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Não ao genocídio dos indígenas

No dia 28 de setembro, na cidade Sena Madureira (Acre), o bebê índio Cirleudo Cabral Monteza Manchineri, de um ano de idade, foi assassinado com um tiro na cabeça. O crime é o retrato da situação vivida pelo povo indígena brasileiro. Cirleudo foi “só mais um” dos 110 assassinatos cometidos contra indígenas, desde o ano de 2017, conforme relata o levantamento feito pelo Conselho Indígena Missionário (CIMI). A região norte lidera os homicídios no País, sendo Roraima e Amazonas os estados que mais matam índios, com 33 e 28 ocorrências, respectivamente.

O “motivo” da morte: os pais da criança, da etnia manchineri, saiam da aldeia São Paolino, localizada na boca do Acre, para ir a uma feira na cidade. Após passarem horas na embarcação (uma voadeira), ao chegaram perto do porto (onde iriam atracar), receberam ordens para apagar a lanterna. Como a condição visual era mínima, as orientações não puderam ser cumpridas, foi quando a embarcação foi alveja por tiros de arma de fogo. Um deles atingiu a criança na cabeça, sem qualquer chance de socorro. O bebê chegou morto ao hospital.
 
As autoridades locais, numa tentativa de ocultar o caráter ideológico do crime, afirmou que a morte do bebê teria sido uma “mal-entendido” entre as facções criminosas que controlam o lugar. Um grupo de delinquentes teriam aberto fogo contra a embarcação por achar que se tratava de membros de uma facção rival. Tal versão foi prontamente desmentida pelo Conselho Indígena Missionário, que atribuiu o assassinato do bebê ao ódio contra a população indígena do local. Não por acaso, antes desse crime, o cacique da aldeia onde nasceu o bebê já havia sofrido três tentativas de assassinato apenas neste ano, sendo a última realizada dias antes da execução do bebê.

 

Extermínio de indígenas tem o aval do Estado

 

A execução do bebê indígena de um ano, morto com um tiro na cabeça, não é nenhuma “eventualidade”. Outro exemplo foi a morte do índio Kaingang Antônio Ming, assassinato enquanto fazia compras num armazém, pelo simples fato de ter contrariado os interesses de fazendeiros da região, e a execução da liderança da aldeia Pedreira, Manoel Quintino da Silva Kaxarari, morto por criticar a extração ilegal de madeira indígena
Além dos assassinatos diretos, os índios também estão sendo dizimados por doenças como a malária e a tuberculose, enfermidades que poderiam facilmente ser curadas. Entretanto, o fato de o governo se negar a investir em políticas públicas para promover a saúde indígena tem provocado tais mortes. Nesse sentido, essas mortes são de responsabilidade única e exclusiva do Estado.

O governo de Michel Temer, atuando em favor da bancada ruralista, está acabando com os mínimos direitos indígenas. Prova disto é o sucateamento da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), que desde 2017 vem sendo conduzido por elementos “historicamente anti-indígenas”. Longe de promover a demarcação das terras indígenas, o que seria o objetivo da FUNAI, o que está se vendo é uma perseguição violenta contra essa parcela da população que vive e trabalha no campo. Aos índios, a única coisa que resta é resistir e lutar em defesa dos seus territórios e de suas vidas.
A situação, no entanto, tende a piorar no próximo período. Isso porque a campanha de Bolsonaro foi baseada nos ataques verbais e violências contra os índios. Em suas palavras, ao assumir “índios não terão mais um centímetro de terra”.
Aliado da bancada ruralista, Bolsonaro reafirmou seu compromisso em atacar sem-terra, indígenas e quilombolas. Durante uma entrevista à TV Bandeirantes, no dia 7 de novembro, o representante da extrema-direita afirmou que se depender dele "não haverá mais demarcação de terras indígenas" no Brasil.

Os índios, população tradicional no Brasil, sobreviveram a um verdadeiro genocídio durante o processo de colonização, sendo escravizados e assassinados por mais de 300 anos. Agora, são alvos dos interesses do agronegócio, que para garantir seus lucros estão dispostos a dizimar de vez essa população. Precisamos nos posicionar e lutar, imediatamente, em favor da demarcação das terras e da preservação dos territórios indígenas.

 

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