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É hora de barrar as privatizações

A situação da classe trabalhadora brasileira se agrava a cada dia com o aumento do desemprego, o arrocho salarial e a inflação nos preços de bens e serviços. Através das privatizações, o governo ilegítimo de Michel Temer mostra a que veio: governar para favorecer o grande capital estrangeiro, em detrimento da soberania nacional e do bem-estar do povo.

O projeto privatista de Temer avança em ritmo acelerado. Vários campos do pré-sal já foram leiloados e entregues às mãos de corporações estrangeiras, a Embraer está a um passo de se fundir à Boeing e os leilões da Eletrobras se iniciaram com a venda da Cefisa, no Piauí. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, assim como na década de 1990, está na mira da privatização e seus trabalhadores enfrentam a destruição das condições de trabalho dentro da lógica de sucatear para vender barato. Outros projetos privatistas acontecem através de políticas de entrega de gestões e serviços às mãos da iniciativa privada, como no caso da Saúde e da Educação. A Reforma do Ensino Médio, em conjunto com os cortes realizados na área de educação, tecnologia e ciência colocam na ordem do dia a privatização da educação brasileira.

A saúde também vem sofrendo pesados cortes e o fim do SUS não demora a se tornar realidade.
Privatização, na prática, significa perda da soberania nacional sobre suas riquezas, perda da estabilidade do emprego para os trabalhadores, maior número de empregados terceirizados, em piores condições de trabalho e com salários menores (precarização) e o fim da qualidade nos serviços prestados.


Embraer e Braskem: perda de soberania em áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional


A entrega da Embraer ao controle estrangeiro está diretamente relacionada à questão da segurança nacional. Ao vender o setor comercial da Embraer, que gera escala e rentabilidade, o setor de defesa da Empresa, que traz novas tecnologias, não se sustentará sozinho. Além disso, a Embraer deixaria de existir como empresa global e se transformaria numa subsidiária, o centro de decisões iria para o exterior.
Quanto ao impacto direto nos trabalhadores, é preciso lembrar que a maior fábrica da Embraer, situada em São José dos Campos-SP, emprega 13 mil pessoas, além dos terceirizados em áreas como limpeza e alimentação. Há ainda os funcionários de outras 40 empresas metalúrgicas que prestam serviços para ela. Logo, a operação colocará em risco cerca de 25 mil empregos, uma vez que os novos projetos irão para os Estados Unidos.

A Braskem, um braço petroquímico da Odebrecht, em sociedade com a Petrobras, possui 8000 funcionários e 29 fábricas no Brasil, além de outras 11 pelo mundo. Em junho passado, a Odebrecht anunciou a abertura de negociação para a venda do controle acionário da Braskem à holandesa LyondellBasell. Em nota técnica, o Dieese alertou que essa negociação representa riscos para toda a cadeia petroquímica no Brasil, pois inviabiliza o planejamento estratégico de longo prazo para o setor com a saída da Petrobras."Abrir mão de um setor tão estratégico e dinâmico pode aprofundar a desindustrialização no país, promover o fechamento de empresas e de postos de trabalho” diz o Dieese.

A venda das estatais: crime de lesa-pátria

Em julho, a Companhia de Energia do Piauí (Cepisa), foi comprada pela Equatorial Energia no 1º leilão de privatização de distribuidoras controladas pela Eletrobras. A Equatorial Energia é uma holding que tem entre seus acionistas a norte-americana Blackrock, a Opportunity (de Daniel Dantas) e a Squadra Investimentos. Nos bastidores atua o bilionário Jorge Paulo Lemann, empresário mais rico do país e dono da AmBev.

O Sistema Eletrobras emprega cerca de 24 mil trabalhadores. A privatização do setor pode trazer consequências como a explosão tarifária e prejudicar a segurança energética, pois com os grandes reservatórios do país nas mãos de multinacionais não haverá controle sobre a qualidade da nossa eletricidade, o uso adequado da água e, sobretudo, sobre as constantes ameaças às nossas fronteiras, já que muitos empreendimentos estão na região Amazônica.

A Petrobras já sente o peso da campanha de desmoralização feita para justificar a venda de seus setores mais produtivos. No terceiro trimestre deste ano houve queda de 4% da produção de óleo e gás em relação ao primeiro trimestre. O maior impacto foi na Bacia de Campos, onde os investimentos foram drasticamente reduzidos e campos de petróleo vendidos. Os trabalhadores, por sua vez, continuam sendo impactados com as reduções de despesas administrativas impostas pelos gestores e os efeitos desta política refletem diretamente na falta de investimento em manutenção das unidades operacionais e na redução de efetivos, o que compromete a segurança dos funcionários. Mais de 30% dos trabalhadores saíram da Petrobras, sem reposição destas vagas.
Porém, o desmonte da estatal só afeta negativamente o povo brasileiro e os trabalhadores, pois os gestores golpistas continuam favorecendo os acionistas privados e o sistema financeiro, com repasses bilionários. Só nos primeiros seis meses do ano, a Empresa já distribuiu R$ 1,3 bilhões em dividendos, além de ter despejado R$ 92 bilhões no sistema financeiro em pagamento de juros e amortizações da dívida, para alegria dos banqueiros.

Os Correios é a bola da vez. Trata-se da maior estatal brasileira em número de trabalhadores, com mais de 105 mil funcionários que estão estrategicamente presentes em todos os municípios do País. O governo tem feito uma operação criminosa de sucateamento da Empresa com o objetivo de favorecer a iniciativa privada, principalmente empresas como a DHL, UPS, FEDEX, TNT etc., que visam apenas o lucro. A política de propagandear falsos prejuízos, por exemplo, é uma ação arquitetada pela direção da estatal visando manipular a opinião pública e justificar sua privatização.

A luta contra as privatizações

Os ativos brasileiros estão sendo entregues à oligarquia financeira internacional e o Brasil vai se afirmando em posição secundária na divisão internacional do trabalho. Só a união dos trabalhadores, principalmente das categorias que estão sob ataque, poderá barrar a investida contra a população trabalhadora e a soberania nacional. O apoio popular à luta dos caminhoneiros e petroleiros evidenciou a grande insatisfação com os aumentos abusivos de preços dos combustíveis e do gás de cozinha e colocou a questão da privatização da Petrobras no centro das atenções.

Os trabalhadores dos Correios, bancários, petroleiros e todos que têm data base neste segundo semestre precisam ter a compreensão de que a luta isolada será derrotada. É preciso, também, fortalecer o debate sobre o rompimento com a política de data-base, que é um sistema de controle dos movimentos dos trabalhadores pelos órgãos do Estado, cujo principal objetivo é dividir e enfraquecer as lutas da classe trabalhadora, obrigando cada categoria a realizar lutas isoladas.

Para o dia 10 de agosto, as Centrais sindicais convocaram o “Dia do Basta”. Porém, as direções sindicais burocratizadas estão voltadas apenas para as eleições e abandonaram o trabalho nas bases. É hora de preparar a luta de verdade, em greve, nas ruas.

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