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Genocídio negligenciado: nos próximos 23 minutos um jovem negro será assassinado

A agenda imperialista que orienta o governo de Jair Bolsonaro exige que se tenha uma grande parte da população escravizada com o intuito de fortalecer o exploratório pilar de sustentação capitalista para atender interesses dos grandes burgueses nacionais e internacionais. A escravização da população negra que marca o Brasil desde o período colonial, agora acontece de forma institucionalizada, vestida de um populismo fascistóide, ignorante, violento e entreguista. Essa postura governamental, incentiva e ignora o aumento dos números da violência, estão ligados diretamente ao racismo e a pobreza presentes na população brasileira.

O Atlas da Violência 2019, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), comprovou através de números a gravidade em que se encontra o país em relação à violência, principalmente contra os negros.  O assassinato sistemático da população jovem nos coloca diante de um genocídio comparado a números de guerra. Genocídio que tem local, cor e idade bem distintos em nossa sociedade.

Segundo a campanha Vidas Negras, lançada pelas Nações Unidas em novembro de 2017, e o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito – Assassinato de Jovens de 2016, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no país, num total de 63 mortes por dia, aproximadamente 23 mil mortes ao ano. Confrontando estes dados ao do Atlas da Violência 2019 que revelou que o total de homicídios no Brasil em 2017 chegou ao número de 65602, verificamos que a morte de jovens negros representa aproximadamente 35% do total.

O relatório da Unicef – A Educação que Protege Contra a Violência, publicado em junho de 2019 chegou à conclusão de que os jovens mortos no Brasil, são homens, negros, de famílias de baixa renda e que habitam periferias urbanas.

Essa alarmante situação agora tem como agravante um governo cujo principal representante ignora variáveis ligadas diretamente aos índices de violência no Brasil. Questionando os órgão de estudos e pesquisas do País, o presidente contesta dados que revelam, por exemplo, a atual situação, em que mais 54,8 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha de pobreza, segundo o IBGE.

 

Bolsonaro insiste em negar o óbvio

 

Em sua página no twitter no último dia 05 de agosto de 2019, Bolsonaro questionou a existência da fome no Brasil e ainda cita versículo da bíblia que diz: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". Assim como rejeita os dados sobre a fome, Bolsonaro e sua equipe têm contestado todas as instituições de pesquisa cujos estudos apontam para a necessidade de políticas públicas que seu governo não pretende implementar.

Jovens pobres estão morrendo por conta do racismo institucionalizado, uma das bases de sustentação do regime capitalista, ao materializar a subalternização do negro. Racismo este que o governo promove ao negar a existência também do preconceito racial e sua explícita associação à fome e a miséria, que mantém essas pessoas numa situação de vulnerabilidade social.

Bolsonaro, em pouco mais de 200 dias, mostrou a que veio. O objetivo de seu governo é aumentar os índices de exploração para atender a realidade escravocrata dos grandes burgueses e manter a máquina capitalista produzindo riqueza para uma parcela bem pequena da sociedade. Quanto mais explorada e oprimida, mais a população se sente vulnerável. Sem informação, sem tempo, entendimento e meios para externalizar suas indignações a respeito da violência, torna-se mais sujeita a ela. Junto à miséria, as práticas racistas relegam os negros às condições mais degradantes da vida social.

Neste momento se faz mais importante que nunca a organização e unificação de uma luta para dar resposta aos ataques que a extrema direita vem organizando para aumentar o sistema exploratório das classes mais desfavorecidas. O governo sabe que a conscientização da população é uma arma poderosa contra o sistema predatório imposto pelo imperialismo para aumentar seus lucros e sustento de suas pautas entreguistas de poder.

Nesta semana, Bolsonaro, ao anunciar um projeto de Lei para dar “retaguarda jurídica” a policiais e militares que matarem pessoas - o excludente de ilicitude – afirmou que “bandidos vão morrer igual barata”. A população da periferia sabe muito bem que quando ele usa o termo “bandidos” não se refere ao Queiroz, ou ao militar que carregou drogas no avião presidencial. Quem continuará a morrer, e agora mais do que antes, serão os jovens negros das periferias.

As pautas do movimento negro devem, mais do que nunca, reafirmar a importância da construção da sua identidade, valorização de suas raízes e sua resistência histórica para enfrentar o racismo como parte da luta unificada da classe trabalhadora contra a base material da opressão, que é o capitalismo, agora em sua face mais violenta.


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