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Movimentação “suspeita” de ex-motorista de Flavio Bolsonaro supera valor imputado a Lula pelo Triplex

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), nem assumiu e os escândalos de corrupção já bombardeiam o novo governo. Desta vez, a “denúncia” partiu do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou uma movimentação “atípica”, no valor de R$ 1,2 milhão, na conta de um ex-motorista do filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O relatório do Conselho aponta que o ex-assessor de Flávio e subtenente da Polícia Militar, Fabrício José de Carlos Queiroz, recebeu depósitos em espécie e por meio de transferências de oito funcionários que já foram ou estão lotados no gabinete do parlamentar. Em meio a transações duvidosas está, ainda, um depósito feito na conta da futura primeira dama, Michelle Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil. Um dado chama a atenção: o valor movimentado pelo funcionário do filho de Bolsonaro (R$ 1,2 milhão), supera o valor do tríplex do Guarujá (SP), estimado em R$ 1,14 milhão, que foi atribuído ao ex-presidente Lula e que resultou na sua prisão (por 12 anos e um mês), conforme a sentença proferida pelo então juiz Sérgio Moro.
O relatório do Coaf faz parte da Operação Furna da Onça, feita pelo Ministério Público Federal, que investiga o envolvimento dos parlamentares estaduais no esquema de corrupção – pagamento de "mensalinho" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – que já foi responsável pela prisão de dez deputados cariocas. Mesmo não sendo alvo das investigações, o nome de Fabrício Queiroz foi citado porque o Coaf mapeou todos os funcionários e ex-servidores da Alerj e acabou verificando as transações suspeitas. Além de Queiroz, sua filha, Nathalia Melo de Queiroz, que já foi secretária de Bolsonaro na Câmara, também foi mencionada pela realização de depósitos que totalizaram R$ 84.110,04 e transferência de R$ 2.319,31. Isso sem falar na sua esposa, Marcia Oliveira de Aguiar, que exerceu cargo de consultora parlamentar do gabinete de Flávio. De acordo com o Coaf, Marcia repassou ao marido, em dinheiro, o montante de R$ 18.864,00. Por transferências, o valor chegou a R$ 18,3 mil.
Segundo uma matéria publicada no jornal O Globo, “Na lista, há ainda três funcionários que apareceram na última folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Rio, disponibilizada no site da Casa, a de setembro deste ano. Queiroz recebeu de Raimunda Veras Magalhães, de acordo com o relatório, R$ 4,6 mil (...). Outro que ainda consta na folha é Jorge Luis de Souza, cujo salário líquido em setembro de 2016 foi de R$ 4.847,27. Segundo documento do Coaf, o depósito dele foi de R$ 3.140,00 (...). Outro depósito, de R$ 3.542,00, veio de Luiza Souza Paes, que foi funcionária do gabinete de Flávio em 2012. Depois, ela exerceu outras funções na Alerj. Constam ainda transferências eletrônicas num total de R$ 7.684,00. O relatório do Coaf aponta ainda que Queiroz recebeu transferência eletrônica de R$ 3,2 mil de Marcia Cristina Nascimento dos Santos, que, em fevereiro de 2016, aparecia na folha de pagamento da Alerj com um salário líquido de R$ 5.160.98”.
Já o jornal Estadão afirmou que "Ao longo de um ano, o órgão também encontrou cerca de R$ 320 mil em saque na conta mantida pelo motorista do filho de Bolsonaro. Desse total, R$ 159 mil foram sacados numa agência bancária no prédio da Alerj, no centro do Rio (...). Os técnicos do órgão também receberam informações sobre transações consideradas como suspeita após janeiro de 2017. Segundo o Coaf, entre fevereiro e abril do ano passado, o banco comunicou sobre 10 transações 'fracionadas' no valor total de R$ 49 mil que poderia configurar uma 'possível tentativa de burla aos controles’". 

O silêncio dos defensores da moral e dos bons costumes e a necessidade de organizar as massas

Como era de se esperar, os “paladinos” da ética, da moral e dos bons costumes se silenciaram completamente diante do escândalo. Bolsonaro usou o bom e velho atestado médico para fugir dos compromissos públicos, enquanto Sérgio Moro, que será o ministro da Justiça e responsável pela Coaf, “preferiu” não opinar sobre o caso, isso apesar de o então juiz ser o homem que carrega a bandeira "contra a corrupção".
É óbvio que essa “luta” não passa de um cinismo. No capitalismo, um sistema corrupto por excelência, tal bandeira é sempre utilizada por aqueles que querem roubar ainda mais. Não por acaso, ministérios de Bolsonaro serão compostos por corruptos renomados, a exemplo do futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que já confessou ter recebido dinheiro da JBS, provenientes de Caixa 2, e do “superministro” da economia, Paulo Guedes, o guru liberal de Bolsonaro, que é um dos principais agentes dos gigantescos rombos do Instituto de Previdência Privada dos Trabalhadores dos Correios (POSTALIS). Também, durante a campanha, Bolsonaro foi envolvido no escândalo de Caixa 2, referente ao envio de mensagens pelas redes sociais, onde empresas teriam comprando pacotes de disparos em massa, com contratos que chegavam a R$ 12 milhões cada.
A crise do regime político é enorme e a tendência é que esse conflito se intensifique. O fato de já estarem surgindo escândalos de corrupção contra o novo governo, antes mesmo da posse, mostra que há uma série de disputas no interior da própria burguesia. Para a classe operária, a única esperança deve ser depositada na sua própria capacidade de organização. Os trabalhadores só podem contar consigo mesmos para enfrentar os ataques. Nenhuma saída institucional dará respostas aos oprimidos, pelo contrário, serão sempre no sentido de aumentar a investida contra as massas. O chamado aos trabalhadores de unidade na luta é a tarefa do próximo período.
 


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