande sujeição do Mercosul à uma dependência dos países do bloco europeu, pois abre completamente os países membros para a entrada das montadoras alemãs. Além disso, as alianças feitas por Bolsonaro com os EUA, como a entrega da base de Alcântara; o acordo do visto livre estadunidense no Brasil sem reciprocidade; a entrega do Pré-sal às petroleiras multinacionais, na sua maioria estadunidenses; a venda da Embraer para a estadunidense Boeing; a venda da Petrobras em retalhos etc. demonstram que o representante da extrema-direita nada tem de nacionalista. Na verdade, é um entreguista de marca maior. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, entrou em debate aberto com Bolsonaro, via coletivas de imprensa e redes sociais. Trata-se de uma defesa da elite fundiária rural francesa, que irá perder mercado com a entrada dos produtos primários do Mercosul na União Europeia, com baixos impostos. A chanceler alemã, Angela Merkel, por sua vez, em reunião do G7, fez valer a elite dos capitalistas do setor industrial e de prestação de serviços da União Europeia, fazendo a defesa da continuidade do acordo UE-Mercosul. Se concretizado, economia brasileira se tornará mais dependente ainda.

Ao final da cúpula do G7, foi oferecido uma ninharia de 20 milhões de euros para auxiliar no combate aos focos de incêndio na Amazônia. O presidente brasileiro questionou a oferta anunciada como sendo uma espécie de ingerência imperialista no Brasil. A fala revela a mais profunda hipocrisia do governante, já que ele mesmo abre a economia e a política brasileira para ingerência do imperialismo estadunidense. O que está sendo questionado pela extrema-direita não é a ingerência imperialista, mas que setor irá controlar o Brasil.

A desmoralização de Bolsonaro em escala mundial demonstra a condição de governante que não tem nenhuma respeitabilidade perante a outros líderes. O representante da extrema-direita, no seu melhor estilo fanfarrão, tentou criar, via redes sociais, uma campanha que falsifica a real situação da Floresta amazônica, usando imagens antigas da exuberância da floresta. Além disso, atacou Macron, chegando ao limite do machismo e da misoginia ao comparar a beleza física de sua esposa com a esposa do presidente francês.

À classe trabalhadora resta lutar tanto contra Bolsonaro e seu entreguismo, como contra a ingerência dos países europeus na política nacional. Só assim para alcançarmos algum grau de soberania nacional.
 


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