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Mais um capítulo do golpe imperialista contra a Venezuela

No dia 30 de abril o povo venezuelano, assim como os povos da América Latina e do mundo todo, assistiu a mais uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela, orquestrada pelo fantoche político dos EUA, Juan Guaidó, do partido Voluntad Popular, integrante da frente de oposição Mesa da Unidade Democrática.

A história recente do país é marcada, desde 2014, por um movimento golpista que começou com protestos de rua, em que se notabilizou o engajamento do partido Voluntad Popular. Esse partido se coloca como uma renovação na oposição ao chavismo, uma estratégia para atrair a juventude, setores populares, uma classe média e um empresariado, sob as palavras de ordem “progresso, democracia e ação social”, com vistas a drenar energias políticas e tentar desestabilizar o governo e o regime revolucionário. Para isso, desde 2004, os formadores desse partido começaram a recrutar quadros entre lideres comunitários, trabalhadores, empresários, políticos e juventude mediante as chamadas Redes Populares, que em conjunto, no ano de 2009, constituíram o protótipo do partido chamado movimento Ação Social, logo se juntando com a frente de oposição ao chavismo, formando o Movimiento Voluntad Popular, de onde veio o partido, que se apresenta como centro esquerda. Entretanto, depois de vários fracassos em mobilizar levantes populares, a partir da ação de Guaidó, esse partido tem tentado a divisão político-institucional do país, com aliciamento do exército a se rebelar contra o regime revolucionário.

Essa última tentativa foi apoiada pelos EUA e seus aliados internacionais, como medida desesperada para desestabilizar o regime e dar um golpe de Estado, decorrente do qual um novo regime se formaria, alinhado com os interesses geopolíticos estadunidenses, colocando à disposição desse país imperialista as reservas de petróleo venezuelanas, assim como os outros recursos naturais e sociais.

O recente capítulo coloca em descoberto a verdade sobre toda história de formação desse movimento político do qual saiu o partido de Gauidó, ou seja, ele não é nada além de um dedo do imperialismo estadunidense na política nacional da Venezuela, um movimento para gerar mudança política favorável a essa grande potência, mais um movimento das chamadas “revoluções coloridas” (estratégia de intervenção estadunidense, em diversos países, visando desestabilizar governos e ocasionar sua queda).

 

Ingerência imperialista para manter o controle

 

O desespero dos EUA em consolidar a força um alinhamento geopolítico, que submeta os países sul-americanos a seus interesses, decorre da atual crise do capitalismo e da falência do arranjo institucional internacional construído no pós-segunda guerra mundial, destinado a manter a hegemonia estadunidense como centro de acumulação de capitais e da integração geopolítica global. Com a incapacidade de todo esse aparelho imperialista de assegurar a acumulação de valores, o centro de acumulação de capitais está se deslocando para outra região, mediante o projeto de integração Euroasiática, em uma parceria entre Rússia e China.

Se é consolidada essa integração Euroasiática e com ela ocorre o deslocamento do centro de acumulação de capitais, ocorre a reestruturação de toda a economia global e da divisão internacional do trabalho, assim como a posição geopolítica de todos os países integrados à cadeia produtiva do capital é alterada. O que colocaria em um museu toda a história de dominação dos países ditos de primeiro mundo.

O projeto de integração Euroasiática é proposto pela China como Novas Rotas da Seda. Nessa proposta se tem também a perspectiva de uma reintegração da economia global mediante consolidação de acordos com os chamados países emergentes, de modo a que sejam incluídos nesse novo circuito de circulação de mercadorias e valores.
É nesse contexto que o projeto bolivariano de fortalecer a independência e soberania dos países sul-americanos entra na mira dos EUA. Pois, com a relativa consolidação desse projeto nos chamados governo de frente popular, que passaram a fortalecer a autonomia do Mercosul e ampliar suas relações internacionais, enquanto economias dependentes e de exportação, suas negociações passaram a ser atraídas para o novo polo de acumulação de capitais que se forma com o projeto Russo-chinês. Assim, se os países do Mercosul, mesmo que dependentes economicamente, consigam soberania sobre seus recursos naturais e sociais suas negociações serão atraídas para a proposta de reestruturação da economia global representada pelas Novas Rotas da Seda, uma prova disso é o BRICS, interrompido, dentre outros eventos, pelo golpe de Estado no Brasil.

Esse é todo o conjunto das contraditórias relações internacionais que explicam as reiteradas tentativas de golpe na Venezuela, a função dos planos conspiratórios de Juan Guaidó e seu movimento de oposição ao chavismo, os golpes de Estado nos outros países do continente, as articulações do Grupo de Lima, que se coloca como alternativa ao Mercosul, para um realinhamento político em harmonia com os ditames da Casa Branca, o apoio ao movimento golpista tanto da mídia corporativa no Brasil como do Governo de Jair Bolsonaro, lacaios do imperialismo, e a intervenção aberta dos EUA na Venezuela, assim como o amparo dado a este último país por parte da Rússia e da China.

Diante desse movimento de reestruturação do capitalismo mundial, cabe à classe trabalhadora fortalecer sua organização e suas entidades de luta para a defesa dos direitos conquistados, da soberania dos povos sobre seu território, para a construção do poder que emane da população trabalhadora e para que a riqueza produzida no mundo sirva à satisfação de quem as produziu e às necessidades efetivas de todos.

 


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