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Ataques à liberdade de expressão na Alesp

No último dia 02 de maio, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e o público que acompanhava as transmissões dos debates assistiram a mais um espetáculo de truculência e abuso do poder dos novos “representantes” do povo. Os deputados estaduais do PSL-SP, Adalberto Freitas e Douglas Garcia, ameaçaram publicamente os deputados da bancada do PT quando estes faziam a defesa da professora e deputada, Maria Isabel Noronha (Bebel), PT. Bebel sofreu ataques da deputada Janaína Paschoal (PSL/SP) pelo fato de ser presidenta do sindicato dos professores estaduais de São Paulo, a Apeoesp. Para Janaína, Bebel, que é presidenta da Comissão de Educação, iria instrumentalizar tal Comissão em favor dos interesses da categoria que representa no sindicato, os professores.

Obviamente que os eleitores de Bebel esperam que ela use o sindicato para mobilizar os trabalhadores no sentido de garantir a aprovação de medidas que favoreçam a defesa da escola pública. Essa, inclusive, é uma das premissas do sindicato: fazer pressão no Parlamento.

A agressão contra a deputada sindicalista não é um caso isolado. Como fica claro, a correlação de forças está desfavorável para a esquerda no atual contexto de golpe no País, que elevou ao poder pessoas que atuarão como serviçais do grande capital para destruir os direitos democráticos da população e, assim, levar adiante, sem resistência, seus planos de ataques econômicos contra os trabalhadores. O aumento da bancada do PSL na Alesp, que antes não tinha representatividade, bem como o acréscimo de nove deputados de origem militar ou de segurança pública, a maioria do PSL, mostra que os parlamentares que se mostrarem minimamente progressistas estarão sujeitos a todo o tipo de ataque e perseguição. As mulheres, como não poderia ser diferente, são minoria na política institucional e, portanto, serão fortemente atacadas pelos misóginos correligionários do atual presidente Jair Bolsonaro.

 

Medo do povo

 

“Se forem lá, no terceiro andar, 3109, peça para ir lá, e vou deixar aqui acertado, viu senhor presidente, se acontecer algum acidente nesta casa, se eu ter(sic) de defender a minha integridade e acontecer algum problema de morte nesta casa, a culpa vai ser da senhora, a culpa vai ser da senhora”, disse Adalberto Freitas, dirigindo-se à Bebel (PT), ao acusá-la de usar o sindicato para mobilizar professores que fazem manifestações nas galerias da Alesp. O vídeo de seu discurso, que teve grande destaque nas redes sociais e na imprensa de esquerda, comprova que essa direita fascista tem medo do povo e, por isso, age da única forma que sabe: com intimidação e violência.

O discurso violento foi dirigido à Bebel, mas a ameaça foi contra a população. Freitas avisou ao Presidente da Alesp, em discurso público, que em seu gabinete tem duas pessoas armadas que fazem a defesa do parlamentar. Seu discurso explicitou a farsa da democracia representativa, onde, teoricamente, os eleitores poderiam e deveriam acompanhar os mandatos dos eleitos e exigir que seus interesses fossem defendidos. Passando por cima dos princípios básicos que justificam a existência de uma instituição parlamentar que é a Assembleia Legislativa, Freitas, como a maioria dos seus correligionários, usa o seu mandato como ferramenta para agir fora da lei, acima dela e contra a população, sempre.

Não foi a primeira vez que a população fora desrespeitada e ameaçada em seu direito de se manifestar na Alesp. Em 2016, o deputado estadual, coronel Telhada (no PSDB, à época), atacou estudantes secundaristas que promoviam a ocupação do plenário na luta contra a máfia da merenda no estado. O parlamentar, hoje no PP e base de apoio ao governo de João Dória, aliado do governo federal, é ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), da Polícia Militar (PM) e ameaçou prender uma jovem que discutiu com ele. Na época, viralizou nas redes sociais o vídeo em que Telhada grita com a estudante, afirmando: “Está pensando que está falando com moleque? Eu sou deputado e tenho que ser respeitado”. A jovem respondeu: “Eu sou uma mulher, estudante, e mereço respeito”. O deputado ameaça tirá-la da Alesp, mas ela retrucou: “Aqui é a casa do povo”. Telhada chegou a afirmar que iria prender a estudante, o que não ocorreu.

 

As campanhas de ódio e a repressão

 

A cada dia fica mais claro que os discursos de ódio dos aliados de Bolsonaro estão diretamente ligados à necessidade da burguesia em reprimir a classe trabalhadora. Os discursos anti-PT, contra as minorias (movimento sem-terra, quilombolas), e o revigoramento dos preconceitos contra negros, mulheres e LGBT's, deram a tônica de toda a vida pública de Bolsonaro. Em campanha, o agora presidente propôs acabar com os movimentos sociais, prometeu fuzilar militantes de esquerda e mandá-los para a “Ponta da Praia”, que era a expressão que a Ditadura Militar utilizava para os locais de extermínio de oposição. Hoje, quando Bolsonaro enfrenta forte rejeição popular e os trabalhadores resistem aos ataques, em especial à aprovação da reforma da Previdência, que desde 2016 tem sido a “pedra no sapato” dos governos golpistas, a ameaça direta à esquerda e às manifestações populares torna-se prática vital para seus apoiadores.

A relação direta da família Bolsonaro com as milícias, as promessas feitas aos latifundiários de lhes dar carta branca para matar em nome da propriedade privada, o pacote “anticrime” de Moro e as manifestações violentas de políticos eleitos contra opositores escancaram o caráter fascista do atual governo. No caso ocorrido na Alesp, esse caráter fascista mostra a que veio: reprimir as manifestações populares e atacar as organizações dos trabalhadores.
Os abusos contra os representantes da esquerda não irão parar. Tais ações, em conjunto com a manutenção da prisão do ex-presidente Lula, comprovam que a Constituição é letra morta no País. Os novos governantes estão imbuídos da noção de impunidade, querendo mostrar seu poder através da força bruta. O assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, é o exemplo mais dramático.

A repressão violenta contra toda a esquerda e os movimentos sociais será a regra para a direita atingir seus objetivos de massacrar os direitos dos trabalhadores. Para resistir e derrotar esse estado de coisas será fundamental a organização dos trabalhadores pelas bases.

A LPS (Luta Pelo Socialismo) manifesta seu repúdio às agressões sofridas pela companheira Bebel e pela bancada do PT na Alesp.
 

 


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