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Israel e Bolsonaro

Jair Bolsonaro, não perde a oportunidade de fala sobre seu interesse em aprofundar relações internacionais com Israel. Até então, o ápice dessa aproximação foi a reunião entre o novo presidente do Brasil e o Premiê israelense, Benjamin Netanyahu, no último dia 28 de dezembro, no Forte de Copacabana (RJ). Em pronunciamento à imprensa durante a reunião, Bolsonaro afirmou que iniciará “uma política de grande parceria com Israel”. Já Netanyahu assegurou que “os laços de fraternidade e a aliança que o presidente mencionou são reais e podem nos levar a longas distâncias. Israel é a terra prometida e o Brasil é a terra da promessa de futuro”. Mas o que é Israel no cenário político internacional? Para entender essa relação é preciso compreender como se deu a fundação deste Estado.

O holocausto, política de extermínio de Adolf Hitler, que matou milhões de judeus e foi exposta ao mundo após o fim da II Guerra Imperialista Mundial, foi apenas o ápice da perseguição sofrida por judeus na Europa. Desde a Idade Média, a Inquisição Católica executava judeus que exerciam sua fé. O antissemitismo, palavra usada para adjetivar a perseguição aos judeus, era à tónica na Europa.

Nesse contexto, no início do século XX, assistiu-se o fortalecimento do movimento sionista, cuja intenção era criar um Estado para os judeus como forma de reação ao antissemitismo na Europa. O lugar escolhido foi a Palestina, entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão, região que é considerada sagrada para as três grandes religiões monoteístas do mundo: o cristianismo, o islamismo e o judaísmo.

Porém, a região, então colônia inglesa, já era habitada por palestinos muçulmanos que resistiam à ocupação judaica. Os atritos fizeram surgir grupos militares tanto entre muçulmanos quanto entre os judeus.

Após a divulgação mundial do Holocausto, a pressão judaica e agora também da comunidade internacional pela criação de um Estado judeu aumentou ainda mais. Assim, para eliminar o problema da Europa e criar um entreposto que favorecesse os interesses imperialistas na região do Oriente Médio, rica em petróleo, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou na canetada, no dia 14 de maio de 1948, o Estado de Israel, dividindo a região meio a meio entre judeus e palestinos.
A ação da ONU não passou sem consequências. Todos os países no entorno da região são muçulmanos. Estes, por interesses econômicos e laços de fé, desde que Israel foi criado, fizeram quatro guerras entre países árabes e Israel, todas culminando com a vitória israelense, que conta com apoio militar decisivo das grandes potências imperialistas. O território palestino, que à princípio era a metade, se viu drasticamente reduzido. E mesmo nos territórios que teoricamente são palestinos, existem ocupações judaicas permanentes.

É com este Estado biônico, criado à canetada por imperialistas, que matou e mata centenas de milhares de palestinos, que Bolsonaro quer ampliar laços.

 

Transformar o Brasil em Israel da América Latina

 

Como dito, para o imperialismo, Israel ocupa uma posição estratégica, próxima aos grandes campos de petróleo no Oriente Médio. O Estado é um enclave político-econômico do capitalismo global na região. Não por acaso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve a mesma estratégia de aproximação com o Estado israelense, transferindo, inclusive, a embaixada estadunidense em Israel para Jerusalém, cidade que teoricamente não é a capital de nenhum Estado, dada a grande importância que a região tem para as três grandes religiões monoteístas.

Agora, a política do imperialismo mira o Brasil. A intenção é fazer o mesmo com o Brasil que o que se fez historicamente com Israel.  O cenário é diferente, mas o motivo é o mesmo: servir como forma de pressão para acessar os ricos campos de petróleo, dessa vez da Venezuela. Uma guerra de tipo militar entre Brasil e Venezuela não está descartada. Isso será ainda mais facilitado pela política subserviente aos interesses estadunidenses que está sendo adotada por Jair Bolsonaro, o que tornará ainda mais fácil a mobilização do Estado brasileiro pelo imperialismo.

Até no apoio irrestrito à Israel, Bolsonaro vai fazendo o jogo do imperialismo. Foi significativo o grande número de bandeiras dos Estados Unidos e de Israel levadas por apoiadores, no dia da posse do presidente. À classe trabalhadora, esse jogo nada interessa. Ele significa repressão, desemprego, guerra, fome e morte. Por isso, embora o governo de Bolsonaro esteja apenas no começo, a oposição à ele deve ser organizada e mobilizada desde já.

 


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