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Morte na fronteira entre EUA e México choca o mundo


No último dia 24 de junho, uma imagem de dois salvadorenhos mortos às margens do Rio Grande, na fronteira dos EUA com o México, chocou o mundo. Trata-se de Óscar Alberto Martínez Ramírez, de 25 anos, e de sua filha, Valéria, de 23 meses. O caso engrossa as estatísticas de imigrantes que morrem na tentativa de sair de países da América Latina, sobretudo a América Central, e vão tentar melhor sorte nos Estados Unidos.

Tânia Vanessa Ávalos, esposa de Óscar e mãe de Valéria, sobreviveu. Segundo ela, a família se deslocou até a cidade mexicana de Matamoros com o intuito de atravessar a nado o rio Grande até Brownsville, no Texas. Óscar atravessou o rio com a filha e voltou para auxiliar a esposa. Porém, ao deixar a filha na outra margem e retornar, foi surpreendido com a tentativa da criança de se jogar no rio para acompanhá-lo. Ao voltar para tentar resgatar a criança, a correnteza os arrastou e eles acabaram se afogando.

Rosa Ramírez, mãe de Oscar, afirmou que a ideia da família era encontrar parentes em Dallas, no Texas, que haviam lhes garantido a possibilidade de conseguir empregos. Em entrevista à rede de notícias mexicana AP, Rosa afirmou que implorou "para eles não irem, mas ele queria juntar dinheiro para construir uma casa".

A morte de Óscar e Valéria não é uma fato isolado. Segundo a própria Patrulha da Fronteira estadunidense, apenas no ano passado foram constatadas 283 mortes de imigrantes que tentavam chegar ao EUA. Mesmo aqueles que conseguem atravessar, ainda não estão a salvo. Em 2018, a imprensa internacional teve acesso a fotografias de filhos de imigrantes presos em centros de detenção na tentativa de atravessar a fronteira ou que haviam sido deportados por estarem ilegalmente no País. As crianças, literalmente, viviam em jaulas.

Em entrevista veiculada pelo portal de notícias G1, a advogada e diretora da Clínica de Direito dos Imigrantes da Escola de Direito Universidade de Columbia, Elora Mukherjee, após ter visitado um dos centros onde ficam detidas crianças migrantes, afirmou que elas "estavam famintas, sujas, doentes, assustadas e todas as que eu entrevistei estavam detidas por mais do que as 72 horas limitadas por lei. As crianças não tinham acesso a sabão para lavar as mãos. A maioria não tomava banho havia semanas, desde que cruzaram as fronteiras. (...) Suas roupas estavam sujas de fluidos humanos, de catarro e muco. Suas calças tinham urina".

 

Crise migratória ou imperialismo?

 

O presidente dos EUA, Donald Trump, em resposta à correspondente da GloboNews, Raquel Krähenbühl, afirmou que  odeia ver a foto do pai e da criança mortos. “E eu sei que isso poderia acabar imediatamente se os Democratas mudassem a lei. Eles têm que mudar a lei!". Ou seja, para o presidente estadunidense, a culpa pelas mortes de imigrantes seria da oposição e não da sua política genocida anti-imigração. Vale lembrar que sua principal promessa de campanha eleitoral foi construir um muro na fronteira entre México e Estados Unidos, o que já está parcialmente cumprido.

O problema da imigração latino americana para os Estados Unidos não é uma questão de crise migratória. As pessoas não vão atrás do "sonho americano" por um mero querer, mas por falta de opção. Isso ocorre, essencialmente, por causa do imperialismo.

É o imperialismo estadunidense que explora e retira mais valia dos países latino-americanos para tentar sustentar seu falido Estado de bem-estar social. Os Estados Unidos, que possuem uma dívida pública de mais te US$ 21 trilhões, só se sustentam por explorarem o resto do mundo, principalmente a parte que considera seu quintal, a América Latina. Se esses imigrantes tivessem as mínimas condições de vida em seus países de origem não teriam que se arriscar para ir a um país em que, além de tudo, sofrerão a mais intensa xenofobia.

É para sustentar uma casta de parasitas que os Estados Unidos prendem e matam tantos imigrantes. É necessário entender bem essa realidade para não cairmos no “conto de carochinha” da imprensa burguesa, que resume o problema a uma “simples crise migratória”, culpabilizando as reais vítimas: os super-explorados trabalhadores do terceiro mundo.


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