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“VazaJato”: a burguesia em decadência

O Brasil e o mundo foram sacudidos pelas revelações bombásticas do site The Intercept, de Glenn Greenwald, sobre a Operação Lava Jato. O tema virou o assunto mais importante desde a noite do último dia 9 e criou uma série de expectativas em relação à já debilitada saúde do governo Bolsonaro. As denúncias de Greenwald reanimaram o debate sobre a situação de preso político do ex-presidente Lula ao confirmarem que a farsa montada pela Operação Lava Jato tinha como objetivo maior retirar Lula da disputa eleitoral de 2018.

O “VazaJato”, como está sendo chamado o vazamento de informações sobre a Lava jato, jogou luz na comprovação irrefutável de que Lula foi vítima de “ lawfare”, manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. O escândalo da troca de mensagens entre procuradores da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, repercutiu na imprensa mundial como uma explícita operação política para evitar a volta do PT ao poder.  O Intercept Brasil publicou uma série de reportagens que mostram discussões internas da Força Tarefa da Lava Jato, coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol, em colaboração com o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. De acordo com o site, elas foram “produzidas a partir de arquivos enormes e inéditos – incluindo mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens – enviados por uma fonte anônima, e revelam comportamentos antiéticos e transgressões que o Brasil e o mundo têm o direito de conhecer”.

Uma diferença entre esse novo episódio de irregularidades do processo de Lula e os capítulos anteriores é que, agora, trata-se de um vazamento que, possivelmente, partiu do interior da própria burguesia, que não consegue mais sustentar um governo recordista em impopularidade e incapaz de articular a aprovação da Reforma da Previdência. A atual conjuntura de desgaste deste governo às vésperas de enfrentar uma Greve Geral que pode ser uma das maiores da nossa história, dada a força dos últimos atos, dão às denúncias de Greenwald o caráter de divisor de águas do golpe orquestrado contra o PT, que levou Jair Bolsonaro ao poder.  

As pressões dos setores democráticos para que o ex-presidente Lula seja solto, diante das irregularidades jurídicas de sua prisão, alimentam as esperanças das bases dos trabalhadores que o apoiam. As expectativas desses setores se voltam para o Supremo Tribunal Federal (STF), em guerra contra a Lava Jato há tempos. Na sessão da Segunda Turma do STF, no último dia 11 de junho, o ministro Gilmar Mendes criticou o recebimento de denúncias baseadas apenas em acordos de delação premiada e outros procedimentos da Lava Jato. Ficou marcado para o próximo dia 25 de junho o julgamento do pedido de habeas-corpus da defesa de Lula que aponta a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

Os partidos de oposiçção (PT, PCB, PCdoB, PSOL, PDT, PSB) por sua vez, em reunião realizada também no dia 11, mantiveram sua posição de reconhecer a luta anticorrupção, uma vez que a única proposta de ação após o estouro do escândalo foi defender a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as condutas de membros do Ministério Público Federal (MPF) da Operação Lava Jato. No documento assinado pelas direções dos partidos da oposição está a exigência do imediato afastamento do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e dos procuradores da República que atuam na Força Tarefa da Lava Jato, como medida de fundamental importância para assegurar o “bom andamento das investigações”. Não há, por exemplo, nenhuma proposta que questione a própria legitimidade da Operação Lava Jato como um todo e muito menos se contesta a legalidade da eleição de Jair Bolsonaro.

Os bastidores da grande política escondem os mecanismos que os diversos setores da burguesia usam para resolver suas crises internas. Qualquer certeza sobre o impacto da “VazaJato” na manutenção do governo Bolsonaro será, por ora, especulação. Certo é que a máscara da luta anticorrupção está no chão, pisoteada. Cabe às organizações de luta dos trabalhadores superar a política reticente das direções da esquerda eleitoreira e fortalecer a campanha em favor da Greve Geral do dia 14, como forma de enfrentar, nas ruas, todos os ataques promovidos pelo governo Bolsonaro, de impedir o avanço da política de terra arrasada que o imperialismo quer impor ao Brasil e de evitar as armadilhas preparadas pela burguesia que quer ampliar a exploração da classe trabalhadora.

As manifestações de maio, que levaram milhões de trabalhadores às ruas do País em favor da Educação Pública, contra a Reforma da Previdência e os ataques aos direitos democráticos, jogaram o governo nas cordas. A burguesia que se uniu para promover a fraude que levou Bolsonaro ao poder, precisa, agora, encontrar um caminho menos espinhoso para levar adiante seus planos. Aos trabalhadores caberá manter-se como espinhos.


Pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos

Contra a Reforma da Previdência

Contra os ataques aos serviços públicos e aos direitos democráticos

Em defesa da soberania nacional


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