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Tensões no Golfo Pérsico

Continua em escalada a tensão entre o Irã e os países imperialistas. Em 2018, os Estados Unidos, sob a batuta fascista de Donald Trump, se retirou do acordo nuclear de 2015, entre os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia, China e Irã, que permitia ao Irã prosseguir com pesquisas nucleares para fins comerciais, médicos e industriais, sem que o País sofresse sanções internacionais, desde que não violasse os padrões internacionais de não proliferação de armas atômicas. Em resposta, o presidente iraniano, Hassan Rohani, em 17 de junho de 2019, anunciou que seu país tem a intenção de enriquecer urânio a um grau acima do limite estipulado pelo acordo, que era de 3,67%. No dia 4 de agosto, as forças navais do Irã interceptaram o 3º navio estrangeiro no Golfo Pérsico em menos de um mês.

Segundo a agência estatal iraniana de notícias, IRNA, “o navio transportava 700 mil litros de combustível contrabandeado nas proximidades da ilha de Farsi”. O navio foi conduzido ao porto de Bushehr e a carga contrabandeada entregue às autoridades. A nacionalidade do navio ainda não foi revelada e sete integrantes da tripulação foram detidos. No dia 14 de julho, o Irã já havia capturado um petroleiro de bandeira panamenha, sob a mesma acusação. No dia 19 de julho, outro petroleiro, sueco mas que navegava sob bandeira britânica, foi capturado sob a alegação de não respeitar o código marítimo internacional.

Assim como a perspectiva de enriquecer urânio a um grau superior ao acordo nuclear de 2015 foi uma resposta do governo iraniano à saída dos Estados Unidos do acordo, a captura dos navios estrangeiros começaram cerca de duas semanas depois da marinha inglesa interceptar um petroleiro iraniano na costa de Gilbratrar, sob a acusação de levar petróleo para a Síria, país em guerra e que está sob sanções econômicas da União Europeia. O governo iraniano nega as acusações.

O Irã está no centro dos conflitos geopolíticos internacionais por motivos econômicos. Um terço do petróleo que transita por vias marítimas no mundo passam pelo Estreito de Ormuz, território iraniano no Golfo Pérsico. Por isso, os Estados Unidos estão propondo estabelecer uma coalizão internacional para que cada país escolte militarmente suas embarcações que passam pelo Estreito, com apoio do exército estadunidense. Como o governo iraniano não cede facilmente às pressões externas, sejam econômicas ou militares, é provável que se aprovada essa proposta belicosa do governo estadunidense, que já atua na região com navios de guerra e drones,  a situação no Golfo Pérsico se deteriore. Conforme declarou o general iraniano Ahmad Reza Purdastan, em entrevista veiculada pelo G1, “o Golfo Pérsico é como um barril de pólvora e a primeira explosão pode levar a um grande desastre”.

As sanções impostas pelos Estados Unidos são ações violentas contra os países que não se submetem a sua política. O governo brasileiro, por exemplo, completamente de joelhos diante dos Estados Unidos e com medo das sanções dos norte-americanos, se recusou a abastecer dois cargueiros iranianos carregados com milho que ficaram paralisados desde o início de junho no porto de Paranaguá, no Paraná. Os navios só puderam partir no dia 27 de julho, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que a Petrobras fornecesse combustível às embarcações. A decisão do Supremo baseou-se no fato de que o Irã é o maior comprador de milho brasileiro e havia ameaçado suspender as importações de milho e outros produtos brasileiros, 2 bilhões de dólares por ano, se a Petrobras não abastecesse os dois cargueiros. Tudo indica que os Estados Unidos estão tentando criar uma situação que justifique iniciar mais uma guerra no Oriente Médio.

É necessário que o Irã continue resistindo à sanha imperialista, ávida pelo petróleo que circula na região. Ao mesmo tempo, aos trabalhadores iranianos e também dos países que atacam o Irã, é necessário a clareza que um conflito na região não diz respeito a nenhum interesse da classe trabalhadora. Se ocorrer, este conflito será apenas para que o punhado de parasitas que controlam o mundo se enriqueçam também com o petróleo iraniano.


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