Um rapaz negro, de 19 anos, foi morto no último dia 14 de fevereiro, na frente da própria mãe por um segurança do supermercado Extra, localizado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). De acordo com testemunhas e com as filmagens feitas no momento da execução, compartilhadas em sites de notícias, o segurança do estabelecimento, Davi Ricardo Moreira Amâncio, estrangulou o jovem, identificado como Pedro Gonzaga, que morreu depois de duas paradas cardiorrespiratórias. Na cena é possível ver os outros seguranças, que ficaram totalmente imóveis e coniventes com a ação.
Nas imagens, o segurança aparece sobre o corpo do jovem, já desacordado, enquanto populares pedem para que ele pare. Uma das testemunhas alerta sobre a condição do rapaz, que neste momento já se encontrava desmaiado, enquanto a mãe grita afirmando que o filho estava com a mão roxa. Mas o segurança, mesmo diante da total apatia da vítima, se nega a sair de cima do corpo, levando o enforcamento até as últimas consequências. No vídeo não há dúvidas que a intenção do guarda era efetivamente matar o jovem e não apenas “contê-lo”.
Em sua defesa, o segurança afirmou que a imobilização se deu após o jovem tentar furtar sua arma, versão que as próprias câmeras de segurança do local desmentem. No dia da morte, a Polícia Civil indiciou o segurança por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). O acusado foi levado preso, mas liberado para responder em liberdade após pagamento de fiança de R$ 10 mil. Em entrevista para o jornal O Globo, o delegado responsável pelo caso, Cassiano Conte, minimizou a situação, falando apenas na “imprudência” cometida pelo segurança na forma como aplicou o golpe e realizou a abordagem. Ainda de acordo com o delegado, não seria possível estabelecer dolo, pois o acusado estava no exercício de sua função. “Eu não tenho elemento concreto que o vigilante queria a morte dele. O que eu tenho é ele tentando conter o jovem, da pior maneira possível”, declarou Conte.
O exame pericial para apuração da morte, por sua vez, constatou que o que levou à morte do jovem foi o estrangulamento do segurança e, por isso, o mesmo foi autuado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, tipificado por estrangulamento.
O supermercado Extra, mesmo após uma série de protestos, em várias cidades do País, pedindo punição para o crime e a retratação por parte da rede, se limitou apenas a lançar uma moção de repúdio à atitude do segurança e a afastar os envolvidos.
Pedro Gonzaga é mais uma vítima desse racismo institucional. Longe de representar um caso isolado, o assassinato de mais um jovem negro é reflexo de uma política deliberada. Os grandes negócios imperialistas não se importam com a vida da população, que veem os negros apenas como mão de obra barata e objetos descartáveis. Nas periferias, a máquina opressora do Estado segue com sua missão de extermínio da população jovem negra e pobre. Aqueles que são treinados para proteger a sociedade também são doutrinados pelo racismo estrutural, onde o negro é colocado sempre na posição de “mais um bandido”. Os movimentos sociais devem se organizar e lutar contra esses atos de matança pois, como bem sabemos, ainda hoje “a carne mais barata é a Negra”.